sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"A HORA DO DEMÔNIO" por SANNIO


Sentado,com todos os dentes escancarados, no centro de paredes brancas. Fingindo não ver o aviso. Fingindo não ler "o proibido". Fingindo e sendo percebido. Da falsidade,arma que impunha com a mão esquerda. A língua que tomba em várias estâncias.

Tudo nele é transitório...Tudo é transitório! E no fim da noite,ele pode fingir de novo,um outro sonho.

"ÍSIS" por SANNIO

O arco de Ísis
tem três amores
De sete cores
em suas curvas
A nuca nua
de um céu sem chuva
Lembranças minhas
a fez sorrir!

domingo, 28 de novembro de 2010

O CAMINHO DO ARCO-ÍRIS (Sannio, Screeth & Tommy Wine Beer)

Foi no Rossi. A ideia partiu do mais novo colunista do blog: Screeth. A Preta (sortuda) já havia achado um saco de folhas de ofício na José do Patrocínio. Cada um escrevia um período ou meio. Uma suruba literária no mais puro improviso etílico! (O respectivo autor de cada sentença está com seu nome registrado entre parênteses) Sorvam-na como se fosse o último copo de Kaiser quente.

"A cerveja doira sem Literatura"
Tommy Wine Beer.


Era uma vez (Screeth) um veado chinês (Tommy), e isso nunca o impediu de ser um poliglota (Sannio). Pois nascera sob sol em peixes (Screeth) e dava aula de mandarim na Universidade da Restinga.(Tommy)
Ele não tinha dó das partes íntimas (Sannio), e foi assim que conheceu aquele menino de 3 bolas (Screeth): convidou-o para jogar seis-Marias e fumar maconha (Tommy).E viu nele um amor do passado passageiro... (Sannio) só que não podiam viver juntos pq. este antigo amor (Screeth) na verdade era seu ½ irmão estadunidense chamado Bambi (Tommy).

Um estereótipo típico dos devaneios masturbatórios (Sannio) motivou-o a tentar o suicídio (Screeth)com discos do Fresno e uma bolsa DG recheada de piticos (Tommy).
E seria esse o início de um novo fim (Sannio), não tivesse a flatulência lhe acometido antes da morte (Screeth), eis que teve um puta insight: engarrafar flatos, produzindo metano para utilização em termelétricas (Tommy). O espírito feito gás, a vida em uma virilha suja (Sannio), faz a gente pensar...(Screeth)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Silêncio Que Antecede A Dúvida (Sannio)


Vermelha.
Vermelha. Nem é nome de cor.
Vermelho, talvez fosse o correto. Talvez ...
Vermelho são as cores das rosas.
Rosas com “s”. Não com “z”, como a Roza do filme do Furtado.
Que eu assisti sentado.
E prostrado também, sobre as minhas próprias incoerências.
Acho que a minha amiga gosta do silêncio.
Eu não gosto!
Tenho outra amiga também.
Bem, eu acho que ela é minha amiga.
Eu não gosto que ela seja só a minha amiga.
Mas gosto menos do silêncio.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Área Verde (Pico)

Quando as estrelas Começarem a Cair (Sannio)‏

E fiquei ali. Olhando ela pular.

Hipnotizado pela ninfa. E sibilando ao seu redor.

Por um instante sábio. E também tão cansado da vida.

Como se me pesassem os anos nos bolsos das calças.

Tão apreensivo e pesaroso de seus próximos movimentos.

No âmago das sensibilidades. Tolo de novo.

Me exonero da culpa.

Porque a culpa é a dor da aventura que nunca ousei.

Eu fiz!

E se no futuro eu for julgado pela minha falta de bom senso.

Pedirei a forca.

Que se liberte o meu espírito.

Pois só hei de calçar os pés sobre o meu próprio caminho.

sábado, 13 de novembro de 2010

Um conto hermânico (Sannio)



Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor”
(Los Hermanos)

O vento vira as páginas dos cadernos jogados ao chão sobre as roupas coloridas. Sobre as cores e os xadrezes.

A fumaça do incenso faz a curva na janela semi-aberta do quarto. A cama geme gentilmente. Fazendo esforço pra calar-se.


Um dos braços bate no cinzeiro cheio. Derrubando as cinzas, as bitucas de cigarros. Os restos de papéis amarelados. As bitucas...

Dois corpos curiosos se esfregando, friccionando, sentindo: o rosto da jovem roçando na barba do jovem mancebo. Os pêlos "guevarianos" do "filho tropicaliano" formando ondas nos montes, nas planícies, na relva...
E o rádio, cúmplice da libertinagem bagaceira, sussurrando "Los Hermanos" sem parar.



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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Feira de Obras (Nórton)


Quem quer tijolo, compensado, cimento? Bem barato... Vem aqui.



A 56° Feira de Porto Alegre não será de livros. Em meio a tijolos, compensados, restos de cimentos, barro e uma, pasme, passarela de tapume será a 56º Feira de obras!



Cúmplices que tramaram antes mesmo da inclusão de Porto Alegre como uma das sedes do mundial, Fogaça e Fortunati arquitetaram um plano que começou a ir por água abaixo.



O Fogaça achou que ia engatar o Estado, assim como engatou dois mandatos na cidade, deixando a maioria das obras para anos de eleições e angariando votos à força. Deu-se mal, perdeu logo de cara, tufe, levou uma rasteira. Seu amigo de figurinha lhe deu uma força, noticiou deveras obras em P. Alegre, projetos colossais. Porém tais projetos para a Copa de 2014 subiram tanto à cabeça do ex-secretário da SECOPA e, agora, atual Prefeito, que esse se esqueceu das tradições da nossa cidade, vergonhoso.



As obras de rejuvenescimento da nossa Praça da Alfândega não ficaram concluídas, como muitas das obras que são apenas mascaras, quando vemos de perto não passam de vazios monetários. Ficando com tapumes em seu entorno durantes os meses que precederam as eleições e agora extirpados à força mostraram uma Praça, mostraram um... em meio a isso, àquilo, ao resto, escombros... canteiro de obras.



Essa será a nossa Feira do Livro este ano.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Recado ao Descaso, por Renato HELL Albasini


O descaso total e absurdo de ações e atos esmorecidos por suas vidas. Sempre com motivos de atrasos. Sempre os motivos. Ou a doença de um ente querido ( ou nem tanto ), uma noitada regada a todos os excessos desnecessários até o amanhecer, a menstruação que castiga e derrota o corpo, o romance que não é deixado de lado, a cama ainda com seus braços agarrando de volta às vezes com um outro corpo devorando-o, cólicas que somatizam toda a sua vida, o medo de colocar os pés no chão nem tão frio, a vontade de jogar tudo pra cima, mas como fosse um escarro ele vai descer e cair bem no seu rosto.


O descaso total e absurdo de omissões na falta de atitudes por suas vidas. Nunca com motivos suficientes. Nunca os motivos. Ou ficar em casa com roupa de baixo olhando a televisão como um guia espiritual, ir com o jornal debaixo do braço ao banheiro folheando a vida que o cerca sem se aproximar, brincar no twitter com sua vida que ninguém ao grosso modo se interessa, buscar sexo, apenas sexo com pessoas que você sabe que sentem algo por você e no final sentir o vazio tanto sexual quanto emocional ocupar o momento, entrar em joguinhos sem razão a partir do playstation e vangloriar-se das vitórias nas costas dos outros e olhar-se nos olhos de quem você ama se apagando.


Duas faces da mesma moeda. Esfregue-a no chão. Encandecente. Coloque na pele, se quiser. Sinta. Coloque na água corrente, observe. Apenas faça algo. Não fique parado numa pagina na internet.....

domingo, 10 de outubro de 2010

MISTER HYDE (SANNIO)



Arte Gráfica de Tommy Wine Beer

Tomado pela revolta dos sutiãs incendiados. Tomado de desejo, ira, soberba e de três rabos de galo e duas cervejas... Ele surgiu! Seus olhos eram vermelhos, como o primeiro dia de menstruação de uma libélula gótica. E de sua boca saiam abominações odiosas, que destoavam completamente de seus cigarros mentolados. Veio sem prevenções e tomou tudo o que eu tinha. Ainda hoje posso ouvi-lo. Urrando por sua libertação. Para que sua indomável sede de corpos e álcool venha assumir de novo o meu caráter (ou o pouco que resta dele).

Maldito é o que sois! Nefasto são os teus caminhos e maquiavélicas as tuas ambições. Sim... Sou um pobre homem! Atormentado pelo fantasma que assombra o meu reflexo. Longe dele detenho posses que não possuem ao materialismo. Mas em sua companhia. Meu único pertence é a esperança de ainda ter me restado algo, no dia que sucede sua desgostosa visita.

Rogo para que não venham a topar com tal sinistra figura. Pois podem perder bem mais do que o tempo que lhes restam.

VERDADES SOBRE GUIÑAZU (PICO)


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

MUDANDO O HUMOR, por Renato HELL Albasini


Nas idéias hilárias que a vida teima em contar em nossas histórias através de piadas com gostos duvidosos, vivemos dia a dia...
E como fôssemos apenas frases, nos perdemos em nossos atos, sejam eles perversos, patéticos ou apenas atos impensados nas dialéticas menos inteligíveis resumimos a nossa essência no preâmbulo de nossas convicções cá entre nós, tanto duvidosas, e nelas nos afogamos no que chamamos de amor seja lá o que for isso!
O susto maior não é o espanto que lhe causa estranheza, mas no estranho momento entre a lucidez e a vontade de abrir as portas do seu inferno...Sim, você tem um inferno particular.
Aplausos cálidos vindos das entranhas do corpo alheio.
Que sem dizer uma palavra permite um caminho para perambular a esmo. Findo aqui...Inicie, então.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Saudade (Sannio)

Imagem - Transcriação de Tommy Wine Beer sobre desenho de Sannio.




Mergulho. Deixo a laguna me envolver. De olhos bem fechados perco-me.
Assisto a tevê. A campainha toca. Minha vó vai entender. Ela me pergunta se eu sei quem é o homem que se chega para perto de mim. Eu sei.
Ouço uma risada entre as ondulações d’agua. Uma sinfonia um pouco estridente. Mas tão familiar e harmônica.
Ela segura minha camisa xadrez pelas mangas. E me faz girar, girar, girar... Seus cabelos são da cor do sol, seus olhos do azul do céu. E seus lábios têm a cor das rosas. Ela me solta. Eu afundo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

(quase) 2 ANOS DO BLOG! (Tommy Wine Beer)


Daqui a 40 dias o L.O.U.C.A alcançara seu SEGUNDO ANO! Pra dois anos até que somos bem precoces. Pouco nos cagamos em nossas próprias calças. E já possuímos um vocabulário bem vasto se comparado com muito CARA de DOIS anos que só falam “gu-gu-dá-dá”!
Como subcomandante desta guerrilha começo a BOLAR algumas ideias pros FESTEJOS:
0. A seleção e publicação de textos antigos numa ordem cronológica;
1. Um tosco zine (papel!) que na falta de um voluntário mais apto eu mesmo EDITAREI;
2. A (re) contratação de velhos e novos colunistas (veja como não temos ESCRÚPULOS de trazer de volta DESERTORES SÓRDIDOS) como o premiado 'desenhador' Pico. E ainda estamos na mesa de negociações com outros articulistas. Sim, pq. sinto uma certa BROCHURA no blog então é hora de MATÁ-LO CRUELMENTE como um ANIMAL DE CARGA que já não tem forças pra trabalhar OU revitalizá-lo;
3. A criação de uma mesa ETÍLICA itinerante MENSAL de bate-papo entre os colunistas e convidados. A ideia é registrar em áudio e vídeo e postar no blog;
4. Também MATUTO um utópico programa de rádio.
É isso!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pêlos Pubianos. Somente Leitura. por Renato HELL Albasini


Os pêlos pubianos são um tabu na nossa sociedade, principalmente, nós brasileiros. A musa do electro punk Peaches ( tradução: pêssegos, que também é gíria para safada ), se apresentou com seus pêlos em excesso saindo calcinha afora. Sua barba extrapola a famosa "mata atlântica" da atriz Cláudia Ohana nas suas fotos nuas em pleno anos 80. Na boa, o homem não curte muito essa história de mulher "pentelhuda", com cabelos debaixo do braço, pêlos crescendo como perna de zagueiro de várzea. Pára tudo. Parem todas. Para muitos é um fetiche sentir os pêlos das mulheres, há uma centena de sites sobre o tema com fotos ilustrativas. Mas faça uma pesquisa rapidinha com o seu namorado, marido. Uma aparadinha é uma loucura!
Conheci na Espanha, em Barcelona quando fui bartender lá numa vila onde existem uma centena de cafés, botecos em que as pessoas entram em todos os estabelecimentos, bebem, dão risadas e pagam só lá no último lugar a conta toda que é dividida com todos os lugares - todos pagam -, uma espanhola linda que não gostava de se depilar. Uma mulher morena de olhos suavemente esverdeados. Falei, mostrei e fiz ela entender que para meu gosto era bem melhor sem os fiapos, diminuiria o suor, os possíveis odores, até evitaria a possibilidade da proliferação de fungos, micoses. Ela disparou para experiência. Aliás todas as espanholas, principalmente de Barcelona são loucas! Completamente (e fascinadamente) loucas! Ela surgiu nua na minha frente completamente lisa. Sua tez morena clara me deixou embasbacado, mas seu exagero foi total. Não havia um pêlo sequer. Ainda hoje, isso já faz uns bons e gostosos três anos, ela me escreve, às vezes me telefona e diz que todos os homens que conhecera também preferem o desbastamento. Minha bandeira foi colocada em território estrangeiro. O mastro em completo hirto.
Na Itália, é comum ver as mulheres com as axilas protuberantes de pêlos nas ruas. O incrível que nas festas, na noite, elas estão depiladas. Algumas poucas ainda não, mas as que estavam eu perguntava o porquê. A resposta quase sempre era por conforto, estética, que gostavam e adoravam ver os homens enlouquecer no meio de suas pernas. As outras gostavam de como estavam, que lambessem até os seus pêlos debaixo do braço. Deveras estranho, confesso. As mulheres têm esse direito. É costume europeu as mulheres não se depilarem ou eventualmente. Dizem que se trata para melhor aquecer ou facilitar o armazenamento de calor. As francesas, as de Paris pelo menos, são as que nunca permitem-se depilar mais do que duas vezes por mês com "gilete". Uma vez com cera. Ou por mais tempo. As brasileiras, na sua maioria, têm esse cuidado até estético para consigo. Veja quanto custa as depilações por aí, sempre cheias. É sabido, pelo menos está nos anúncios dos classificados, de depilação para travestis. Depilação tanto do sexo frontal (!) quanto anal. Hã?! Isso mesmo, assim como depilação artística para mulheres, depilação com símbolos, dragões, pombas, alvo, brasões dos times de futebol ( gooool! ). Para algumas mulheres, deve-se ao fato de independência poder mostrar-se do jeito que quiserem, com pêlos, barba por fazer ou como for. Isso não tira a beleza da mulher, de maneira nenhuma. As mulheres no verão clareiam os pelinhos da perna, sem exagero é extremamente lindo e muito sensual. Veja por esse lado, as fotografias de mulheres nuas, malhadíssimas nas revistas. Todas de fio dental (oba!) a maioria com a marquinha provocada pelo Sol ou pelo câncer artificializado das câmaras de bronzeamento e os pêlos douradinhos. Na Europa não tem disso. As marcas são grandes...Em compensação, todos os seios são bronzeados. Se pêlos vão interferir na sua escolha, então vá dar uns beijos no barbeiro da esquina. Ou compre um gato. Assim como algumas mulheres evitam os calvos, não os querem, não se atraem por eles, outras nem dão bola para isso. Trata-se de preferência. A mulher pode e deve ter o direito de ficar com os pêlos à mostra, de deixar sair para o lado, de aumentar o volume, de ter liberdade, já nós, homens, assim o fazemos. Pois é...
Mas porque nunca fala-se nos pêlos pubianos dos homens? As mulheres também não gostam de ter todo aquele emaranhado de cabelos enfiados no meio das suas pernas ou enchendo sua boca causando um engasgamento. Uma aparada masculina também o é necessária para o convívio saudável e liberação do trajeto. Como fazer? Cada um que organize-se. Quer tirar tudo?! Bom proveito. Quer dar uma tesourada? Cuidado, mas o faça. No resumo da ópera tudo facilita a grande finalidade, uma bela e melhor trepada. Não se fala de amor e nem prova disso ou daquilo e sim se mostrar apto para a ação. Como sabido dar não quer dizer amar. Você pode amar sem dar; mas se der, dê com amor para consigo e com a outra pessoa. Seja com pentelhos ou suavemente rente ao prazer no velho continente ou abaixo da linha do Equador.
Série - Hellraiser in the House

domingo, 19 de setembro de 2010

Política É O Mesmo Que Foder Cu De Gato (Tommy Wine Beer)


Estes dias pensava eu, claro, de copinho na mão: as pesquisas mentem. O Brasil não tem somente 1/5 de REACIONÁRIOS RIDÍCULOS (eleitores do Serra).

E também, igualmente, não tem um pouco mais da metade de CONSERVADORES CANASTRÕES E BREGAS (eleitores de Dilma).

Aqui no sul, elas também são inverídicas. Somando Yeda + Fogaça dá só uns 2/5 da população! Porra, o Rio Grande do Sul têm muito mais babacas que isso!

E burocratas em? Só outros 2/5? (Falo não só de burocratas do ponto de vista funcional, falo de “burocratas do pensamento” também, eleitores de Tarso.) Também são muito mais do que apontam as pesquisas.

E o Brasil é isso aí: um embate entre reacionários e conservadores. A nova luta de classes!

São Paulo é o modelo de progresso que se sonha para o Brasil: o paradoxo da riqueza econômica e da pobreza extrema de espírito. Sim, pq. um lugar de hegemonia absoluta dos TUCANOS só pode ser uma fértil vagina de anencéfalos! Some-se o trânsito, a poluição e a violência.

Parodiando o IRA!, eu digo “Pobres Nordestinos”! A única coisa que salva sp são os NORDESTINOS.

Pra viver em sp, só sendo ANTES DE TUDO um forte!

Só existe uma coisa pior que sp no Brasil: o rgs! Nós IMPORTAMOS uma TUCANA PAULISTA e, AINDA POR CIMA, ex-rbs!

Mais uma prova ROBUSTA de nossa superioridade intelectual!

Outra: governadora, a senhora adquiriu almofadas com dinheiro público? E ela responde em seu twitter: ah, almofadas? NÃO, Puf(f)!

Essa oposição, essa imprensa e esse MP estão cansando a governadora.

É engraçado. Nos jogos de futebol têm uma leizinha bobinha que obriga a execução do hino nacional. E os gaúchos cantam o hino rio-grandense. E os brasileiros ficam putos. Começa o “gaúcho veado!”. Se eu frequentasse jogos de futebol gritaria um Replicantes: “NACIONALISMO e direitismo são as armas dos burgueses...!”

E a cara da nova política em poa senhores? É a velha cara de pau: comunista de boutique roubando a MAIS VALIA dos pobres. (Me refiro à militância de aluguel espraiada por poa do PC do B local.)

É, houve um tempo em que os militantes da esquerda – PT, PC do B... – ridicularizavam e escarneciam a militância da direita remunerada. A chamada prostituição política, dos ideais, era assim que a gurizada de esquerda chamava isso.

Li um santinho da Manuela inclusive. O lance dela é só assistencialismo juvenil! Esta é a cidade politizada, esquerdista e rebelde. Onde o escritor-jornalista auto-intitulado MALDITO trabalha pro jornaleco da igreja universal (uma espécie de resumão da zh), e desce o cacete em todo mundo, exceto, nos bispos corruptos, seus patrões.

Sampa tem o Tiririca como candidato. O palhaço non sense que diz não saber porra alguma sobre política. Aqui em poa os “tiriricas” são os eleitores!

Charles Bukowski uma vez escreveu: política é o mesmo que foder cu de gato.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sem título e Todas as Intenções, por Renato HELL Albasini


O calor abafado do quarto fechado numa noite fria.

Na rua a iluminação dos postes de luz ao longo da avenida.

No céu a escuridão encoberta por um véu sereno e gelado caindo sobre todos.

Naquele quarto o calor imperava.

A respiração era pesada. Ofegante. Sem parar.

Entre a porta está aberta!

Sinta-se à vontade...

Estique as pernas, deite a cabeça, atire-se no sofá...

Você está assumindo o risco.

"A FIGUEIRA" (Sannio)

Dizem que os garotos estão perdidos
Eu tenho um verso
E um amigo
Acho que está tudo bem
Quando estou fora do meu umbigo
Uma sombra pra descansar
E um cigarro de rolo
Enrolar e enfumaçar
E faz tanto tempo
Que os cabelos daquele menino seco
Até já tem outra cor
E os amores do colégio
Casaram e tiveram filhos
Não exatamente nessa ordem
E não importa
O tempo do verbo
Eu não sei tocar direito mesmo
Eu só quero ouvir
A última música da “Bernardete”
E expulsar os mendigos do mocó

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TRÊS TEMPOS (Sannio)


1998.
Arrumo as malas, repletas de angústias.

2000.
Ajeito as mochilas, cheias de esperanças.

2006.
Encho as bagagens encharcadas de mágoas.

1998.
Minha vó não quer que eu vá.
E essa acaba se tornando uma das recordações mais saudosas da minha vida.

2000.
Meu pai me espera na rodoviária.
Dou um beijo de despedida na primeira baiana que conquisto antes de descer do ônibus.
Ela vai de encontro aos familiares.
E eu, enfim, entro em rota de colisão com um cara que mal conheço.

2006.
Abro o roupeiro e guardo as cartas que “ela” me escrevia. E junto delas, o amor que eu tinha.

1998.
À noite, espio pela janela do quarto, algumas pessoas fumando crack.
Esquecendo, mesmo em comunhão, de serem humanas.
Sinto falta de casa. Caxias faz frio.

2000.
Meu pai tem uma família.
Eu, um quarto.
E no quintal tem um pé de jambo e um coqueiro pra trepar.

2006.
Porto Alegre ganha mais uma chance comigo; eu também gostaria de ter isso.







segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"O DYLANESCO ASPECTO DA CIDADE BAIXA" (Sannio)


Dedicado ao "velho buk" e a outros velhos poetas geniais. Tão sóbrios em suas próprias bebedeiras.



Apareço na Cidade Baixa
e desapareço com a mesma freqüência
(não que alguém note).


Estou entre os escombros de vicitudes
das balzaquianas mal comidas.


Sou o bêbado deitado na calçada imunda;
e o dono do bar a lavar o seu vômito.


Sou o transpirar de um fora saído do forno.
Das coxas. Do rabo frio, que já fora quente.


Sou o vendedor de amendoins,
vendendo Viagra popular,
pra quem cheirou demais.


Sou o banheiro com a tranca quebrada.
A lua na madrugada. A ressaca na sacada.
O beijo na mulher casada.
O rock de protesto.
A menstruação (que eu detesto).


Sou o pudico e o reto.
O pau e o cu do mundo.
Eu sou um santo e um vagabundo.

Sou a Cidade Baixa,
por mais baixa que ela possa parecer.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Ordem (Sannio)


Não pretendo estender o sofrimento de quem "me gosta".
Mas a negativa muitas vezes é a arma do covarde (será?).
O problema do convívio íntimo é o próprio convívio íntimo.
Como as pessoas se toleram tanto?
Aff...Todo mundo é cansativo depois de três dias seguidos de convivência.
Dêem um tempo. Me de um tempo. Se de um tempo. Olhe para os lados, há um mundo de novas oportunidades. Não me importo (olha a negativa de novo) se você tem um novo amigo. Não me interessa se você não me ama. Não me peça flores, não queira um filho meu. Respeite meu espaço.Tira a mão daí...
E se você realmente me conhecesse saberia que alguém mexeu comigo!
Novidade: esse alguém não é você!

sábado, 21 de agosto de 2010

INTERminável....Por Renato HELL Albasini






É, caímos no lugar comum e de comum somos todos, mas fazer o que?!




Sim, tenho 38 anos e vi meu time ser campeão no final dos 70, quando era moleque, guri mas fardado pulando sobre o cimento gelado à beira do rio no gigante estádio, BEira-Rio. Sim, no começo dos 80 tive a tristeza se manisfestada com o surgimento daqueles que nunca foram nada além de adversários.




Eles cresceram. Eu também. Mantiveram os anos em voga, tomaram corpo, tiveram a nova geração nas mãos que queria - como todos querem - torcer para o campeão, aquele que chega lá...Pois é...Eu vi isso.




Vi também caírem como soldados de plásticos sucumbindo más administrações, fanfarrões como dirigentes e jogadores sendo fanfarices e vedetes, e com maestria retornando da segunda divisão do futebol brasileiro por métodos escusos, estranhos, confusos, inexplicáveis. Inesquecíveis, diriam. E depois ergueram taças e foram vencendo novamente. Eu vi isso.




A luta do meu time entre tropeços e trancos vencer um titulo nacional no início de uma nova década. E eles ainda se mantinham no ápice. Porém, caíram de novo.




E de jogadores vedetes tiveram vedetes como jogadores. E numa burta e insana jornada sem nexo ou espotividade vieram à tona. Mas secou o pote de milagres.




E quase que em silêncio no horizonte ao lado se agigantava aquele que antes gigante adormecido vinha com raiva e vontade. Enfrentou a descrença da imprensa, o incrédulos adversários, os secadores de plantão, os torcedores machucados, a AMÉRICA. Como se ainda não bastava derrubaram os maiores para ser ainda maior e dominador o MUNDO. Igual, diriam.




Mas o tempo fez bem. Se aprende com erros. E o Gigante desde então, sem ter que esperar 15 anos para ter mais um título da América, vence todo ano, praticamente desde 2006, um título INTERNACIONAL.




E mesmo que não admirado pelo rival, este cai de joelhos, frustrado porque viu diante de todos, de toda a sua geração e futuras que a AMÉRICA de novo se rende ao COLORADO.


Sim, eu vi tudo isso tenho 38 anos. Muitos eram moleques, guris na última conquista de porte do rival.


E você, viu e reviu e se lembra de cada momento. Deste momento principalmente. 2006-2010. Qual filme foste ver na quarta-feira dia 18/08/2010?!




Calma, o ano ainda não acabou. Tem o BRASILEIRO, o MUNDIAL...E o ano que vêm?! Tem a Arena para ser construída...Que aliás, quando vai ser mesmo?




PAPAI É O MAIOR, PAPAI É QUE É O TAL, QUE COISA LOUCA, QUE COISA RARA, PAPAI NÃO RESPEITA NADA...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O Estranho Fenômeno da Gremionização do Colorado (Tommy Wine Beer)


Os pensadores de botecos e outras instituições menos respeitadas como universidades e televisões são unânimes na tese da DUALIDADE GAÚCHA: Chimangos & Maragatos, petistas e anti-petistas etc... agora parece surgir um novo ramo desta rivalidade em nosso pago: o futebol. Nossos rivais eram do centro do país ou da Europa. Agora temos um rival local. O Internacional.

Certo que seus títulos não têm o mesmo sabor dos nossos. Mesmo os mais medíocres como o da SEGUNDA DIVISÃO. Quantos vencemos é suando sangue, urina e fezes. Eles não! Até pq. eles são brasileiros e não gauchos ou gauches (sem acento mesmo) como nós. Eles são BRASILEIROS! Jogam “futebol arte”. Coisa de veado, como já afirmou o importante e imparcial historiador Eduardo Bueno.

Esses charlatões se proclamam “campeões de tudo”. Pura conversa fiada! Série B eles NÃO tem; e o que é pior, Taça Toyota Intercontinental eles nunca terão! Nem a Tóquio eles irão! Vão pros Emirados Árabes. Ora, um torneio de futebol no Islã não deveria valer nada. Eu como defensor dos direitos humanos NÃO reconhecerei o campeão do mundo enquanto este certame for jogado nessas nações fundamentalistas e machistas.

Rechaço outra tese: a de que o futebol é o ópio do povo! O Futebol pode ser o ópio dos dirigentes de clubes e entidades e dos jogadores ricos; agora do povo não é! No máximo é o PLACEBO do povo! Pra que tanta alegria é ano de eleição pessoal lembrem!

É, trata-se de um tempo muito estranho mesmo: ora, o Inter Bi campeão da América e Campeão do Mundo!? E o Grêmio nessa merda! Estranho fenômeno da Gremionização do Inter; e por outro lado, da coloradização do tricolor. Durma-se com essas vuvuzelas martirizando nossas almas dilaceradas.

domingo, 15 de agosto de 2010

QUASE, por Renato HELL Albasini


Quase. Muito, mas quase. Ela estava ali na frente poucos metros, menos que isso e mesmo assim longe. Quase. Quase cheguei perto. Quase esbocei um som que não soasse como um suspiro. Quase a tive ali ao alcance de um polegar que circula o mundo através do globo de plástico exposto na mesa de reuniões.


Quase. Pouco, mas quase. Ela ficou tanto tempo que se passaram três horas para os reais cinco minutos fossem sentidos. Quase. Quase permancei longe. E mesmo assim era tão perto, tão fácil o acesso. Ela maneava os cabelos. Ondas revoltas. Emoções à flor da pele.


Quase. Muito pouco. Porém quase. A tive por instantes. Por horas. Quase. E ela ainda forçou o destino olhando para mim e sorrindo. Quase. Ela dormiu na sua cama abraçada por esperanças e travesseiros. E eu quase pude sentir o seu perfume, enquanto ela sorria em sono profundo.
Quase a tive. Quase dentro dela. E ela, apenas em seu desejo...Quase.


sábado, 14 de agosto de 2010

"Love In The Afternoon" (Sannio)


Antes das grandes descobertas. Das infinitas bebedeiras. E das mentiras inocentes. Já perdendo a inocência... Houve um tempo em que eu era relativamente feliz.
Feliz com as pequenas descobertas. Que hoje, me são tão grandes.
Tinha mudado a pouco de colégio.
E vários dos rostos pré-adolescentes conhecidos, também, migraram comigo.
Mas havia também novos rostos.
Centenas de vulcões hormonais desconhecidos.
Novos, frescos (no bom sentido), esperançosos e sonhadores.
Centenas. Talvez milhares!
E eu era só aquele cara que sentava no fundo da sala. Rabiscando sob as classes.
O estereótipo do menino introspectivo.
Que em um belo dia de sol decide atirar em metade da turma.
Mas esse texto, não é sobre mim (pasmem).
Pouco a pouco, meu senso de humor ácido e debochado vinha me soltando para o convívio social “civilizado” (nem tanto).
(Alguém quer lembrar a esse cara, que esse texto não é sobre ele?!)
Mas mesmo eu sendo uma das últimas opções em uma “reunião dançante” (o quê???).
Você me notou.
Confesso que eu não me lembro do seu nome (típico).
Nem do ano exato que se passa essa história (conveniente)
Mas eu me lembro do seu nariz arrebitado, da sua palidez quase “vampírica”. Dos seus cabelos “castanhos Coca-Cola”. Não muito compridos (que eu achava “modernoso” para a época).
E me lembro muito bem dos seus lindos olhos “agateados”.
Na época, sua personalidade do tipo Tom Sawyer ou Bart Simpson em versão “female”, não me parecia tão interessante (é por que eu sou uma besta).
Poucas foram às vezes que nos falamos.
Hmmm... Não foram tão poucas.
Você sempre dava um jeito de chamar minha atenção.
Me chamava à atenção no refeitório. Falando alto e gesticulando. Me deixando mais vermelho que um dia de jogo com estádio lotado no Beira-rio.
Me chamava à atenção na aula de educação física.
Me olhando como se eu fosse uma lata de atum e você uma gata de rua em um beco escuro.
Me chamava à atenção nos corredores. Na frente dos meus colegas. Só para eu ser “zoado” o resto da aula por eles (era o que pensava na época).
Me chamava à atenção na biblioteca. Quando eu tentava, com algum sucesso, fazer um trabalho idiota de uma matéria qualquer.
Lembro de uma tarde em especial: eu havia comprado folhas azuis com linhas. Para tentar deixar a minha letra mais agradável aos olhos.
Você até elogiou a minha letra. Mas vindo de você não era surpresa. E era até um pouco suspeito...
E você estava tão lindinha aquela tarde.
Pela primeira vez, desde que a conheci havia sido difícil me fazer de difícil com você (e com qualquer outra).
A gente quase se beijou uma vez.
Você sempre tão esperta. Deu um jeito de nos trancar em uma das salas de aula da escola.
Mas invadiram a sala. Antes que eu tivesse tido a coragem de ti beijar (que puxa!...).
Algum tempo depois fiquei sabendo por amigos que você havia ido à praia. Escondida de seus pais.
Você deveria gostar de ir até onde “dava pé”. No limite.
Infelizmente, os limites a natureza são bem maiores que os nossos.
E você jamais voltou.
Você foi à primeira garota que gostou de mim. E se você pudesse espiar meu coração com a mesma maestria que espiava meus passos, saberia que não estava só!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Tudo que Você Pode Comer, por Renato HELL Albasini


Braços quebrados. Pernas. Suspenso pelo pescoço.

Estranho momento. Estranho.

Ah, é só bom dia, meu amigo, mais um bom dia que vem como um arroto. Escatológico?! Enquanto seduz pela lingua no sexo que banha-se em sangue que sai do corpo dela. Nojo?! Piegas. Hipócrita. Você a quer. Sente-se assim com os braços quebrados. Pernas. Suspenso pelo pescoço. E você só pensa em sexo. Irá ter a ideia de satisfazer o seu desejo.

Irresponsável. Egoísta.

Vai, você vai propor que ela aja, que abra sua boca e ngula seu prazer.

Ou mais, você vai pedir mais, romper com seus tabus.

E a sensação de braços quebrados. Pernas. Suspenso pelo pescoço.

E você acha estranho...Quem faça isso.

sábado, 7 de agosto de 2010

Minimalista (Sannio)


Subi as escadas apressado. O que eu poderia ter perdido? Uma vida em outros braços. Um descanso de um fim-de-semana. Outros olhos de outras cores... Só mais um recomeço. Mais outra esperança de final de festa. Outro sonho! Não me acordem! Não me acordem! Não me acordem!...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Haiku VIII (Tommy Wine Beer)


IMAGINA MENINA,

VOU "PINTAR" UM GUERNICA SEMINAL

NAS PAREDES DA TUA VAGINA!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

ALMA (Sannio)


Meninas bonitas sorriem
levando embora pedaços de mim
quando partem.

Mas ao dobrar da esquina me perdem,
e meus pedaços retornam até mim...

E seus olhos tem mil cores...
E não são o verde dos teus olhos
que eu carregava comigo até hoje.

Mas atravesso de vez esta rua chamada solidão
como um verso infantil
termino sem rima
Sem prosa
Sem você
E todo meu!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Haiku VII (Tommy Wine Beer)

Para Hell e Sannio



Os agentes da LOUCA?: incineradores de gordura trans &
drenos etílicos & chaminés de fumaça sórdida &
míopes visionários & autopropulsados & mambembes!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

"Onze" (Sannio)


A xícara levou apenas alguns segundos. Para subir de seu seio, à seus lábios. Só alguns poucos segundos. E no instante mágico que seus olhos cruzaram os meus. Renasci...mais uma vez. E o que me faltava. Ressurgiu: ternura!

domingo, 25 de julho de 2010

"Poema Dos 31 Anos" (Tommy Wine Beer)


Prestes à completar 31 anos,
Ele caminha todo rengo pela rua
parecendo um ganso idiota.

Tem problemas pra caramba
e um diploma, um diploma que ele
pensava ser um papel higiênico pra
limpar a bunda da realidade!
Que nada!

Sente-se uma piada.
Tem tão-somente uma expectativa
de trabalho temporário.
Oh!, o trabalho - sempre o velho problema!

Não tem casa
Nem ideologia...
Nunca teve um Deus,
Mas tem muitas dívidas
e um filho legal.

Personalidade? Há quem duvide.
Talento? Ele mesmo duvida!
Vocação? Um mito que procurou
Em todos os lugares dessa cidade,
e nunca encontrou.

Daqui alguns dias terá 31 anos e o filho bacana,
as dívidas, as dúvidas e o diploma.

E a impressão que fica:
é que a vida é um jogo de basquete impossível,
cuja bola é muito maior que a cesta.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

"FADA VERDE" (Sannio)


Meus olhos estão secos. Como as flores que caem mortas aos meus pés. Nos seis minutos que duram às fissuras das viciosas doçuras do meu menu refinado. Me ponho a riscar alguns nomes. Como perdi pratos este mês! O banquete que todas elas reunidas me fariam aos olhos. Hoje me ferem, pela sua falta de devoção em mim. Pelo cansaço das minhas agressões psicológicas. Por tudo e por quase nada. Corram! Saiam daqui! Outras tomarão o seu lugar! O que as mantinha em minha companhia, agora as expurga. O altruísmo de seus corpos pela minha vontade, de suas almas pelo meu afeto. Pobres diabas, é o que são! Não compreenderam ainda o meu jeito terno de ser seu Deus. Restaram poucas. Mas o número cresce... Assim como a loucura da fada verde.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

"O PESCOÇO DO PERU E OUTRAS TESES" (TOMMY WINE BEER)


"Mesmo o mais sozinho nunca fica só sempre existirá um idiota ao seu redor (Zeca Baleiro)"


Inicio, por dever de justiça, tecendo uma observação pró-Dunga que passou desapercebida de todos os analistas. Uma escolha de Dunga que se mostrou correta. E que foi duramente criticada quando de sua realização. A opção pelo goleiro Doni. Doni foi o goleiro menos vasado da copa. Arrisco que foi o segundo melhor goleiro da copa. Ficando, tão-somente, atrás do sensacional Soares do Uruguai, aquele atacante dentucinho com cara de castor.
Outras decisões foram menos felizes. Como a indicação do árbitro gaúcho Carlos Simon. Ora, numa copa com tanta ladroagem dos "professores", a opção mais coerente seria levar o juiz Lalau.
Momento corporativista. Preciso aqui tecer algumas observações de meu DUPLAMENTE colega de ofício. O arqueiro castelhano Iker Cassillas. Duplamente, uma vez que atuo como guarda-redes e também tenho namorada FORMOSA como o Cassilas. As críticas absolutamente infundadas e inverossímeis disparadas contra o goleiro são de conhecimento geral. Nada a ver! O goleiro espanhol acabou sendo decisivo na partida final do certame, calando a boca de seus infames corneteadores. Ou seria vuvuzeleiros? Bom, no fim da história quem levou o peru, ou fração dele. Mais precisamente o pescoço. Foi a namorada do cara, a formosa jornalista.
Sobre o tema Copa em POA. Quero registrar aqui meu protesto! Pra que diabos Arena nova pro Grêmio? E qual a razão de se colocar telhado no Beira-Rio? É campo de futebol ou galpão? Porra, jogar gauchão em campo coberto é brabo! Daqui a pouco vão querer trocar o garrão de potro do laçador por um par de rasteirinhas.
Ainda sobre a decisão da copa. A princípio, eu tava assistindo de sangue doce, torcendo por um bom espetáculo. Daí me tapei de nojo quando um jornalista que fazia a transmissão falou que um jogador da espanha comemorava seus golos imitando um toureiro. Acho uma puta covardia ele lance de touradas! Eu torço pro touro. E fique bem claro que não é por corporativismo! Outra coisa que aumentou minha antipatia pela espanha foram imagens da família real espanhola. Monarquia é o caralho! Lembrei de uma aula de TGE, Teoria Geral do Estado, em que tratava-se das monarquias constitucionais inglesa e espanhola, e eu registrei minha repulsa, tentando criar uma polêmica na aulinha, só ganhei foram inimigos, meus colegas manés que só queriam saber de passar na cadeira. Universiotários!
Então optei pela liberal Holanda. Nem sei se tão liberal assim; na Espanha já tem casamento gay, pelo menos.
No plano filosófico, a corrente majoritária e vencedora acabou sendo a do futebol bonito, pra frente. O que eu concordo! Pra confirmar a regra, inclusive, sugiro uma excessão: o meu Grêmio. o tricolor pampeano tem que ser a antítese desse futebol! Deve jogar com atletas que mais lembre jogadores de basquete e lutadores de jiu-jitsu.
Quesito "sugestões de nome pra bola da copa no Brasil": cachorro morto! O brasileiro cobarde adora chutar cachorro morto. Galvão Bueno é um típico chutador de cachorro morto. Dunga é o cachorro morto. Bruno goleiro é outro. Agora se me enfiarem a bicanca mordo!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

"ENTREVISTA COM MEU PAU" (SANNIO)


Adentra a sala. Soberbo como um craque argentino. A apresentadora, já o espera.
- Boa tarde!- cumprimenta a apresentadora, linda, gostosa e de carro próprio.
- Boa!- responde o notável.
- Não quer tirar os óculos, antes que começamos a gravar?-pergunta a boazuda.
- Não!Estou bem assim!-responde o astro. – Primeiramente (respira com dificuldade a apresentadora, em seu corpete púrpura) eu gostaria de agradecer a sua presença aqui no programa!
- O que é isso gracinha, é uma honra fazer parte de um programa com a senhorita!- olha fixamente para as pernas da apresentadora.
- Como você definiria seu momento atual no cenário artístico brasileiro?
- Não tô comendo ninguém... no momento!- visivelmente irritado.
- E (constrangida a gostosa prossegue),você poderia nos falar sobre seu relacionamento com o blogueiro In.?
- Um grande amigo. Saímos para jantar seguidamente!- Sorri, enquanto passa um bilhetinho entre as coxas da apresentadora.
- Sabe, sempre achei que você fosse mais alto!- conclui a bela.
Ele a cospe!

domingo, 11 de julho de 2010

TÁ EU INDICO, Renato HELL Albasini


Gente, pessoas, seres humanos e quase isso...Essa é uma indicação minha. 90 Livros Clássicos para Apressadinhos de Henrik Lange, Com texto de Thomas Wengelewski e traço de Henrik Lange, desponta como uma bem sucedida e divertida apresentação de obras clássicas da literatura que se tornaram filmes. Eu li os clássicos com suas centenas de páginas, dos romances mais grudentos até os trillher mais banais ou espionagens batidas. O que é legal aqui é o despojamento em HQ do resumo dessas obras como se conversasse com seu amigo numa mesa de bar e falasse a grosso modo dos livros. É a reinvenção bem humorada de quem já os leu, como eu ( sim li todos e muito mais, sim exibido ), mas uma aperitivo que incentiva quem nunca viu ou ouviu ou leu ou sei lá o que das respectivas obras. Para neguinho que ficou preguiçoso e acha tudo muito careta acaba sendo tentado em ler os livros completos. A editora é Record/Galera. Essa reunião merece as idas ao banheiro, mas também às livrarias para estudar. Vai, você vai gostar desse e dos outros para chegar até aqui. Sim, asssumo, eu indico.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

"O Diário de Mister Jones" ( Sannio)




"Os manuscritos de Mr. Jones apareceram primeiramente em Washinton Dc., no início da década de 80. Posteriormente, páginas supostamente pertencentes a esse manuscrito, foram encontrados no” Buraco Quente”, em Porto Alegre. Capital do swing "(...)


Retirado do livro:" O estudo cabalístico das aranhas”, de Edgard Alkaid Paul.


" Capítulo 78.Como conquistar garotas


1.Do andar
Ande suave bicho.
Não ande depressa demais.
As presas em potencial, vão achar, que você não tem tempo para elas.
E possivelmente, que você tem ejaculação precoce.
Não ande devagar demais.Você não quer passar por moleirão ou preguiçoso, quer???


1.1Penda suavemente para a esquerda (mensagem subliminar).
E quando andar ao lado da presa.
Imponha seu ritmo.
Mas finja acompanhar o dela.


2. Da vestimenta
Não use gravatas.
Apenas em casamentos ou velórios.
De qualquer forma. Use apenas em ocasiões que você sabe que não irá se divertir!

3. Dos gastos
Seja generoso.
Dê esmolas quando ela (a presa) estiver ao seu lado.
Após... volte ao normal!

4. Do sexo
Se você chegou até aqui. Sua única preocupação é não chegar ao clímax antes dela.
Ela tem que ser melhor que você em alguma coisa afinal!

5. Do olhar
Olhe para o nada quando ela falar sobre filhos e casamento.
E quando olhar para a presa olhe para ela como se fosse um Big Mac Feliz.
E quando despida. Olhe como se ela fosse o brinquedo surpresa (N vezes mais interessante). "

" Ás páginas seguintes estão rasgadas e meladas de pasta de amendoim e haxixe. Fazendo-se difícil à tradução." (o Editor)

sábado, 3 de julho de 2010

"FUERZA PARAGUAY QUERIDO! " (Tommy Wine Beer)


E a Copa ta terminando leitores e leiteiras. Benditas vacas holandeusas! (Eu ainda sou mais das crioulas, registre-se). Olha, numa copa com nível técnico tão ruim, nos casos de empate um bom critério seria o saldo de torcedoras gostosas. O chamado I.T.G: índice de torcedoras gostosas! E a audiência se manteria lá em cima. Talvez, não só a audiência.
Era pra ser um mês inteiro pra se coçar o saco curtindo com um entorpecente "psicológico": o futebol.
O que daria uma folga pro meu fígado. Cheguei a pensar que seria um mês de delirante alienação. Erro meu. Nos amistosos que antecederam a copa a CBF e o nosso time tinham que dar mostras de sua/nossa ESCROTIDÃO. Nossa alienação e indiferença com os problemas sociais e políticos das mais pobres nações africanas.
Me digam, precisava os f.d.p. da CBF pegar aqueles dois milhões?
“Se eu não vivo no Zimbábue não sei se é ruim ou bom ter um índice de 80% de desempregados, milhões de famintos e 25% da população sendo portadora de HIV”, assim pensou Dunga.
Dunga um pensador EMPÍRICO!
Dunga é a prova cabal que a tese da "superioridade" intelectual gaúcha em relação ao resto do Brasil é FURADA. Pura cascata galdéria!
Dunga não pode também, por convicção filosófica, avaliar o apartheid. Porém, criou o seu próprio sistema discriminador. Na seleção só ficaram os bonzinhos, os tomadores de sorvete; os malditos foram excluídos, chupadores de outras IGUARIAS como Ronaldinho e Adriano.
Deu no que deu.
Assim mesmo Dunga é meu ídolo, meu exemplo categórico de como os medíocres podem prosperar! Não só Dunga, Martha Medeiros, Fogaça, Pitty... Eles me fazem levantar todas as manhãs, mesmo nas piores ressacas! Sim, desapegados leitores, quiçá eu seja o único cronista mundial que tenha usado um “P.S” no meio do texto. Viva Dunga!
E a sonhada final Brasil & Argentina não veio. Imaginem de um lado o BEM: representado por Dunga, que não convoca jogadores que armam surubas com jumentinhas e anões, Kaká que quer ser pastor um dia, Kaká que se casou virgem; do outro lado o MAL: Maradona o (ex-) dependente químico, e seu exército de bêbados, semi-sodomitas e xoxoteiros.
Um perfeito cenário melodramático maniqueísta para o nosso Galvão Bueno. Que fatalidade!
Só me resta BRADAR: "! FUERZA PARAGUAY QUERIDO!!!"

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Entre Joelhos, Canelas & Tornozelos, por Renato HELL Albasini


Enquanto o mundo se abaixa para ver a jabulani voar sobre suas cabeças, os seus mandantes brincam de quem vai pagar a conta da festa. Na terra dos Tupis Guaranis são votados para conceder benefícios dos 10% aos garçons e pessoas da cozinha com direitos adquiridos entre uma coxinha e outra e boas doses de cerveja. Donos tentam burlar as normas das portarias baixadas nas grades de seus estabelecimentos com os bufês devidamente limpos, com pratos e talheres embalados, redomas fechadas e aquecidas e refriadas, se for o caso, da mesa de alimentação.
E a Copa do Mundo continua. Ano de eleição e a maioria sequer tem ideia de quem são os candidatos. Mas o jogo continua. Qual será a escalação? O Dunga é burro ou apenas truculento?
E no final de semana juntamos um deseperados para bater uma bolinha sem darmos a menor pelota para o adversário do dia a dia. Eu por exemplo ainda me achando como um redentor atlético enfrento os rufiões com minha vontade, certa habilidade e muita disposição mantida às duras penas com exercícios diários. Outros já se dedicam com os seus avatares deixados nos butecos da noite anterior.
O que fazer? Jogar nossa bolinha de gude e se der quebrar as pernas de quem ainda não viu o tsunami logo ali. faça seu gol, mas esteja atento ao desvio da bola quando ela se dirigir ao seu rosto.
Entre Joelhos, Canelas & Tornozelos chegamos ao fim do mês. Alguém empresta R$ 10,00 reais para pagar a quadra?!

sábado, 19 de junho de 2010

UNO (SANNIO)


Verte-ia a noite inteira.

Esticaria infantilmente as pontas dos meus dedos, na essência perpendicular dos seus medos.

Na nudez da sua alma.

Na excelência do teu corpo.

Na malícia dos seus lábios. Que me fitam, sem terem olhos.Que encaram minha boca,sem terem íris.Sem terem pálpebras.

Sem terem noção do mal que me causam.

Do poço que abrem no meu peito.

Tocaria teu corpo.Como se meu fosse.

Como pudesse possuir,o que apenas venero.

Como pudesse consolar,o que me torna humano.

O que primitiva minha racionalidade.

No deslizar dos meus dedos,pelas suas costas.

Contaria um a um,os diminutos pêlos do teu corpo a arrepiarem.

Os gemidos a te calarem.

E minhas lágrimas ao despertar.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Medo da Chuva (Sannio)


"- Ela quer namorar!"- disse a melhor amiga, de uma quase namorada.


Eu gostava do "quase". O quase impedia o momentâneo de se tornar eterno. O que não havia acabado, de ser escrito. De ser publicado.


Acho que eu admiro o "quase” até hoje. Me trás uma sensação de liberdade. A falta de compromisso com outra pessoa. É tão bom!


Não é sempre que tenho esses pensamentos egoístas. Nem é sempre que me defendo das acusações que eu mesmo levanto contra mim.


Mas é quase sem querer que gostamos. Que eu gosto, ao menos. Que eu me "apego"! Como eu dizia antes. Antes de aprender a dividir um pouco.


As velhas aulas voltam às vezes. Às vezes, os velhos fantasmas também. E eu sigo fazendo merda!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

CALEIDOSCÓPIO, de RENATO Hell ALBASINI



Algumas horas se passaram e nem notei que o dia foi, lentamente, sumindo. É noite clara, tão clara como se todas as luzes estivessem sido acesas ao mesmo tempo. A lua parece uma face pálida, triste, distante e bela; uma sedutora cena de romance inatingível, intocável, muitas vezes ridículo que se formou no céu. Continuo a olhar o céu negro tão iluminado, profundo, pensativo e nesse instante acredito que posso dominar o Universo, que minhas mãos podem alcançar as estrelas que piscam incessantemente nesse véu escuro; que tenho poder, que sou o poder e não estou só.
Estou sentado à beira de uma sacada admirando o movimento da cidade ao meu redor como um espectador curioso, um voyer que se sacia no prazer da simples ação das pessoas ao longe, da simples existência da vida. A minha frente, diante de uma janela entreaberta, vejo um jovem casal discutindo, não ,conversando de maneira ríspida, quase agressiva. A mulher tem cerca de vinte e três anos e o homem não deve passar muito dessa idade. Com os olhos inchados, vermelhos (tão doces) e agitando muito os braços clama junto ao seu companheiro; ele, por sua vez, permanece de costas para ela, apenas dialoga com o nada. Ela veste uma camiseta branca e uma bermuda de jeans; ele, de camisa branca, calça de linho azul. Os rostos estão corados. Não consigo saber o que eles falam, tento permanecer mais atento e observar a cena. O homem, finalmente, se vira para a mulher que se encontrava em pé, bem a frente da janela entreaberta. Creio que a discussão tenha chegado ao fim. Ambos se abraçam, beijam-se, desesperadamente as roupas começam a serem jogadas para cima, peças se transformam em farrapos em milésimos de segundos. Diante daquela janela, eles se tornaram um corpo só. A beleza de seus movimentos e prazer que ambos tinham a cada exacerbação de desejo e fúria que aumentava violentamente, numa mistura de raiva e amor, de desculpas com ofensas, de saudades com despedidas, de um homem e uma mulher. Os observava, atento, até caírem em exaustação completa ao fim de um prazer conjunto e sincronizado. Sorrisos nas faces avermelhadas, o cheiro de suor e gozo espalhados pela noite chegam até a mim. Meu sangue ferve, o meu corpo treme. Preciso de ar. Resolvo ir para outro lugar, entro pela noite com o vento carinhoso banhando meu rosto, massageando meu cabelo, guiando meu corpo. Chego a uma rua de pouco movimento que fica paralela a uma barulhenta avenida. Com tráfego intenso de todos os lados, vejo bares e casas noturnas formando um cenário dantesco, assustador. Caminho entre as pessoas sem olhá-las em seus rostos. Olho para o chão fixamente sem nunca desviar o olhar. No ar, uma mistura de perfumes e cigarros, destilam odores das pessoas que falam alto como se todos fossem surdos; mas o que mais sinto é o cheiro da vida, do seu sabor, da sua força e virilidade.
As roupas das pessoas, em geral, não são tão diferentes das minhas. Mulheres e meninas - mulheres trajando pequenos vestidos pretos, jeans, generosos decotes, corpos à mostra; outras já optam por um vestir mais coloquial, com muitas cores, acessórios, estilos; enquanto, do outro lado os homens transitam pela elegância de trajes e blazers, camisas bonitas. A maioria fica centralizada em seu grupo, talvez eles se aceitem como clãs que admiram seus objetivos e depois dispersam-se, talvez. Ainda não levantei a cabeça para encará-los, mas os vejo, os sinto, os respeito, os desejo.
Ouço algumas mulheres falando algo sobre mim. São elogios eloqüentes e sensuais falando sobre a minha beleza. Acho engraçado e dou um resquício de risada quase imperceptível. Finalmente, paro e olho as mulheres que falavam. O movimento ao redor fica mais lento. Encarei uma por uma. Os seus olhos chocaram-se com os meus profundamente; mas eu fitei uma em especial. Uma mulher alta de vestido preto longo, não vi as formas salientes de sua lingerie - o desejo aumenta -, seus traços são delicados e agressivos, seu nariz levemente arrebitado, olhos castanhos, rosto suavemente arredondado, lábios carnudos, róseos quase avermelhados, esquia, serena, de cabelos castanhos, pele clara. Uma mistura bem dosada entre uma mulher e uma menina.
Ela evitou de me olhar, mas meus olhos não a deixaram fugir e a trouxeram para mim. A agitação ao redor parece congelada, tudo está muito lento, inexistente. Com passos lentos, eu me dirigi até ela. O caminho é bem maior do que o imaginado; ela não mudou mais o seu olhar. Mais próximo dela, senti sua respiração, a palpitação de seu peito acelerada, sua boca aos poucos abrindo-se e eu acabo num mergulho nos seus lábios. Um longo beijo que sorvi com um prazer descomunal. Meus olhos encheram-se de lágrimas, mas não as deixei escapar pelo meu rosto. Trocamos mais alguns beijos sem falar nenhuma palavra.
No meio daquela avenida ouvimos uma voz feminina que chamava um nome de mulher. - Luísa! Como um susto tudo ficou mais acelerado, as pessoas voltaram a ficar inaudíveis, os carros cruzando os dois lados da avenida, o vai e vem das pessoas, muitas gargalhadas. Olho para a mulher que eu beijava e ela parecia estar retornando de algum lugar, seus olhos pareciam estrelas, seu vestido retratava a noite, seu sorriso significava a luz. Ela soltou meus braços e foi levada por uma mulher para onde estavam outras. Eu continuava olhando-a profundamente e a vi explicando as suas amigas o que havia acontecido sem muita certeza.
O vento aumentou e aos meus ouvidos chegou um leve silvo. Imaginei que horas seriam. Saí caminhando entre as pessoas, não olhei para trás e nem procurei sentir o odor daqueles lábios que minutos antes estavam junto aos meus. Estava tremendo com vontade de ficar ali, mas tinha coisas para fazer. Assuntos de necessidade vital. Da minha própria essência.
Já não estou mais entre o burburinho daquele agito, corto a avenida e me dirijo para as ruas transversais. Paro por um instante e passo a minha língua entre os lábios. Sinto o seu gosto, um sabor adocicado que se transforma aos poucos em um gosto levemente salgado. “O gosto do prazer”, penso eu. Me lembro o que tenho que fazer, infelizmente. Sigo o vento, vou com ele. Preciso resolver isso, ninguém consegue fazer sempre as coisas certas, porquê eu seria esse mártir, então? - Fodam-se! Grito eu com raiva junto com a força do vento, que aumenta. O eco faz tudo girar; a noite fica mais escura, densa, pesada. Desejo. Essa é a palavra chave, agora. Tento buscar na pouca racionalidade que me resta, onde estive esta noite. Não consigo ter pensamentos mais claros. Meu brazer negro esvoaça pelo ar orquestrado pelo vento, que se tornou ruidoso por alguns breves instantes e ambos continuamos a busca, a procura, a caça, a penitência.
A zona de baixo meretrício da cidade está em polvorosa. É véspera de feriado. Muito movimento - mais movimento. Estou parado na porta de uma casa fechada, aparentemente deserta. A noite transforma as coisas e as pessoas. Na mesma rua onde a casa fechada está localizada existem cerca de dez estabelecimentos freqüentados, não necessariamente, por adultos que na sua maioria são homens ( mas também não é regra) e entre todas essas casas tem até uma igreja. Me lembro de alguém ter comentado que a igrejinha era “da Nossa Senhora do Putedo”, velha piada sem graça de gente que não respeita a si e os outros, muito menos a vida alheia. Cheguei e o vento acalmou-se. Caminhei pela calçada onde as prostitutas disputavam com os travestis um espaço e clientes. Assediado por todos os lados. Todos mostrando a “mercadoria”. C’est La Vie.
Com uma certa dificuldade, chego até uma boate. Na porta, retratos de mulheres muito bonitas trajando minúsculos biquínis estampavam a fachada, acima das fotografias alguns nomes proclamavam os shows de strip-tease e sexo ao vivo. Um homem de pele parda, grande, corpulento, com o nariz quebrado e uma cicatriz que marcava seu rosto da orelha até o seu lábio inferior, convidava-me a entrar no estabelecimento dizendo as promoções da noite. - Cervejinha a quatrinho, chefe. Shows com as melhores. Tu “vai” ver e “vai” gostar. Te garanto que hoje, tu não “vai” para casa sozinho. Se quiser tem até motelzinho aqui perto. Negocia com elas, vai. Depois dessa proposta tão “interessante”, eu entrei e fiquei pensando naquela conversa nojenta, onde as profissionais são tratadas que nem lixo, que nem um saco de carne vermelha e suculenta. “Droga! Quem sou eu para julgar alguém”, pensei indignado. Não sinto o vento aqui dentro. O ar é abafado, escuro, com luzes estroboscópicas piscando a todo o instante. Nem se parecem com as estrelas da noite. Vejo o cenário com algumas mulheres abraçadas em alguns homens rindo, mas não posso ouvi-los por causa da música estupidamente alta. Um pequeno palco que está sendo usado por uma mulher na realização de um strip-tease. Linda, sexy, desejável. Todos param e a olham. Começo a chamar a atenção também. Minha roupa e meu jeito. Tento me aproximar mais do canto escuro. Não consigo. Três mulheres se aproximam junto com um homem de terno branco e gravata verde. - Boa noite. Essas aqui são algumas meninas que gostariam de falar com o senhor. Que bom que o Sr. veio hoje. Diz o homem baixo, de bigode e careca. Sua voz é um sussurro. Ele abandona as mulheres a minha frente, que de imediato se sentam ao meu lado e começam a puxar assunto em meio a carícias pelo meu corpo. Não sinto prazer, agora. Não é o momento. Tenho algo a fazer e não seria aqui que eu mataria a minha paixão; não a paixão, não qualquer desejo. Talvez outra hora. Peço desculpas as mulheres e as digo que preciso ir embora. Entretanto, acabo brincando um pouco. Disse levaria uma delas comigo. Poderia levar as três, mas seria outro dia. As três mulheres iniciaram uma competição acirrada. Pedi que se beijassem; elas fizeram. Pedi que fosse com mais volúpia. Fizeram. Estava me divertindo. Mas reafirmei que naquela noite só queria uma. Observei a discussão que iniciara; a morena de cabelos curtos, a loira de cabelos crespos e longos, a mulata de cabelos longos. Todas lindas, belíssimas, de corpos modelados, despidas de valores morais e de mais roupas, deliciosamente bonitas de minissaias e biquínis . Eu acabo com a discussão dizendo que nenhuma delas iria comigo. Cansei daquele picadeiro. Depois da insistência de duas delas, a terceira que ficou em silêncio, foi-se. Beijei na boca das duas que ficaram e elas partiram para outras mesas. Olhei para a mulher que acabara de terminar o seu show onde todos ainda a admiravam. Ao sair do palco, ela sentiu os meus olhos a seguindo. Ela voltou-se, de roupão, veio caminhando na minha direção suavemente mal pisando no chão. Todos os olhos em nós. Ela abriu o roupão bem na minha frente e ficou nua, sentou-se à mesa. - Porquê você está me olhando tanto? - Você sabe! - Se importa se eu me sentar assim? - Não. De forma alguma. Mas temos que ir com calma. Quero você toda, não só uma parte que você mostra para todos. A minha maior arte é valorizar as pequenas coisas como a simplicidade. Tirar uma peça de roupa do corpo de uma mulher, deixando cair seus medos, receios e descobrir todos os caminhos. - Caminhos que você já conhece. - É, mas como toda mulher, sempre há algo a se descobrir. Algo para se querer mais. Mas temos que ir. Te espero. Vista-se! Ordenei. A mulher levantou-se abruptamente. Fechou seu roupão ainda sob os olhares de todos. Eu sorri. Um pensamento escrachado passou pela minha cabeça. Ela demorou cerca de meia - hora. Voltou, agora, vestida. - Melhor?! - Ótimo! Disse sorrindo. Vamos nos encontrar com os outros. Todos nos seguiam. Alguém tentou segurá-la pelo braço, mas foi rechaçado pela própria força dela que apertou sua mão até o homem ficar de joelhos. Ninguém se mexeu. Saímos da boate seguidos pelos olhos de todos que ali estavam. Ao cruzar à porta, o porteiro disse orgulhoso: - Viu só! Eu disse que a coisa era muito boa. - Tchau, Benê! Tem alguém lá dentro precisando de ajuda. Disse a mulher. - Tchau, Magda. E tchau, patrão. Vou lá jogar o vagabundo na rua.
O vento aumentou como nunca, quando caminhávamos em direção ao bairro iluminados pela lua que parecia sorrir e nos abençoar, como se isso fosse possível.
Já é muito tarde. Muito tarde para se fazer outras coisas, evitar tantas mais. Eu e Magda não trocamos sequer uma sílaba, nos comunicávamos apenas pela nossa respiração densa que ecoava no silêncio da cidade à noite. Rapidamente chegamos ao nosso destino, pelo menos daquela noite, a casa de Renê. Ele era um homem velho, bastante gordo, simpático, nos recebeu com um grande sorriso - sua marca registrada. A casa era enorme, uma verdadeira mansão localizada num bairro nobre da cidade. O anfitrião, sem referir-se a nenhum dos dois diretamente, apontou para a sala de estar. Entramos. Lá estavam os outros. Jean e Angelo, um casal bonito, eram modelos, gays que lideravam um ONG valorizando a liberdade de escolha sexual, Lena, uma intrigante mulher de cabeça raspada e geralmente, usando óculos escuros, que trabalhava como produtora de moda e fotógrafa e um rosto desconhecido, Soares, um convidado.
Reunidos à mesa da sala de jantar, fomos sendo recepcionados por cada um dos convivas, contudo nenhuma palavra era dita apenas acenos com a cabeça. O anfitrião acabou tomando para si a função de interlocutor, abriu as conversações perguntando a cada um como estavam. Com a exceção de Soares, todos respondiam monossilabicamente. O convidado bebeu de uma só vez o seu copo de whisky sem gelo, fez uma careta e iniciou seu falatório: - Não sei à respeito dos outros, mas gostaria de mais motivação nessa nossa reuniãozinha. Isso parece mais um funeral. Ninguém conversa, ninguém fala coisa nenhuma. Encheu seu copo de novo. - Renê, você que é o anfitrião, não sei muito bem porque fui convidado até a sua casa. Me diz qual é. Não o conhecia antes dessa tarde, quando você me abordou diante da cafeteria e em meio a conversas animadas, me convidaste para vir hoje, aqui. Sei lá porquê. Gostaria que me explicasse. Bebeu novamente num gole só. O anfitrião sorriu, levantou sua taça de água e disse: - Somos um clã, caríssimo amigo. Estamos reunidos, como sempre fazemos em todas noites, para confraternizar a nossa existência. Gostamos, como direi, de carne nova no nosso meio. - Isso aqui não é uma daquelas festas de sacanagens, não é? Perguntou rindo o convidado numa mistura de assustado e excitado encarando o beijo que o casal gay praticava a sua frente. - Não. Respondeu secamente, o já não tão simpático anfitrião. - Buscamos prazer. O clima de erotismo foi crescendo naquele recinto. Lena colocou um cd no aparelho de som e despiu-se de seu longo casaco de couro negro e ficou nua, começou a dançar e daí ajoelhou-se a frente de Renê, que também desnudou-se de sua camisa preta e de suas calças negras, e ela abocanhou o seu sexo. Soares parecia tonto, assustado, mordendo o lábio inferior, suava muito. Olhou para mim e Magda, então tentou chegar até onde estávamos, mas parou no meio do caminho quando a mulher despiu os seios e puxou o meu rosto junto ao seu peito. Ficou parado olhando para todos os lados. Quando percebeu uma mão segurou sua perna acariciando seu sexo.
O convidado era um homem de porte médio, beirando uns quarenta anos, casado ( devido a aliança), levemente calvo, barbudo, pesava uns oitenta quilos e vestia um traje marrom. Ele tentou manter-se frio diante daquela orgia, mas não conseguiu. Sentiu-se tonto percebeu que Lena abria sua calça fazedno sexo nele ao mesmo tempo em Renê. Lena sorriu olhando para ele quando ele gozou em sua boca que se transformou em sangue, ele não suportou. Caiu de joelhos com as pernas trêmulas. Renê apoiou-se sobre ele. Sua cabeça girava como um pião a cada gemido, a cada grito, a cada espasmo dos outros. Imaginou ter sido drogado ou algo do tipo.
Estávamos extasiados pelo prazer, pelo desejo. Queríamos dividi-lo com qualquer um que se aproximasse. Renê sentou-se nu ao lado do enfermo Soares, este tentou afastá-lo, mas não conseguiu. O anfitrião o abraçou como um filho e sorriu. Durante essa cena fraternal, eu fui até a janela e olhei a lua, que parecia avermelhada, rubra. As duas mulheres entrelaçavam-se em seus sexos ao lado de Angelo e Jean. O cheiro de suor e gozo estava de novo me cercando, precisava de ar, acabara de satisfazer o meu desejo, parar de ferver o meu sangue. Vi os casais e a cena de pai e filho. Urrei e o vento, furiosamente, abriu as janelas. Renê afastou-se do convidado e começou a vestir-se. Os outros gozavam ao mesmo tempo. Soares permanecia no chão imóvel. O sangue do convidado já corria pelo seu corpo. As luzes se apagaram e o silvo do vento, gradualmente, diminuiu.
A vida tem sabor, cheiro e forma. As pessoas não sabem apreciar a sua essência, temem por coisas tolas, não querem experimentar coisas novas, assustam-se com escolhas e não querem sofrer. Devem fazer o que lhe agrada. Pena que Soares não poderá mais escolher. Sua alma não poderá mais ter opções. E nem seu corpo. Uma respiração ofegante se faz presente no escuro. As luzes retornam. Um quadro simplório se instalara naquela sala. Lena, já vestida com seu longo casaco de couro, estava sentada ao lado de Angelo e Jean, que fumavam e conversavam alegremente também vestidos; Renê não se encontrava e, Magda examinava, cuidadosamente, seu bustiê. Soares tinha sumido. Eu, em pé diante da janela fechada, meditava. “Desejo”. O nosso anfitrião entrou esbaforido e disse-nos: - É tarde! Amanhã nos reuniremos de novo. Mesmo horário. Todos se levantaram e rumaram em direção à porta sem dizer uma palavra. Quando o último cruzou a saída, a porta às suas costas fechou-se. Estava amanhecendo, eu fora abandonado pelos outros que sumiram. Estou sozinho mais uma de tantas outras vezes. O Sol ao longe, acorda. Na minha boca jaz um gosto confuso, meio salgado, meio doce, levemente azedo, suave. Aquele vestido negro, longo, esquio, sem marcas - aquela mulher. As minhas recordações crescem cada vez mais. Luísa. Estou me atrasando, não posso perder tanto tempo. “O tempo não pára...” Cantarolei.
Começo a correr, o meu corpo dói, está cansado. Não consigo me mover de uma maneira tão ágil como antes, talvez seja por causa da lua. Eu sei porquê, mas e daí!?. Todos tentam sempre achar algum porquê de seus erros e defeitos, falhas e fugas. Tudo tem um maldito porquê, mesmo sem compreendê-lo. O vento está fraco, muito fraco; será um dia quente, ensolarado, sem nuvens. Estou chegando perto do meu abrigo, do meu lar, casa, segurança. Ao mesmo tempo que o Sol engrandece, eu entro em minha morada que tem janelas cerradas, nenhuma luz natural, quase uma escuridão total já destruída pela luminosidade que vem de fora. Preciso fazer uma ligação telefônica. O sinal fica repetitivo, está ocupado. Corpo dolorido, machucado. Caminho no falso escuro da sala, me jogo em cima do grande sofá branco. Um corpo negro nas nuvens, sempre foi assim que imaginei esse sofá, um pedaço do céu ao lado do Sol. “As mãos de Deus”, começo a rir - dificilmente eu consigo rir tanto em tão pouco tempo. Fecho os olhos querendo esquecer.
O dia passa igual, transita pelos minutos até fechar suas horas chegando o momento da noite dar o seu ar. Anoiteceu faz algum tempo, estou sentado à beira de um terraço olhando para cima, tentando procurar as estrelas que me fizeram companhia ontem, anteontem e assim por diante. Percebo ao redor um movimento de pessoas. “São os moradores”. Como se suspeitassem ( ou temessem ), não vão até o terraço daquela casa tão bonita. Sinto-me curioso sobre quem seria o proprietário, quais seriam suas manias e como ele agiria ao me ver aqui em cima. Fico em pé e ando alguns passos em direção à porta que separa os aposentos do terraço. Espero que me vejam. Permaneço alguns segundos diante dela que está fechada e começo a rir baixinho, mas o som corre pela noite fazendo um eco dando dimensões de uma gargalhada. Não consigo me mover, não vou para frente e nem recuo, continuo parado. Fico provocando. Finalmente, me livro dessa prisão ajudado pelo vento que se aproximara com intensidade. Vou para um outro lugar. Gosto de lugares altos, isolados, numa cidade isso é bastante difícil. Tento ir aos mais altos edifícios, chego a um enorme condomínio de classe média. Me dirijo até seu telhado. O movimento das ruas aliado com os dos transeuntes parece um mundo de formigas trabalhando estupidamente e sem nenhum sentido organizacional; quase um instinto animal movido pela sua necessidade de sobrevivência. Desço alguns andares e, sossegadamente, invado um apartamento vazio. Aparentemente, ninguém morava ali, não existiam móveis e nem utensílios, o reboco das paredes já estava gasto, o parquê, quebrado. Fico na janela, olho para fora tentando encontrar algum ponto de observação. Dou uma panorâmica e fixo a visão num apartamento do edifício ao lado. Numa sala muito bem iluminada, encontra-se uma mulher sentada diante de uma tela. Ela fica alguns longos minutos encarando o vazio alvo daquele quadro. Me intriga saber o que ela está pensando, quisera eu perguntá-la. A mulher estava vestida apenas com um longo camisão, sua gola não existia e sua abertura desnudava um dos ombros, nas suas costas um desenho de um cartoon americano dos Simpson’s, suas pernas nuas e levemente claras. Estremeci por inteiro. O desejo cresceu dentro de mim, me fez rodopiar os pensamentos em 180 graus. Em um instante aquela mulher era uma conhecida, já a tinha sentido, já saboreava o seu gosto, mergulhara na noite em seus braços. Ela virou-se para a janela e me viu, sua expressão foi de espanto, horror, luxúria, tesão mesmo - num piscar de olhos. Ficamos uma eternidade nos encarando. O vento surgiu do nada e soprou com ódio abrindo a janela do apartamento da mulher, explodindo as cortinas em seu rosto, ao mesmo tempo que eu caía num profundo sonhar.
Estou deitado no chão de uma viela, longe daquele edifício, longe daquele rosto. Procuro me orientar, me levanto devagar um pouco atordoado. Coço o meu queixo, sinto um cheiro peculiar, um aroma conhecido. Ando em direção as luzes e meu celular grita ecoando pela noite. “Eco, noite, desejo...”palavras que povoam pensamentos desconcertantes, sem sentido. - Alô?! - Onde você está? Estou te esperando faz um bom tempo. Não te vejo desde ontem. Uma voz feminina ressoa do outro lado do aparelho. Penso em quem seria, não reconheço de imediato, estou confuso. - Vamos nos ver hoje? Senão, vou sair. Intima a mulher. - Não sei. Respondo, confuso. O telefone fica mudo, a ligação termina. Sinto, agora, que sei quem é aquela mulher. “Sofia”.
Sento numa mesa de um bar de grande movimento, onde as pessoas cantarolam canções populares, pagodes, sambas de breque, músicas em geral. Ninguém se importa muito com a minha presença. Um atendente vem até a minha mesa e me pergunta o que eu quero. Pensei muito e decidi por uma cerveja. Foi-me entregue a bebida e servida em um copo. Fiquei olhando aquele líquido e o bebi calmamente. A cada gole um pensamento aflorava em minha cabeça, vinha à tona a mulher que falara comigo ao telefone: Sofia. Ela já foi minha companhia por muito tempo, tinha um temperamento forte, uma personalidade marcante, um desejo de vida latente e gritante, uma mulher morena de um metro e sessenta e cinco, cabelos curtos castanhos escuros, coxas roliças, musculosas, em seu corpo uma Fênix jazia como uma tatuagem na virilha. Conheço-a sim. Quisera nunca ter conhecido.
Peço uma segunda cerveja, meus pensamentos começam a chegar em blocos que esbarram em lembranças, em vontades, em alegrias, perdas. Olho para cima e vejo a noite clara sorrindo mais uma vez. Ofereço um brinde para sua plenitude. Não sei que horas são. Tenho algo a fazer. Pago pelas bebidas e vou embora caminhando com calma. Meu corpo dói. Estou numa rua deserta, não há vento, não há nenhum ruído, nem os insetos estão por perto. Não há cheiro de vida. Já pressinto algo. Uns três homens surgem na minha frente e gritam para que eu fique parado. Eles vêm na minha direção; um deles tem uma faca na mão esquerda, os outros dois estão com as mãos nuas. Se aproximam com uma lentidão inacreditável, em slow-motion, estão a alguns metros e, eu corro em sua direção como por instinto, nesses segundos fomos surpreendidos pela ventania que aparecera como por mágica. Não deixo eles tocarem em meu corpo, desarmo o primeiro e corto-lhe a garganta com sua própria faca abrindo-lhe todo o seu pescoço para o terror de seus comparsas. Banho minhas mãos de sangue quente, desejável e os fito com êxtase. Os dois afugentam-se pela noite e eu os alcanço através de meus pensamentos. Gritos cintilam entre as estrelas da noite clara, silenciosa ao mesmo tempo que são musicados pelo vento que agoniza até transformar-se numa brisa delicada. Os dois caídos. Derrotados. Mortos. Me viro para o corpo que se convulsionava no chão logo atrás; me aproximo.
Não gostaria de fazer a mesma coisa todos os dias, ter que defender uma essência idiota. Resolvo não ir até a mansão; já perdera muitas coisas nesse período de existência e o meu desejo já tem forma e sentido. O meu instinto pode ser controlado e até saciado por qualquer presa que eu quiser. Idiotices. Vou para uma rua não muito movimentada ( o tumulto me irrita ), aguardo qualquer coisa diferente acontecer escorado numa parede; estou na parte mais escura da rua, meio às sombras. Sinto fazer parte daquelas trevas; estou sozinho com pensamentos ao longe, imagino como as pessoas se mantém distantes. Desejo. Solidão. Argumento comigo mesmo as chances de tudo se modificar, das pessoas e das situações. Uma lágrima escorre pelo meu rosto como se treinada para isso. Ela parece cortar o seu caminho como se fizesse uma cicatriz. Ponho a mão perto do seu trajeto e o gosto salgado criva meus lábios, brinca com minha língua. Lembro-me de Luísa, dou um longo suspiro. Sussurro o seu nome para o vento. Sofia vem a minha mente como uma agulha que penetra fundo. A tela vazia. O telefone. Tocou frenéticamente, movimentando a sensação de incômodo dentro de mim. Do outro lado Renê me chamava. Nada disse. Não tenho mais nada a dizer, muito pouco a fazer e menos ainda para pensar. Estou distante comigo todo o tempo, perdido num labirinto de dúvidas e incertezas. De desejos.
A cidade fica muito mais interessante de cima, gosto de vê-la assim, parece um lugar bom e calmo para se viver, onde existem apenas pessoas sensatas, normais vivendo lado a lado e não essa verdadeira batalha campal que me deparo. As pessoas poderiam ser definidas como animais domesticados deles mesmos. Engraçado pensar nas pessoas. Porque não perco - meu contado - tempo comigo? É muita arrogância encarar a vida dos outros como um experiente conhecedor, se nem muito conheço a mim mesmo por inteiro. Ponho a mão direita na cabeça e meus dedos traspassam pelos fios dos meus cabelos, fazendo uma pequena massagem. Como será que as pessoas me enxergam? A minha altura, idade, beleza, feiúra, charme, boçalidade, como será? “Foda-se”, quem se importa. Quem quer se importar. Caminho, de novo, pelas ruas da cidade. Deve ser muito tarde mesmo para um feriado à noite. O silêncio é muito grande, sufocante até. Pode-se dizer que ele tem vida própria quando o sentimos assim tão suscetível ao nosso lado, um confidente passional e nem um pouco fiel.
Cheguei nas docas da cidade. Aqui é úmido, frio e fétido. Existe muita sujeira, nenhuma alma viva por perto. Resolvo sair dali, quero vida! Fui para o centro da cidade, encontrei movimento - aquele mesmo que tanto me irrita - e vi algumas pessoas transitando vertiginosamente de todos os lados possíveis. Sumi da vista deles. Me localizo numa marquise que adotei, prioritariamente, como um posto de observação para vê-los, julgá-los( que piada! ) e venerá-los.
Vários ônibus chegam a todo instante nas paradas e derramam uma grande quantidade de pessoas ao mesmo momento que recebe outras mais, numa troca parasitária de deveres e compromissos. Sede. Fome. Desejo. Quisera que esses repentes sumissem dentro de mim, não gostaria mais de machucar as pessoas, rezaria, se pudesse, aos deuses e pediria, não, imploraria que me libertasse dessa agonia, do afã esperado e odioso que brada sob minhas veias. Algo chama minha atenção. Um rebuliço, uma algazarra, pessoas correndo atrás de outras trazendo consigo faces de ira e alegria numa esquizofrenia generalizada. - Cuidado com o arrastão! Se ouve o grito do meio da multidão que corre em disparada. Miro um dos “caçadores” quando este fica mais atrás do seu grupo. Vou até ele, abordo-o com violência e sem muito hesitar carrego seu corpo para a entrada de uma galeria. O “caçador” é um jovem adolescente vestindo uma roupa esportiva e um boné. Ele me olha assustado e começa a chorar. Sinto pena, mas não complacência. Todos temos nossas sentenças, assim como o vento que retornara para junto de nós dois. O vento cessa; eu respiro ofegante, quase fraco e olho para o chão manchado de poças de vermelho escuro, esqueço do resto. Saio rápido, o mais rápido que consigo. Ouço um grito seguido de outros mais bem atrás de mim, não me volto para saber do que se trata, nem tenho algo a dizer à respeito - já não tenho mais nada a dizer, te lembras?!
Preciso de ar. Meu telefone está tocando de novo. Atendo logo quando paro numa praça, escuto um homem falando: - Está querendo provar o quê? Do que você está querendo se livrar? Venha, agora, para cá! Rugiu o homem do aparelho. Eu nem quis fazer a questão de saber quem era. Mesmo tendo reconhecido. Quero mais que me esqueça, desapareça dos meus olhos e, atualmente, dos meus ouvidos. Continuo precisando de ar. Minhas mãos têm cheiro de sangue, mas estão limpas e então, as ergo para cima tentando alcançar qualquer uma daquelas estrelas como se pudesse fazer um acordo com Deus. “Não sei porquê tenho que te pedir desculpas, jamais descobri se fiz algo tão errado para merecer isso tudo. Mas mesmo assim, eu peço”. Iniciei uma oração em silêncio que parecia estar reverberando entre as árvores. O céu ficou encoberto e começou uma chuva forte, mas passageira. Desconhecia que sabia rezar, tive medo quando o tempo modificou-se e a noite engoliu as estrelas colocando as nuvens pesadas sobre a cidade. Mas acabou tão rápido, quando como começou. Acreditei que aquele ato meteorológico não passava de uma resposta negativa aos meus pedidos. “Merda”, foi só o que eu quis dizer. Sabia que o tempo estava passando, já estava na hora de ir embora, sumir dali, chegar em casa e desistir da essência por essa noite, pelo menos por essa noite eu tinha que conseguir ser eu. Até agora só poderia culpar a mim mesmo. Não consegui ter a vida, só a morte como prêmio.
As ruas encharcadas armazenam grandes poças e andar pulando-as, driblando-as se tornou um desafio entediante. Quero ir embora, preciso chegar aos meus aposentos, passo por ruas, e outras avenidas, cruzo atalhos e não chego ao lugar final por eles de maneira mais rápida. Creio estar perdido, mas não sozinho. Na minha cabeça, as lembranças dissimulam os fatos marcantes. Sangue, gritos, vento, correria, suavidade, barulho, noite, Luísa, Sofia. Entrecortam-se às navalhadas diante dos meus olhos abertos, que nunca piscam. Preciso de ar. Estou ofegante, temo não conseguir chegar em casa. Sobrevivência.
Nunca tive tanto medo, tanto dessabor em não ter certeza de algo. Parece que vou explodir, meus pensamentos vão tomar formas físicas e ao verem meu corpo no chão, se reunirão para rirem a vontade. Tenho que chegar em casa. Abrigo. Segurança. Estou perto, pressinto. Tremo todo o corpo, mal firmo as mãos geladas e avermelhadas. Peço socorro a ninguém. A porta, finalmente. Estou em casa. Nas trevas conhecidas, na jaula. Respiro fundo e o ar não preenche meus pulmões. Quebro uma das janelas cerradas e vislumbro a noite. Encaro a lua e, ao baixar os olhos, vejo diante de mim, o edifício da artista pensativa com sua janela aberta. Sua figura não tarda a aparecer da mesma forma que antes, me olhando profundamente dentro dos meus olhos. O vento sopra áspero, e ela sorri fechando a janela lentamente. As luzes se apagam. Cambaleio para trás e caio em minha nuvem branca. Alcanço o telefone e digito vorazmente. Aguardo o sinal. Preciso de ar. A ligação não se completa, estava ocupada a linha. O nascer do Sol inicia-se e luzes começam entrar pela janela arrombada. Vejo as cores dos primeiros raios do Sol desenhando entre as paredes dos edifícios, vários formatos, muitas texturas. Estou com sono. Estou sozinho nas mãos de Deus.