quarta-feira, 31 de março de 2010

" DO REALEJO DO MACACO CEGO, AMANTE SECRETO DAS BORBOLETAS SUICIDAS", por SANNIO.


PARTE 4:



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- Alôo! - a voz que segue é arrastada. Mas a reconheço, é Júlia!
-Alô. Dona Júlia, aqui é o Tomas. Tomas Leno! - digo.
- Olá Senhor Tomas! Diz ela, respirando profundamente. Espero que não tenha ligado apenas para perguntar sobre os seus honorários! - indigna-se.
-Não dona, eu vi que a senhora já depositou. Liguei para lhe falar de seu marido. - e faço uma pausa para acender um cigarro. A puta aguarda em silêncio sepulcral.
- Dona tenho de lhe dizer. Não foi muito difícil achá-lo...
- Então me diga! Onde está esse filho da puta?- me interrompe.
- Bom, a senhora provavelmente não sabia que seu marido freqüentava um bar de motoqueiros, em um lugar afastado da cidade.
- Eu sei que ele tem uma moto. Mas prossiga! - disse a vaca ofegante ao telefone.
- Pois é Dona. O que a senhora não sabia é que ele levava a secretária riponga pro tal do bar!
- E como você chegou a esse bar?- perguntou, obviamente duvidando das minhas habilidades de detetive experiente.
- Eu tenho minhas fontes dona! - disse todo orgulhoso, com certo ar de tristeza, confesso ao lembrar dos setenta mangos que eu paguei ao porteiro para que ele cuspisse a informação.
-Hummm... sei! - disse à “senhora” Júlia desconfiada.
- Eu tenho tudo documentado dona... A propósito, a senhora já leu sua correspondência hoje?- disse.
- Não!...Ainda não! - respondeu a "dona".
- Leia uma carta minha, endereçada a senhora, que eu volto a lhe ligar daqui a quinze minutos. E desliguei na cara da puta.
Quinze minutos depois eu liguei.
A "dona" tava em prantos.
- Eu não acredito! - Disse soluçando. Essa que é a lambisgóia?- me perguntou, provavelmente segurando uma das fotos que eu lhe mandara.
- A hippie de cabelos castanhos dona? - perguntei.
- É- é... essa! -disse entre engasgos e soluços.
- Nessa foto. Eles aparecem já na comunidade "riponga", aqui em São Vaz de Sebastião!
- Você ainda tá aí? - perguntou à boazuda atônita.
- Tô dona!...Tô sim! - disse, enquanto abria um sorriso bobo.


CONTINUA!
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BENÇÃO, por Renato HELL Albasini



Poema/Música/poesia...Um blues...Apenas um blues....



Saudade sempre começa e não termina
Saudade é seu beijo para quem imagina
Saudade é tudo que em você se aprecia
Saudade é sua benção, menina...

Hoje não posso descansar
Fechar os olhos e sentir você por aqui
Nesse dia sem sol eu vou chamar
A saudade lhe trazer pra mim...

A sua beleza reza
Com todos os elogios
Que me leva
Para meus caminhos...

Saudade que aquece a solidão
Saudade que amanhece ao lado
Saudade que não pede perdão
Saudade desse amor apaixonado...

Sei que você não é menina
É uma mulher que a vida enfeita
Em todas as horas do andar dos dias
Você é minha, só minha, quem eu queria...

terça-feira, 23 de março de 2010

'DO REALEJO DO MACACO CEGO AMANTE SECRETO DAS BORBOLETAS SUICIDAS (continuação)", por SANNIO


créditos:

Seleção de imagem: Tommy Wine Beer, furtada do blog www.hellzurzir.blogspot.com, de R. Hell Albasini.

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PARTE II





O isqueiro não acende de primeira, tenho de riscá-lo uma segunda vez para que ele produza alguma chama. Enquanto deixo a pólvora do cigarro queimar o papel branco, lembro-me da vadia loira que bateu em minha porta a noite anterior. Que par de melões! Resmungo baixinho no meu solitário delírio fanático.
Sugo o filtro laranja do cigarro imaginando ser o bico de um de seus seios. Se eu estivesse em casa ou no escritório, provavelmente sucumbiria a vontade de me masturbar ajoelhado de frente para o vaso sujo. Mas não estou!
Em vez disso estou parado em frente a um bar de motoqueiros imaginando por que eu não escutei a mamãe quando ela me mandava estudar!
A rua toda fede a urina e as motos estacionadas em frente à porta são dignas de pena. Isso sem falar nos clientes do estabelecimento: uma cambada de cabeludos mal-encarados! Todos praticamente vestindo couro e com os braços "riscados".
Coço no bolso direito da calça uma parte do adiantamento que eu consegui extorquir da vadia boazuda. Tento fazer minha cara de "comi a sua garota, e daí?". Porém acabo com o semblante de "por favor, não chutem o meu saco!"
Entro no bar com o rabo tão apertado que, se eu cagasse agora, a bosta sairia em forma de espaguete!
O buteco estava bem movimentado. Devia haver quase umas trinta pessoas lá dentro. Algo próximo da lotação máxima, já que o bar não tinha mais de dois metros de largura. Às quatro mesas existentes já estavam ocupadas. À mesa de snooker então: completamente infestada de motoqueiros e vagabundas!
Me escoro no balcão às minhas costas.
- O senhor vai querer alguma coisa? - ouço de uma voz rouca de mulher perto do meu ouvido.
Quando me viro entendo o porquê de tantos clientes: a garçonete, apesar de visivelmente já ter passado pelos seus áureos anos de juventude, é uma “puta” de uma gostosa!
- O-oi! - pateticamente gaguejo ao cumprimentá-la.
- E então gordinho?! O que vai ser? - a potranca diz isso, enquanto debruça os peitos sobre o balcão úmido.
- Tanta coisa!... - Suspiro.





PARTE III



Desperto com um sovaco semidepilado na minha cara. Tento identificar aos poucos de quem é o braço que repousa tranquilamente sobre o meu nariz. É a coroa peituda do bar de motoqueiros! - Exclamo surpreso. Logo sou atingido por flashes da noite anterior. E por uma dor de cabeça familiar.
Levanto o lençol, ainda com a cara enfiada no braço da coroa. Hummm! Belo rabo! Olho em volta. Puta pardieiro estranho esse que eu fui parar! Até o teto tá descascando!
Sorrateiramente retiro o braço da mulher. Se eu ao menos lembrasse o nome! Tento avistar as minhas calças pelo chão. De repente, uma fração de lembrança me golpeia.
"- Não vai tirar às calças gordinho? "- disse a coroa gostosa com um dos peitos de fora.
"-Depois!... Primeiro eu preciso saber como eu chego até o corno do Saul Bone!" - disse eu, lambuzando meus dedos na sua virilha.
"- Humpf! – Retraindo os beiços ela diz: Eu já te disse gordinho! Pela estrada cinqüenta e oito!”
"-Onde mesmo?"- respondi, botando o pau pra fora da calça.
"- Pela cinqüenta e oito amor (odeio esse tipo de tratamento)!" -disse enquanto se esfregava em mim. "-Você (ela também não lembrava o meu nome), segue pela cinqüenta e oito... - pegou fôlego.
"-Dobra a esquerda pela estrada de chão e roda mais uns três km (ela achava que eu tinha carro). - e fez uma cara que misturava prepotência e tédio madrugadouro.
"-Ah... é!" - respondi.
"- Agora tira essa calça!"- murmurou a vaca.
- Sentiu minha falta - falou a gostosa despertando do seu sono de minerva, me trazendo de volta ao presente.- Claro - respondo.
E volto a me enrolar em seus braços.
"- Dessa vez eu vou lembrar!"







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CONTINUA!

"DO REALEJO DO MACACO CEGO AMANTE SECRETO DAS BORBOLETAS SUICIDAS", por SANNIO.


Créditos:
Edição de texto e seleção de imagem: Tommy Wine Beer.
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PARTE I



“Pléc! Pléc! Pléc!” O barulho daquele salto quinze acabou me acordando.Bem agora que Dalila Cavalcanti ajoelhava-se na minha frente. E abria meu zíper com os dentes.
- Vaca maldita! - resmunguei enquanto levantava a cara amassada pela mesa do escritório.
Não tendo outro caminho, a não ser encarar minha triste realidade. Enfiei a mão calça adentro e deitei minha pemba, mais a esquerda do golfo.
Desfrutava no momento de uma ereção delirante. E já começava a imaginar o tamanho do rabo da vadia que sapateava em minha porta.
“Toc! Toc!" - ecoou na madeira velha da porta.
- Está aberta! - gritei, sem fazer a mínima menção de me levantar.
De repente a porta rangeu, como rangem as portas de filme de horror. E aquela rapariga voluptuosa veio aos poucos se aproximando.
- Posso entrar? - perguntou depois de já estar a mais de um metro e meio escritório adentro.
- Tenha bondade! - respondi, levantando minha bunda obesa da cadeira velha.
- Em que posso ajudá-la senhorita... - e fiquei lá esperando resposta como fazem os detetives das tele-novelas.
- Bone. Júlia Bone! - disse minha mais recente musa.
Uma diva magnífica, que só tornava cada vez mais insuportável à dor nos meus testículos.
Huummm... Eu engolia meu gemido de êxtase solitário, enquanto encarava aquele par de peitos dourados.
- Você é Tomas Ledo?
- Isso mesmo boneca! - respondi o óbvio. Já que meu nome estava na porta e na placa de plástico vagabundo, em cima da mesa.
- Preciso que você encontre meu marido!- disse ("cantou", para meus ouvidos).
“- Puta que pariu!” - pensei.
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NAZIS FACIS FUCK OFF por Renato HELL Albasini


Pois é...

A TV hoje se tornou um festival de nazis facis desfilando com suas bandeiras. Saco isso! Ou é marrombados arrotando imbecilidades diante de bundas gostosas de fios dental falando suas vãs filosfias mundanas ou alegres rapazes saltitantes e nem tão rapazes ou moçoilas pra lá de rapazes metendo a cara, a mão e a boca onde quer que estejam.

A homofobia assim como a homoeuforia acabam por muitas vezes também tendo essa tendência quase doutrinatória e para alguns tirânica. Explico: A super-exposição da atitude homossexual é um direito. Assim como a auto-exposição de futuras capas de Playboy e Sexy ou de propostas de filmes pornôs. Os ranços de um lado e de outro são tão caducos e preconceituosos quanto dos direitistas e esquerdistas que ficam degladiando com suas posições políticas já um tanto saturadas.

O extremismo, ao meu ver, seja ele qual for, sexual, político, religioso, físico...è fruto de uma sociedade que ainda preza pelo seu desmoronamento. Quer destruir o alheio para manter a ordem. E a de se convir, se não me incomoda, dane-se, faça o que quiser, porém quando estoura o cano do banheiro por causa da infiltração na casa do vizinho, daí as coisas são bem diferentes.

O livre arbítrio e a noção de bem estar não podem se confundir com a estupidez do individualismo progressivo. Se você não é uma pessoa que se identifica com tal personagem, pessoa, identidade, entidade, situação, então não provoque o afrontamento. Isso não quer dizer que você tem que engolir toda a "porra" que é depositada na sua frente. Não, mas dar espaço ao outros. Mas claro, busque o seu espaço também.

Creio que vivemos num mundo demasiadamente observado. Temos facebook, twitter, orkut, flickr, blogs, fotologs para sabermos onde estão, quem são e o que pensam, mesmo não querendo, não se importando...Mas temos que vigiar. Deveríamos todos usar as ferramentas para criar novas ideias, sem que elas ultrajam os polos dos outros. Minha opinião...Mas como opinião todo mundo tem assim como bunda, fica a critério de cada um. Quero aqui deixar bem claro, sem medo, não impeça o outro de existir só não queira existir mais que o outro. "NAZIS FACIS FUCK OFF (Dead Kennedys)".

sexta-feira, 19 de março de 2010

"SOBRE CAIXAS IDIOTAS E UMA ESPONJA BACANA", por TOMMY WINE BEER


"Vem cá vem ver, como tem babaca na TV! Vem cá, vem cá. A vida é doce. Mas viver tá de amargar (Baleiro, Zeca in O HACKER)"


"Baby, o que mais me importa, a poesia está morta, mas juro que não fui eu, tudo à minha volta são reclames, desejos vãos e só (BALEIRO, Zeca in MUNDO DOS NEGÓCIOS)"



Eu me COMPADEÇO um TIQUINHO com a molecada de hoje em matéria de desenhos animados. Especialmente com o meu PIMPOLHO “Bi” (12 pra 13 anos) e o TRAQUINAS do meu irmãozinho TEMPORÃO conhecido com “Chuchu” (7 pra 8 anos).
Tá certo que toda geração tende a puxar a sardinha pro seu assado. Entretanto dentro daquele meu ESPÍRITO FILOSÓFICO de procurar a verdade, tenho para mim que os desenhos veiculados na TV nas décadas 80 e 90 DÃO DE RELHO nos “de atualmente”.
Mas nem tudo está perdido! Graças ao animador e biólogo marinho estadunidense Stefhen Hillenburg criador do desenho animado Bob Esponja Calça Quadrada. Um desenho genial! Arte SIM senhor! Embora para o senso comum desenho animado seja coisa de criança ou retardado, animações como Simpson´s, Bob Esponja, Mission Hill são produções com o conteúdo muito superior ao Jornal Nacional, Faustão e outras NULIDADES que desfilam pelos monitores das casas da família brasileira!
Com perdão do JURIDIQUÊS, olha que estamos falando de concessões públicas, ou seja, de um serviço público, autorizado pelo Estado, que a iniciativa particular o explora. E o conteúdo, em regra, é um lixo!
Entretanto não estou aqui para falar TÃO-SOMENTE de MAZELAS! Sim leitor ARGUTO você pode ir além da ESPESSA e SEMI-INTRANSPONÍVEL crosta de merda que envolve a produção de áudio-visual em nossa televisão.
E Bob Esponja é uma das flores brotadas no lixão! Só pra exemplificar escolho um episódio para comentar, intitulado IDIOT BOX:
Prestem atenção na ironia, no conceito e no engajamento da trama! Um caminhão de entregas dirige-se a casa-abacaxi, onde reside o Senhor Calça Quadrada. O funcionário da Empresa desce do veículo carregando uma enorme caixa de papelão. Faz a entrega para Bob. Bob assina o recibo.
Momento chave do episódio: Bob abre a caixa, retirando um enorme televisor de seu interior. Enlevado, em êxtase, eufórico... Grita algo como “Que legal!!!”. Ato contínuo faz algo como um muxoxo para a TV jogando-a fora e vai se divertir com a CAIXA (Juntamente com seu inseparável amigo Patrick Estrela, CLARO!).
Enquanto isso o XAROPOSO do Lula Molusco encontra a TV. Fica todo PIMPÃO! E na sua empáfia dirige-se a Bob e Patrick para ACHINCALHÁ-LOS, ainda mais quando os mira brincando na “caixa idiota”.
Bob convida-o para brincar. Lula repele o convite obviamente. E dirige-se para sua casa CHEIO DE SI para curtir sua nova aquisição tecnológica.
Em seguida Lula está em sua casa, de saco cheio da TV e começa a ouvir estranhos sons vindos da rua. Uma sirene... som de surdina... disparos de armas... não lembro bem agora.
Vai até a rua e vê somente a caixa! Aquela caixa idiota!
Bob e Patrick ainda estão lá! E é de lá que vem o som! Então Lula perquire Bob a respeito do local de onde viria o estranho som de um carro, acho que era de um carro... surdina ou motor.
E Bob responde é só I-MA-GI-NA-ÇÃO!, desenhando um arco-íris com as mãos. Lula vai tornando-se COLÉRICO. Incrédulo acusa Bob de estar escondendo um gravador onde ele teria o áudio do misterioso veículo!
Bob repete é só a minha I-MA-GI-NA-ÇÃO! Repetindo o gesto anterior.
Lula já POSSESSO quer enviá-los ao inferno. Vai embora ENCASQUETADÍSSIMO. Ora de que diabo de lugar emanava aquela barulheira frenética? Qual era o truque que o MARIOLA do Bob Esponja e o ATOLEIMADO do Patrick estavam usando para produzir sons de um automóvel?
Foi deitar-se para dormir. Eis que os sons não paravam de martelar em sua cabeça! Estaria delirando? Correu para a rua...
A caixa idiota ainda estava lá! E vazia! Então saltou para o seu BOJO! Sentou-se como quem senta no COCKPIT de uma POSSANTE máquina! Tentou engatar uma marcha no imaginário câmbio. E nada! Mais algumas tentativas em vão. Suava frio! De repente as coisas pareciam estar funcionando! Ouviu o barulho de motor e todos os demais caracteres sonoros de um carro em movimento! "FUNCIONOU" gritou ele!
Só que na verdade um caminhão de lixo havia recolhido a caixa, e o som era dali, do DMLU deles! E o DESDITOSO do Lula Molusco acabou atirado no aterro sanitário da Fenda do Biquíni.
Então fica mais essa diquinha! Nessa época em que público e produtores parecem sofrer de uma espécie de anorexia de idéias (novas). E o povo anda abusando de tóxicos, permitam-se um pouco da sandice dessa trupe do fundo-do-mar! Dá baratinho sim senhor(a)!
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"TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA", por SANNIO


Créditos:
Seleção de Imagem para texto de In.Sannio "Toda Nudez Será Castigada" de Tommy Wine Beer.

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_ Que bonito né Neco? - me interrogou brevemente, com um sarcasmo não habitual, Dona Mary. Não que Dona Mary não fosse sarcástica. Não! Não! Não!...Longe disso! O fato da digníssima senhorita citada, ser a minha garota (eu sei soa arcaico...), já comprova o seu excelente senso de humor!
_ Oi Mary! - respondi com maior a cara-de-pau. Esta sim, habitualíssima.
Enquanto isso disfarçadamente me afastava um pouco da menina (sim, a velha figura de linguagem) que se sentara ao meu lado. Isso antes de Dona Mary chegar...
_ Te procurei a tarde inteira. E tu aqui! - esbravejou com um tom de voz não muito alto. Dona Mary tinha esse dom de parecer querer te matar. E mesmo assim, falar com uma voz tão mansa quanto um monge tibetano. Infelizmente, não poderei explicar exatamente o que Dona Mary quis dizer com aquilo. Eu só posso dizer que pudesse eu ler seus pensamentos naquela hora. Metade deles seriam impronunciáveis.
Calmamente (eu fico muito calmo quando estou nervoso [???]) levantei-me e arrastei-a dali. Prometi-lhe um sorvete de chocolate .Eu sempre oferecia sorvete de chocolate quando a gente discutia. Achava generosidade. Ao menos um dos dois chegaria a algo próximo do orgasmo!
_ Você é um sem vergonha mesmo... -Bem que minha mãe me avisou... Você não passa de um vagabundo! - esbravejou a pequena.
_ Epa ...! - como acordando de um sonho em meio a uma suruba envolvendo só gente feia, repliquei:
_ Não me fale da senhora sua mãe (estou tentando poupá-los do que eu realmente disse!).
_ Eu ao menos não fico o dia inteiro escorado na janela! Ela já deve ter calos nos cotovelos de tanto tempo que fica lá!... - disse.
Sua resposta também foi áspera. Mas acabamos ficando de bem, depois do também habitual dramalhão mexicano. E do "insaboreável" (pasmem, mas eu não gosto de sorvete), Dona Mary sempre se acalmava depois do tal sorvete de chocolate. E eu às vezes conseguia até uma transa com isso. Ah, e quanto à "menina" que estava no banco comigo? Nós estávamos de "sem-vergonhice" mesmo!




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quinta-feira, 18 de março de 2010

"SOCO" (Sannio)


Não existem golpes baixos que sejam realmente baixos.

Golpes são golpes...

A dor não é diminuta se te escolhem os dentes ou o saco.

Tanto faz! Vai dor de qualquer jeito.

É a dor do dia seguinte que vai te causar desconforto. Quando você lembrar da violência, da humilhação, do desrepeito à que foi submetido.

É na hora de se ver no espelho. Na manhã seguinte. Quando você lavar o rosto. E erguer seu rosto molhado. É nessa hora que a dor dirá à que veio.

E você, seu ego e sua alma feridos sentirão o horror daquele soco.

Mesmo que o tal soco tenha sido dado só com palavras.

quinta-feira, 11 de março de 2010

"QUATRO REAIS", por SANNIO.



Aconteceu em Julho...
Meus olhos ardiam naquela manhã de Domingo.
A festa já havia acabado.E meus cigarros também.
E quando tudo me dizia que era hora de ir embora...
Você veio!
Confesso que fiquei um pouco abobalhado com a visão que tive.
Um metro e sessenta de puro esplendor.
Olhos castanhos, como a penumbra de um prostíbulo de quinta categoria.
Cabelos loiros que confundiam-se com aqueles primeiros raios de sol.
E um sorriso lindo que mais parecia uma descrição de um sorriso escrita pelo Chico Buarque.
Cautelosamente correspondi seu sorriso com um meio sorriso.
Apenas uma arqueada na metade dos lábios. Como se fosse um derrame espontâneo.
Você então se aproximou lentamente. E com aqueles lábios da cor de pitanga, me disse:
_ Tu tem um cigarro?
Um calor infernal subiu pela minha espinha. E me lembrei de todos aqueles rostos a me pedirem cigarros.Todos aqueles sorrisos amarelos e dissimulados.
_ Não! -respondi.
_ Que pena!-disse.
E fiquei olhando aquela bunda se afastar.
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quarta-feira, 10 de março de 2010

O QUIXOTESCO, por Renato HELL Albasini


O tempo é uma puta. Que nem toda a mulher desejaria ser e nem se ofenderia se a fosse.
O tempo chegou socando o espelho trazendo as caretas da idade. E não por menos deixou às suas cicatrizes no menos imortal que necessário personagem, Arni. Outrora um cavalheiro quixotesco sonhador. Que abusava há dez anos atrás de calcinhas, bebedeiras e outras coisas a mais ou de menos que não ficaria bem ao atual momento da sua vida. Isso não é um dossiê. É apenas uma lembrança que somos um clichê da Criação. Do ser humano; de ser humano.
Arni se tornou pai. Se formou. Advoga. E divaga. Sobre tudo e nada. Sobre nada mas com tudo que possa incluir nesse branco instante. Antes apaixonado por todos os olhos femininos que compusessem a sinfonia de bravatas inconsistentes; hoje respira nos poros da amada que completa-o em crises e ovações.
Ele continua sua dantesca jornada diária com a batalha de encarar o mundo. O vê como a Hidra com sua sete cabeças e parte com seu alazão na sua direção gritando aos deuses proteção para vencer mais um obstáculo. Arni não sucumbe ao tempo e nem se ajoelha aos percalços.
Lembra-se de quando ficava nos cordões da Cidade Baixa bebendo vinho barato ou quando servia copos e copos de plástico com a cerveja que esquentava, ao mesmo tempo, ele falava com todos os adjetivos sobre o narcisismo até a crise econômica mundial projetando o fim do mundo não em 2012, mas assim que chegar em casa. Arni, um entre tantos, entre todos, um pouco de cada um e único.
O Quixotesco ainda respira comedido nos travesseiros da comodidade dos anos. Ao lado do tempo que o domestica, mas não o detêm. Veja as próximas linhas. Nos próximos textos que ele erguerá sua lança, seu pilo, e socará nas entranhas das frases e arrombará as portas do puritanismo cético da idiotice que nos comove. Arni, nomeado como Cavaleiro da Ordem dos Lunáticos Observando Urubus Comendo Alface. Erga o nosso império.

terça-feira, 9 de março de 2010

VÔ IMBOLÁ (Tommy Wine Beer)


Melhor disco do Zeca pra mim! Capa maravilhosa! Que figurino!
Disco de 99! Princípios Tropicalistas... parabólica na lama (Mangue Beat)... Sargent Peppers lá atrás... cara se falou, e teorizou tanto sobre esse disco que me nego a fazer o mesmo que fiz sobre o Stephen Fry.
Até pra não dizer mais necedades!
Embolada, rap, rock, reggae, tango, programações eletrônicas...
Participação de Zé Ramalho, Zeca Pagodinho! E discão bom da porra!
Todas as 14 faixas são do meu agrado! Du caray mesmo!
Destaco então:
“Vô imbola” que tem uns versos muito bons:

“quando eu nasci era um dia amarelo
já fui pedindo chinelo
rede café caramelo
o meu pai cuspiu farelo
minha mãe quis enjoar
meu pai falou mais um bezerro desmamido
meu deus que será bandido
soldado doido varrido
milionário desvalido
padre ou cantor popular ...”


hehehe!!!
E a sentença “Alegria não tem grife” pô dá pra fazer até um bloco de carnaval com esse nome!
A tiração de sarro de BIENAL hehehe... quando eu ouvi pela primeira vez , olha fiquei DOIDÃO mesmo, mais do que em muito porre que já tomei!

“desmaterializando a obra de arte no fim do milênio
faço um quadro com moléculas de hidrogênio
fios de pentelho de um velho armênio
cuspe de mosca pão dormido asa de barata torta ...”



E PIERCING hein? Desconfiança da modernidade, crítica ao consumismo desenfreado, culto ao hype... canção de luta porra!

“o presente não devolve o troco do passado
sofrimento não é amargura
tristeza não é pecado
lugar de ser feliz não é supermercado...”



Ora o poeta não destoa de toda a marcha do mundo capitalista?!
E a regravação de TEM QUE ACONTECER do Sérgio Sampaio! “Puxa vida” como diria o professor Osterman!


“...se um vai perder outro vai ganhar
é assim que eu vejo a vida
e ninguém vai mudar...



De cortar os pulsos, a luz, a água, até o pênis se duvidar!
Esse disco é tão MASSA que o dia em que eu ficar rico COMPRO a MÍDIA FÍSICA mesmo! Recomendo muito!
P.S - Vai rasa essa crônica como um pires, como o Alexandre Pires... Por que na profundidade acho que caí no poço fundo da minha ignorância! Prometo que agora vou me REDUZIR à condição de apreciador da música e falar menos dela para o bem do cyber espaço.


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POR ONDE ANDARÁ STEPHEN FRY? (por Tommy Wine Beer)



Embora promessa pra mim seja como perna de ponta-esquerda habilidoso: ou seja, feita pra ser quebrada.

Começo a pagar agora a minha de tentar escrever algumas linhas sobre a Obra de Zeca Baleiro.

'Por Onde Andará Stefhen Fry' é do longínquo ano de 1997. Tempos em que Zeca ostentava um frondoso picumã.

Albúm de estreia do compositor e cantor maranhense Zeca Baleiro. 13 faixas. Disco de Ouro! Com as especialíssimas participações do cabeça de cebola Chico César, de Robertinho do Recife “o Jimmy Hendrix brasileiro” e do Geni(v)al Lacerda “o Michael Jackson brasileiro”!

A canção que dá nome ao álbum é meio chatinha: (Por onde andará) 'Stefhen Fry'. Num lance de compositor folk, Zeca leu a notícia do sumiço do ator depois de uma apresentação em que foi vaiado e compôs a "moda". Entretanto esse "TEMA" da mostra de um dos maiores PODERES de Zeca: tirar canções de lugares onde ninguém as encontraria. Este rapaz podia assim ser chamado: Zeca Baleiro “O Fugitivo do LUGAR COMUM”!

O disco tem também duas canções “engraçadinhas” que não figuram entre as melhores compostas pelo mestre: são elas ‘Kid Vinil’ e ‘Parque de Juraci’. Apesar de que ‘Parque da Juraci’ dar o mote pra falarmos de um importantíssimo predicado de nosso querido José de Ribamar: o título de maior trocadilhista do cancioneiro brasileiro! Do filme "Jurassic Park" ele mirabolou a canção 'Parque de Juraci'.

As faixas 'Mamãe Oxum', 'Pedra de Responsa' e 'Essas Emoções' demonstram outra faceta marcante dele: a utilização dos riquíssimos ritmos regionais do nordeste (norte também talvez?) brasileiro! O que deságua num lado dançante da sua obra que a torna ainda mais ECLÉTICA, CURIOSA e GENIAL.

'Salão de Beleza' e 'Heavy Metal do senhor' são marcas de outro aspecto característico da obra baleirística: a crítica de costumes, o olhar sociológico que Zeca sempre admirou na canção brasileira e que ele dá uma contribuição importante pra caralho!

Em 'Salão de Beleza' temos a questão da ditadura da beleza padrão, artificial, ditada pelo mercado. Da indústria do Culto aos produtos de beleza. Um certo tipo de Hype que tanto enoja o cara! Essa artificialidade, um certo moralismo estético e até comportamental, um ideal de perfeição que gera muita frustração entre nós simples mortais que não temos a grana ou a disposição da Suzana Vieira ou da Ana Maria Braga pra passar mais tempo deitada em mesa de cirurgia do que numa rede ou "nos pelego" chamegando com nosso "dengo".

Em 'Heavy Metal do Senhor' depreendo uma tirada de sarro com a hipocrisia dos artistas que enveredam pro Gospel Style. Porra, até a Sula Miranda virou cantora gospel! Deixando todos os seus súditos caminhoneiros sem sua rainha! Ninguém tá pela grana quando transmutam-se em ovelinhas do bom Deus! Essa eu acho que vai pro TOP 10 das músicas que mais gosto de Zeca! Chapei mesmo quando ouvi: "Heavy Metal do Senhooooooooorrrrrrr!! E ainda com a Vanderléia no Clip!

'Skap' e 'Dodói' são duas canções lado B que eu amo de paixão! A primeira tem uma melodia tocante, executada ao piano e violino e um jogo de palavras muito charmoso; 'Dodói' é um reggae bem humorado com outra marca do Zeca que perpassa toda sua obra: suas "rimas geográficas”.

Fecho esse trabalho com os dois HITS do disco, onde fica cristalino que Zeca fumou, cheirou e bebeu muito da POESIA BRASILEIRA e em tantos outros compositores-poetas como Bob Dylan.

Bandeira é linda, escolhi dois versos dela de pura sabedoria que podemos tomar pras nossas vidas como um aconselhamento do poeta pra que não percamos nosso precioso tempo: “não quero medir a altura do tombo/ nem passar Agosto esperando Setembro”.

Por fim abordo 'FLOR DA PELE' talvez a obra prima do álbum em questão, e que arrebata o ouvinte no primeiro verso, dentre os mais sublimes da canção romântica no meu modestíssimo entendimento: “ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar”.

Agora é só acessar o site oficial do MALUNGO (
http://www2.uol.com.br/zecabaleiro/) e ouvir!




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