quinta-feira, 14 de maio de 2009

Bajofondo - A Contraprova

por Renato "HELL" Albasini

Já comentei sobre o disco, a tendência, mas agora senti na carne o poderio dessa massa sonora que vem daqui do Rio da Plata, chamado por eles, do Som de La Plata. Com a formação de Gustavo Santaolalla ( vencedor de dois Oscar de melhor trilha sonora original, dentre elas está o do filme de Walter Salles, Diários de Motocicleta): guitarra, percussão, compositor, produtor, Juan Campodonico: compositor, produtor, programação, Dj, Luciano Supervielle: piano, compositor, scratches, programação, Dj, Martín Ferres: bandoneón, Javier Casalla: violino, Gabriel Casacuberta: contrabaixo,e, Verónica Loza: vozes, Vj assombraram o domingo das mães no Teatro do Bourbon Country no respectivo dia 10 de maio de 2009. Na mistura de tango, milongas, hip hop, rap, fubk, rock, groove e uma vibração contagiante, eles fizeram todos sacudirem, pularem no teatro. Ao olhar para os lados vai-se casais jovens, vinte e poucos anos, meninas modernas, mulheres solteiras balzaquianas, casais de senhores com seus 60 anos para cima sentados nos camarotes. As galerias e a pista fervilhava com facilidades no movimento de imagnes reproduzidas e da sonoridade limpa que banhava a todos. Com a presença eventual do roadie da banda que agitava o público, rappeava, dançava no meio da multidão, saltitava, encerrou-se o show com o convite do grupo para o pessoal da frente dopalco subir e interagir a música final...Todos dançando, carrinhos de supermercados corriam pelo palco como uma festa de adolescentes, o grupo se mostrou radiante. Como contraprova do que ouvira no cd, me ajoelho e saúdo-os.

domingo, 3 de maio de 2009

SOUNES O ICONOCLASTA (texto de TOMMY WINE BEER e arte de TIAGO BIRD CASTRO)



“Eu? Tenho 30 anos.
A cidade está quatro ou cinco vezes maior
Mas tão acabada quanto
e as garotas ainda cospem quando
passo, outra guerra se cria por outra
razão, e não consigo emprego agora
pela mesma razão de outrora:
não sei fazer nada, não consigo fazer
nada.”
(CHARLES BUKOWSKI)

Quantas vezes precisará um homem olhar para cima
Até poder ver o céu
Sim e quantos ouvidos precisará um homem ter
Até que ele possa ouvir o povo chorar
Sim e quantas mortes custará até que ele saiba
Que gente demais já morreu
a resposta meu amigo está soprando no vento
(BOB DYLAN)



Charles Bukowski foi o poeta & prosador mais rock and roll que se tem notícia. Um crítico sarcástico do sonho americano. O lutador da máquina da escrever. Autor de incríveis histórias sujas onde o anti-herói Henry Chinaski, seu alter-ego, tenta sobreviver em empregos maquinais e entorpecentes. Atormentado pela sombra de um pai autoritário e violento e por sua fealdade produto de uma rara espécie de acne. O único lenitivo de sua vida eram o trago e as mulheres. O primeiro em muito maior dosagem. No romance que descreve sua infância, Misto Quente, ao tomar seu primeiro porre de vinho, afirma descobrir uma coisa melhor que punheta.
Bob Dylan: o poeta do (folk-)rock. Com suas canções de 10, 11 minutos. Canções dotadas de um lirismo profundo, contando histórias surreais e dramáticas revolucionou a música popular. Ou como li em algum lugar: o cara que deu um cérebro ao rock. E tem uma frase que o álcool não vai me deixar lembrar agora, mas a ideia é a seguinte: Numa sala onde conversam Jagger, Lennon e Mc Cartney todos calam com a entrada de Dylan (O Hell, por certo, virá ao meu socorro e trará a sentença ipsis literis).
Perdi Deus muito cedo, desde quando comecei a entender as discussões filosófico-religiosas entre meu pai e minha . Alguns anos atrás perdi a esperança no PT. Já era o bastante! Ainda não. Minha senil juventude ainda sofreria um outro forte baque: As biografias de Bob Dylan e Charles Bukowski escritas pelo jornalista inglês Howard Sounes. Sounes Mostra seus podres! Cada palavra que lia era como uma marreta destruindo as imagens de marfim de meus heróis!
O jovem Dylan é um mentiroso contumaz, ladrão de discos, copiador de melodias (esse aspecto pode ser justificado pela chamada “tradição folk”), ganancioso e aproveitador que usa e depois descarta Joan Baez. Além de não cheirar muito bem; e o velho Bukowski não era tão durão assim. Soundes relata ocasiões em que Hank rasteja como um reles bobo e mortal por uma mulher que destruiu seu coração. Igualzinho a mim, ou ao Garça, meu primo! Ou fazendo confusões intencionalmente pra descolar matéria-prima pra histórias.
Buenas, afora esses aspectos pessoais, as obras desses artistas geniais permanecem intactas e vivas. Quem ainda não leu e estiver interessado a editora que lançou as biografias no Brasil é a Conrad, só restando por dever de urbanidade, desejar a todos boas leituras e deleitosas audições!