sexta-feira, 30 de abril de 2010

Café Sem Açúcar, por Renato HELL Albasini


Roteiro para um filme, curta metragem, decupado em cenas.

Take 1- Câmera em primeiro plano - Um homem acorda. Enrolado em edredons. Cabelo desalinhado. Sem camisa. De bermuda com elástico cedendo. Espreguiça-se estalando o queixo. Coloca a mão no rosto, arregala os olhos e busca um grito ao ouvir o barulho. Sacode a cabeça. Arregala mais ainda os olhos.
Take 2 A câmera olha ao redor - Panorâmica - Olha ao redor. Vê o quarto, calça no chão, camisas amontoadas em cima da cadeira diante da escrivaninha com um computador. A sua frente um quadro feito sobre a replica do cartaz do filme Scarface protagonizado por Al Pacino. Ao lado uma estante preta de alumínio abarrotada de livros, cds, mp3, dvds, copos de vários lugares, copinhos de cachaça, Tequila ou cafezinho. Ele pega o copo de cafezinho e sai cheirando-o. O seu olhar se volta para o outro lado do quarto e se depara com o roupeiro. Com uma das portas fora do lugar.
Take 3 - A câmera volta a focalizar apenas o homem na cama, um close no seu rosto.Observa com maior atenção fechando os olhos e percebe que está quase caindo, sendo segura apenas por uma das dobradiças. Esfrega, novamente, os olhos e faz um ruidoso bocejo.
Take 4 – A câmera abre o plano. Plano geral do quarto com o homem em primeiro plano. Gira o corpo sobre a cama e coloca os pés no chão.
Take 5- A câmera fecha no chão, nos pés do homem. E nos sapatos que ali se encontram. No chão pisa em cima de vários pares de sapatos e tênis que estão desordenadamente espalhados. Parece um campo minado e com a maestria de um especialista em bombas, passa entre todos os obstáculos até chegava à porta que se encontrava fechada.
Take 6- Close na mão na maçaneta. Sua mão direita gira a maçaneta com cuidado.
Take 7 - Plano médio, do peito do homem para cima. A porta se abre e uma brisa esbarra em seus cabelos levemente compridos.
Take 8- Plano geral de frente.
Take 9 – Plano geral das costas do homem. Na sua frente há um enorme espelho que o encara.
Take 10- Close na observação do homem (ponto de vista). Volta ao plano médio. Ele se observa, passa mão no queixo, faz uma pose encolhendo a barriga, contrai os músculos, força o bíceps. “Quem é o melhor?” “Quem é o maior cara que você já conheceu?” Bom dia! Bom dia, por que?! Ele pisca para o espelho e gira os braços num movimento circular apontando com os indicadores das duas mãos para a imagem refletida.
Take 11 Plano geral de frente. E sai.
Take 12- Close no espelho Porém, a imagem fica. E só mexe a cabeça observando ele caminhando. Sacode a cabeça negativamente fazendo uma cara de certo desprezo e desdém.
Take 13- Plano geral O homem chega à sala de estar que é ligada a cozinha e as demais peças do seu apartamento. Vai até a porta principal do apartamento a única entrada ou saída dali, fora, as janelas da cozinha/área de serviço, da sala e do quarto. Ele pega o jornal que fora jogado nesse minuto por baixo da porta.
Take 14- Close. Ele se ajoelha e consegue ver os pés do entregador. E faz um sinal obsceno com o dedo.
Take 15 – Plano Médio. Agradece sem abrir a porta e nem recebe resposta. Resposta pra si mesmo, abraçando-se, dando tapinhas nos braços. Folheia o jornal e vai até a janela que está fechada e quando levanta a cabeça vê o seu reflexo de braços cruzados o encarando.
Take 16- Close na janela.
Take 17- Plano Geral de frente do homem. Ele pára. Larga o jornal e torce a cabeça para o lado esquerdo alternado para o direito. “Mas que porra é essa!” Tenta olhar com mais atenção.
Take 18- Plano Geral de frente do homem. Alterna close no espelho. O reflexo se aproxima com o movimento dele. “ Tá olhando o que? Sério?!, Me diz?! Tu me vê todo o Santo dia e noite. Vejo essa cara sem dizer uma palavra e qual é a surpresa?”
Take 19-Plano Geral de frente do homem. O homem arregala os olhos e sai em direção ao banheiro,
Take 20- Closes. gira a torneira e afunda a cabeça na pia, molhando o rosto e a cabeça, murmura: “Estou sonhando, estou sonhando. Ouvindo vozes, o que bebi ontem? Quantos dedos eu tenho na mão, diz sem olhar pra mão e depois olha para a mão direita. Seis, não cinco, cinco! Deve ser café demais. Espera! Eu não tomei café! Deve ser isso. Abstinência por café. Um dia de cabelo ruim.Um assim”,
Take 21- Plano médio faz o gesto com as duas mãos com as palmas abertas. “As mulheres têm isso.” E ergue a cabeça molhada e se depara com o seu reflexo que está quieto. Ele mexe no rosto, toca no espelho. Faz caretas. E começa a rir. Fica dando saltinhos. Fica de perfil observando com o canto do olho qualquer anormalidade. Fica reto. Faz cara de mal. E intima a sua imagem com a clássica frase de Robert De Niro em Táxi Driver, “Você está falando comigo?! Você está falando comigo?! E dá as costas para o espelho.
Take 22- Close nos olhos do homem. Ao virar-se ouve: Ei, me explica uma coisa, Você tem noção de como idiota você é todo o dia.
Take 23- Plano Médio no espelho. Cara, como é que você consegue se olhar no espelho e achar que com esse teu jeito está bem? Quando você sai de casa, fico pensando por alguns segundos, porque tenho que seguir você e daqui a pouco estaremos lado a lado. Eu bem que queria umas férias de você mas pelo amor de Deus. Você não tem o mínimo de semancol. Meu amigo, você é uma piada sem graça sabia. E o pior que é repetida todo o dia.
Take 24- Plano Médio no homem de frente. O homem parado, vira a cabeça e vê sua imagem gesticulando. A sua voz trás um sotaque acentuado fronteiriço. Puxando algumas consoantes, carregando-as. Olhos arregalados. Balbucia, “Como, ah, como...”
Take 25- Plano Médio no espelho. E a imagem retruca “Como, como, digo eu. Rapaz, você já se olhou no espelho? Ultimamente vejo o que você está fazendo. Acordando tarde. Saindo toda a noite trazendo umas gracinhas de filhotinhos de Cruz Credo, como se teu melhor amigo fosse São Jorge e para que você não dirija bêbado lhe empresta o Dragão. Mas toda a noite que você sai?! E eu tenho que ver isso e achar legal. Puxa vida há de se convir que é dose para leão. Melhor para dragão.
Take 26- Close. O homem agora encara a sua imagem.
Take 27. Close no espelho. Outra, você vive reclamando que faz isso, que não faz aquilo e o que você faz para melhorar? Assalta a geladeira, pega um pornozão, joga um Atari com o filme e a vida continua. E o ninguém aqui fica ali na espreita, lendo um livro, aqueles que você amontoa no pardieiro que você chama de quarto e parece mais uma jaula.
Take 28- Plano Médio. O homem abaixa a cabeça e diz, “Peraí, isso não está acontecendo. Quem é você? O que você está fazendo? Isso é uma pegadinha onde está a câmera? Ele abre o box do chuveiro, olha para cima. Sai do banheiro.
Take 29- Imagem do alto do chuveiro.
Take 30- Close no espelho. A imagem vira o rosto e diz, onde que ele está indo?! Ei , maluco, estou falando!
Take 31- Plano geral; O homem põe as mãos nos ouvindo, tapando-os, e vai para a cozinha, Close no fogão. acende o fogão e coloca sobre o fogo uma chaleira. Ele fica cantarolando uma melodia infantil. E emenda frases, dizendo, “eu não estou louco não estou ouvindo isso”. Ele tira as mãos do ouvido. Close no fogão. A chaleira já apita
Take 32 - Plano médio no homem. e ele tira as mãos do ouvido e olha de um lado para outro sem mover o corpo, somente os olhos. Close. E ao colocar o café solúvel na xícara que pegara do armarinho de fórmica branca, com pequenas portas de vidro e encara a imagem refletida num dos vidros.
Take 33- Close no espelho. “Além de ser um Looser – faz com a mão direita um L e o passa na testa. Me deixa falando sozinho.”
Take 34 - Plano Geral. O homem dá um passo para trás derrubando a xícara, close. Batendo( slow motion) na chaleira derramando água sobre seu braço que o faz patinar e cair sentado.
Take 35- Ponto de vista. Olha o teto. Ele no chão desmaia. Sua última visão, o teto branco escamando.
Take 36- Plano Geral. Ao acordar, ele se depara na sua cama. Se ergue de sobressalto. Pula da cama pisoteando os sapatos e se enrolando com as roupas no chão. A porta fechada, causa um certo temor. Close. Seu coração pulsa a ponto de ouvi-lo em alto e bom som. Quase em câmera lenta, ele coloca a mão na maçaneta e a torce. Close. E ele arregala os olhos quando se depara com o espelho.
Take 37 – Plano Geral. Sua imagem está lá. Close. Ele fecha os olhos. Abre devagar. E nada diferente acontece. Plano Geral/ Plano Sequência. É ele mesmo. Ele chega bem perto do espelho, toca nele, passa mão em si e no espelho. Põe a língua para fora. Abre as pálpebras. Faz umas caretas. Se acalma da às costas para o espelho seguro, pisando firme, vai até o banheiro e se depara com o outro espelho. Hesita em olhar para ele, mas de repente o encara como quem quer provocar uma briga. Cerra os punhos, e passa o polegar direito no nariz como se fosse um Bruce Lee. Faz uma saudação fascista e entra no box do chuveiro. Toma um banho prolongado cantarolando. Volta e meia para e dá uma risada pensando no que sonhara, pelo visto. Sacode a cabeça ridicularizando a si mesmo. Ele diz embaixo do chuveiro, com a cara cheia de sabonete, “Quem é o maior?” Ele sai, fecha a torneira, se enrola numa toalha que estava pendurada atrás da porta do banheiro, vai até seu quarto, abre a porta do roupeiro que está despencando, pega uma camisa, uma calça, uma gravata, calça um par de sapatos pretos que estavam debaixo da cama, cheira as meias que estavam dentro dele, faz uma cara de satisfação e as coloca. Penteia o cabelo no espelho do corredor de circulação. Faz uma dança desengonçada de moonwalker, depois faz a famosa pose de Michael Jackson colocando a mão na virilha e solta um grito, Quem é o Malvado?! Who´s bad? Gira nos tornozelos e sai pela sala indo até a porta. Antes de sair olha para trás e sorri. Fecha a porta.
A câmera anda pelos ambientes, a cozinha, a sala, o banheiro, o quarto e volta para o corredor de circulação onde pára e se aproxima do espelho. Vê-se a imagem do homem saindo do quarto, olhando bem para a câmera e sorrindo. Logo depois encolhe os braços e acena.

Antídoto. (além da dor) por Renato HELL Albasini



A sua mão foi segura. Ele tentou de todas as formas fechar o punho. E outras duas mãos apertaram tanto que conseguiram vencê-lo. O punho descerrado, a palma da mão aberta colada na base da madeira da mesa. Uma terceira mão surgiu no ar, enquanto os dedos da mão sobre a madeira eram arreganhados à força pelas outras duas que mantinham a tensão. As duas mãos prendiam quase colando na sua base. A outra mão suspensa pegou uma faca e começou a brincar. Batia com a ponta amolada entre o vão dos dedos acelerando o movimento. Risadas eram ouvidas, gargalhadas até. E um coro de vozes urrava que fosse mais rápido. Chegando ao ponto em que a mão, que orquestrava os movimentos, parou no ar e enfiou com toda a intensidade no meio da mão que estava aprisionada pelas outras duas.

A faca atravessou a pele, atingindo os tendões e entrando uma parte na madeira. Não se ouvia mais as risadas, mas o grito desesperado de quem fora vítima. Houve um “delay”, um retardo entre o ato da lâmina perfurando a mão e o grito do alvejado. A mão que o agrediu, que cometeu o ato não largou o cabo da faca, permaneceu ali segurando com força e começou a torcer a faca dentro da mão de um lado para outro. Ouvia-se entre os gritos lacerantes, o ruído da madeira sendo corroída. E não parava, o agressor, não fazia questão de diminuir os movimentos e nem a intensidade. A dor já não era mais física, ultrapassava o corpo, tomava proporções metafísicas. A mão já estava adormecida. Só que mesmo que ele não sentisse mais a dor, ela ainda “doía” em outros sentidos.

O agredido sofria às lágrimas, babando de dor, olhava a mão presa sendo cada vez mais perfurada, a dor que ele sentia já nem existia mais. Era apenas uma ardência do sangue e suor. O agressor parou de girar a faca. As respirações dos assistentes, ou assistente, junto com a do agredido e agressor davam um som rítmico.

Alguém dissera para soltar a vítima. E ouviu nada além do tapa que o agressor deu em cima da faca enfiada na mão do agredido empurrando-a, mais fundo, para dentro até metade da lâmina. E abandonou-a.

Deixaram a vítima presa ainda à mesa sozinha, no escuro. Ali ficou até desfalecer. Começou a delirar num sonho profundo. Acordou com a mão dolorida arroxeada; dedos retorcidos. Estava livre, em outro lugar. Sofria além da dor. Sentia a dor em seu peito.Sua mão estava perfeita. Ele só quer encontrar seu antídoto.


terça-feira, 27 de abril de 2010

"COMO UMA MÁQUINA DE DESOLAÇÕES" por Tommy Wine Beer








Me sinto confuso como o diabo...





Então escolho uma faixa bem triste do Dylan no MP3, do Modern Times. Bob Dylan com uma voz de ratazana malvada de desenho animado.


Cantando com o nariz!


Posso até ver aquele rosto macilento dizendo “a felicidade não é uma prioridade para mim”.


Se o Peninha falou tem FÉ PUBLICA né?


Agora ouço Desolation Row. Me sinto uma máquina de desolações. Esta é que é a verdade!

Se ao menos fosse a “Cate Dylan” cantarolando baixinho em meus ouvidos...ah Blanchett!!!


E até “o cara que renasceu do Inferno” está consternado: sem trabalho, brigou com a garota de sua vida... LUNATICAMENTE comemora os 200 posts!


Tem horas que parece que o ESSENCIAL não é invisível! E que já é tarde pra COMEÇAR!


Depois da formatura e da cirurgia ACHEI que beberia do vinho chamado ventura. Não foi assim...


Nem tão paradoxalmente assim sinto falta de meus velhos estágios infernais e entorpecentes no serviço público .


Tentei ser segurança. Lá estava eu. Cabelos cortados. Barba feita. Ao lado de um recipiente de chopp gigantesco, de uns dois metros, eu salivava sem poder degustar uma única gota. Enquanto os ricos se esbaldavam!


Depois tentei um restaurante! Em dois dias minhas costas já não agüentavam mais lavar o chão! Sem falar do embaraço de minha absoluta inépcia na arte de descascar cebolas e tomates. Fiasco!


Resolvi abrir meu próprio negócio! Montamos (Preta e eu) um estande clandestino na rua da Praia. Vendedor de livros. Sim, se você avistou, no verão, uma garota jovem e um cara nem tanto, mamando garrafas de vinho branco, em frente ao Centro Cultural CEE Érico Verissimo, aquele era Tommy Wine Beer. Éramos nós!


Meus “Kerouacs” meus “Bukowskis” e minhas biografias do Dylan se foram...


Kerouac era a minha Benzedrina. Hank minha Ceva. Dylan minhas asas.


Vendi todos vocês velhos loucos! Hehehe...


Ficou só um Buk. Sem capa, amassado. Todo fodido. Parece o meu coração.


E o Sannio? Nos últimos meses: EXILADO em Porto Alegre. Não encontrava o cara!


Aquele Sannio! O anarquista esotérico!


Ou seria melhor “anarcotizado erotérico”: ½ anarquista, ½ narcótico; ½ pornógrafo (erótico), ½ esotérico!


Lembrei duma boa do Sannio:


Sem mentira, uma vez eu tava tomando uns goros no Entre Bar eu acho, e chegou ele. FEBRIL e com um papel dobrado no bolso! Me passou o papel pra que eu lesse, nos garranchos havia uma data que correspondia aquele momento, e uma profecia que tinha saído de casa para me encontrar.


DETALHE: não havíamos combinado nada!


O profético Sannio!


Agora parece que se foi mesmo. E não pude comparecer na bebedeira de Sábado! Tava sem dinheiro, sem fibra!


É isso aí: a minha insolvência não é só financeira; é anímica também!


Tapes. Ora, Tapes!


Anímica? Ora, “anímica”! Que palavrinha de merda! Pernóstica!


E tenho umas linhas rabiscadas num caderno sobre você rapá! É pra ser um poemeto. Com uma pitada de humor. Como de costume. Talvez algum achado espirituoso.


Só que agora velho parece que a felicidade é mesmo uma canção triste e um copo de Dreher. É o que parece.


Pura angústia existencial sub-burguesa?


Ainda tenho um tratamento de canal pra hoje porra!


Agora se alguém quiser comentar este texto o enderecem para a fileira da desolação.

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“O Professor, o Estranho e a amiga da minha Mãe” (Sannio)


1
Havia poucas coisas na vida que eu realmente gostava de fazer. Uma dessas poucas coisas era assistir à aula de Educação Física das meninas.
Estava contando então, com quinze anos.Meu pai estava preso pela segunda vez. Por dirigir embriagado.Sinceramente eu não entendia como podiam prender as pessoas por dirigirem alcoolizadas em uma via pública.
Anos mais tarde, fiquei sabendo, através de uma cafetão sexagenário, com quem eu comprava "rapé" bimestralmente, que pessoas abordadas pelos porcos, enquanto recebem sexo oral, estando estacionadas no meio fio com os faróis acessos, são comumente detidas.Vivendo e aprendendo!
Estava quase reprovando no colégio. Mais uma vez... a maldita Matemática.
Para que aprender sobre todas aquelas frações? Eu queria jogar bola! Não ser agiota quando crescesse.
Eu julgava extremamente desnecessário na época. Isso foi antes do meu primeiro divórcio.
E de chegar ao meu advogado, os valores estipulados pelo juiz, para o pagamento das pensões atrasadas.
Eu já podia sentir o calor do cinto estalando no couro da minha bunda. E também já podia ver minha mãe vindo em minha direção babando. Fazendo aquela cara de fantasma de filme oriental.
Assustador pra caralho! Realmente de cagar as calças!
Quando um milagre aconteceu!... Vi saindo da casa de Dona Margareth o filho da puta do Sr. Oliveira. O meu professor de Matemática!
A saber, sobre Dona Margareth: prostituta desde os vinte e sete anos de idade.
Dona Margareth era mais uma vítima do sistema: que a demitira injustamente de um emprego, em que trabalhou por oito longos anos.
Ex-namorada de um dos maiores beberrões da cidade. Figura essa melhor amigo de papai: O Seu Rob. Um pau d’água filho da puta. Que insistia em procurar pelo meu pai justamente quando este não estava em casa.
Pois Seu Rob engravidou a pobre coitada da Dona Margareth há alguns anos. E sumiu no mundo. Nunca mais foi visto.
Papai desconsolado, lamentava os cinquenta mangos, que emprestara ao amigo.
Seu Rob. Rob Oliveira! Irmão do cara de fuinha do meu professor!
- Isso não está me cheirando bem! – disse coçando o queixo.
Enquanto isso, um filhote de gato cagava no meu tênis.
(continua!)
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quarta-feira, 21 de abril de 2010

200 por Renato HELL Albasini

Incrível que pareça, chegamos a 200 posts...
Seja lá o que isso signifique.
O mundo não acabou, não arrumamos a casa, não derrubamos prédios e nem governos, nem destronamos ditadores...
Mas estamos aqui para o seu bel-prazer mundano e voyerista...
E Descemos o chicote nos amontoados de observadores que rapidamente passam os olhos por aqui...
Espero que esse não seja o 200.
Que seja o 201...
Se não for, que venha o próximo.

terça-feira, 20 de abril de 2010

LÁ VÊM OS LIBERAIS CUSPIR NO PENICO QUE COMERAM, por Tommy Wine & Beer


"Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul (...) roqueiro na cidade universitária (...) feminista nos partidos políticos (...) artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde (...) , editor marginal (...) escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e aguentar. Todos os intolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos."


Rolou ou tá acontecendo ainda em POA o FÓRUM DA LIBERDADE, o nome mais apropriado, talvez fosse FÓRUM DA PROPRIEDADE, que na real é o que interessa a estes aristocratas.
Arre! É um medo medonho de admitir... Não sei qual a razão? Sempre a lengalenga da liberdade! Puro ENGODO! SOFISMA puro! O que importa é o respeito à PROPRIEDADE PRIVADA pra esses calhordas! Ou não? Quantas DITADURAS a classe capitalista já financiou hein? Até aqui mesmo no Brasil, em 64!
E o pior é que nem é o “respeito” a propriedade que eles advogam, isso qualquer pessoa com algum bom senso defende; é a total desregulamentação da propriedade o sonho desses mauricinhos!
A Função Social da Propriedade é o que esses bundinhas querem atacar, mas ficam fazendo FLOREIOS...
Inacreditável!, em 14/12/2008 escrevi o artigo CIENTÍFICO intitulado "O dia em que os banqueiros..." falando da crise no mercado imobiliário estadunidense e o CONTRADITÓRIO pedido de PENICO ao Estado!
Ora, mas Intervencionismo estatal não era o "ó"? Rasgaram a cartilha como o FHC, só que as avessas!
Passado pouco mais de um ano do fato não é que eles têm a empáfia de voltar com seu discursinho furado de LIBERALISMO! É muita cara-dura desses BUNDINHAS! ( Não GUENTAVAM uma tarde de Domingo na Gráfica, aqui em Ipanema, jogando bola com os mano da COHAB, da Monte Cristo e da Vila Capivari.)
Cuspindo no penico que comeram!
Seus CUZÔES!, saibam que eu vivo pra DESTRUIR suas ideias fascistóides maquiadas de libertárias, que NÃO enganam nem a Dona Cecília, minha NONNA de quase 90 anos. Se é verdade que a esquerda tem um RANÇO autoritário de origem soviética, cubana e chinesa; vocês não ficam atrás: financiaram ditadores por todo esse mundão de Deus. Então chega dessa história da CAROCHINHA de liberdade e democracia, sejam ao menos honestos, falsos arautos da liberdade! O mais sanguinário ditador que acenar com seus postulados liberais passa a ser excelente governante aos seus olho$!
Eu, que sou pobre, saúdo o WELFARE STATE, o chamado Estado de Bem-Estar Social, uma vez que é graças a ele que eu li, em 2010, JUNKIE do Burroughs, GASOLINA & LADY VESTAL do Gregory Corso, FOME do Knut Hansum, O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO, do Salinger e um livrinho de contos da Anaïs Nin que não lembro o nome (via BIBLIOTECA PÚBLICA); e posso ouvir MILES, PARKER, DIZZIE, METHENY, PIAZOLLA, PIXINGUINHA, YAMANDU... (via SESSÃO JAZZ/FM CULTURA, das 20:00 às 22:00).
Isto sem falar na cirurgia NA COLUNA que eu fiz pelo SUS.
Viva o PAI DOS POBRES: o ESTADO! Brigadão pelas “esmolinhas”, como os aristocratas gostam de chamar...
Já disse e repito, atualmente, lugar de liberal é na MICHELLE MASSAGENS, lá onde se encontram as gatas mais liberais! Mandem seus currículos pra lá suas putas!
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sexta-feira, 16 de abril de 2010

LA PIEDRA, MESTRE in Sannio


" Triste dos que procuram respostas dentro de si, porque lá só há ESPERA." (Blanched)



Aonde habitam os sonhos:? Na morada de todos os arrependimentos e frustações. Na fronteira entre o mundo real e o imaginário.

Passos adiante das teorias filosóficas, das constatações da ciência. Do que lembramos da história e das vivências espirituais. Do que cremos, tememos e temos vontade.

Adiante dos desejos e dos impulsos. Do que é pobre e do que é ÓPRÓBRIO.

Neste mesmo universo, constituido por pensamentos e divagações. Residem os poetas e os alquimistas. Os tolos, os sábios e os andarilhos.


E também aqueles que desejam um lar.

Na ponte que magicamente se transmorfa em arco-íris. O beijo cálido da Ísis e na lua prateando o céu marinho.

Assistimos aos passos dos sem-tetos, a nos lembrar da vida. A nos encher de asco. A pisar no nosso egoísmo materialista.

Entorpecemos a mente poluída. Estrangulando assim o adulto estúpido e libertando o menino eterno.

E somos livres. Por alguns minutos. Por uma hora ou mais.

Livres no pensar, no agir, no falar.

No repousar na pedra, que é igual à qualquer outra.

Apenas mais uma pedra.

Um mineral enorme e quase impenetrável.

Um lugar comum, mistificado pela amizade de três amigos.

Um símbolo.

Que eu honestamente insisto em carregar!

O Acaso Contra - por Renato HELL Albasini


(continuação da idéia do texto Contra o Acaso ) por RENATO HELL ALBASINI



Os fatos já foram encarados, mirados e desviados por alguns segundos dos olhos do adversário e nem precisamos chamar para a briga.

Ficamos meio quietos com um ar de ironia estampado na mesma passividade idiota que nos move dia a dia. Não somos amigos da inércia; somos empregados, súditos até dessa cretinice.

Só que jogamos sujo, baixo, passamos a rasteira, cotovelaço na cara, chute no baixo ventre e enfiamos o dedo no...Nariz. As oportunidades minguam. As eventualidades se tornam feridas. Daremos créditos nos bancos do nosso sangue. E se algo nos impede de prosseguir, grita um lá no fundo de sua sala mal iluminada, quebraremos as pernas da inconveniência como gangsters mafiosos com dizeres e idéias que podem parecem patéticas.

Desequilíbrio cíclico, diria. Esteja com os punhos levantados, meu amigo e saberá com quantos dentes permanecerá na sua boca que nada diz a não ser obviedades.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

RAPIDINHA, por SANNIO






Agora que escrevo como um estivador me tecem elogios.
Mal conhecem "eles", minhas referências eruditas.
Permaneço humilde!
Ajudando sempre que posso as jovens interioranas a pagarem a faculdade.
Chego a pensar que culto mesmo é meu pau!

"UMA OUTRA ODISSÉIA" por SANNIO


- Eu não acredito que tu vai voltar pra Tapes Neco!!! - esbravejou meu querido (e por vezes exagerado) primo Paulo.
- Pô véio, tu sabe que eu curto "a terrinha"! - testando a paciência do mesmo.
-Bah!...Tu tá viajando Neco... - antes que ele prossiga, o interrompo.
- Paulo, eu não aguento mais "à capital" (ironizando "afú")! - disse-lhe.

- Cara, lá tu vai "ganhar menos"... (tomando fôlego)
- Não tem porra nenhuma pra fazer! E em três meses tu vai tá "fumando pedra " atrás dos engenhos! – disse, meu dileto primo, pegando pesado.
Em meio a suposições pouco prováveis e discussões pouco práticas. Vi um "remake", da minha vida produzido pela minha memória. Um filme C, repleto de aventuras quase sem nenhum sentido, com diversas (gostaria que fossem mais) cenas imprópria para menores.


O interessante do tal filme,é que ele é inteiramente rodado em Tapes.
Como se não houvesse nada antes nem depois do meu período por lá.
Minha memória emotiva, parecia ser até então, completamente interiorana: "Eitcha nóis!"


Sem aviso a sala escura da minha mente começa a rodar um outro filme. Este, todo filmado em Porto Alegre.
Nesse filme os romances são mais breves. O tom é bem mais dramático. E o ator principal, é um bêbado canastrão, atormentado pelo medo das luzes da ribalta.



Um dos momentos chave da trama. É quando o personagem principal (eu mesmo) percebe que depois de anos, vai passar o Natal sozinho.Todas às mocinhas, estão de certa forma mortas, pela incapacidade do nosso anti-herói de manter relações estáveis (ou vivas). E pelas ruas semi desertas da cidade onde nasci e secretamente repudiava. Encontrei Janis Joplin, na esquina de uma ruela. Um retrato branco e preto. Era quadro e não pessoa. Mas era Janis e eu estava só.

Paulo me deu todos os motivos para que eu abandonasse essa sala de cinema irreal. Eu só queria ficar ali, entre um filme e outro.
Sem ter de escolher nenhum.
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quarta-feira, 7 de abril de 2010

DO REALEJO DO MACACO CEGO, AMANTE DAS BORBOLETAS SUICIDAS (FINAL), por SANNIO


Eu nunca havia pisado em uma comunidade hippie, até aquele dia. O endereço conferia com o que aquela garçonete havia me dito, que na real, era a dona daquele boteco de quinta. Verônica. Verônica era o seu nome!

"Ah!... Verônica!" Só de lembrá-la, já fico de pau duro!
Perguntei o seu nome pela segunda vez, quando trepávamos pela segunda vez. Já que ambas primeiras vezes se apagaram da minha memória.

“- Beba! Isso é um santo remédio para curar todas às suas feridas, gordinho!"- ela sussurrou, quando eu chupava suas tetas, na cozinha do seu muquifo (a casa, não o bar). Foi nesse momento que minhas lembranças começaram a ficar confusas. Na comunidade me ofereceram a mesma bebida: o Daime.

Verônica me disse que comprava um litro todo mês, de sua prima Cíntia, uma "riponguinha”, bem jeitosinha, de peitinhos pequenos, apontados devotamente para o céu. Uma cinturinha fina de bailarina. Que na verdade era apenas fruto do seu vegetarianismo. Suas ancas não eram muito largas. Mas pareciam bem firmes e apetitosas também. Cíntia em pouco tempo na "cidade", conseguira emprego.

Saul Bone a descobrira vendendo artesanato na esquina de seu escritório. Na mesma semana, sua secretária foi despedida. E Cíntia ganhou um novo emprego.
Uma das primeiras pessoas a me receber na comunidade foi Cíntia. Saul apareceu em seguida, com uma roupa ridícula, um cabelo bizarro e exalando maconha. Todos na comunidade me receberam bem.

Uma garota ou outra, com uma atenção maior...

Saul se negou a voltar comigo. Mas foi muito simpático. Até pousou para as fotos!
Cíntia conseguira docemente, arrastá-lo da caótica vida da metrópole. E libertá-lo da fome por jóias, da sua esposa gostosa.

- Senhor Ledo!O Senhor está prestando atenção ao que lhe digo? - berrou a tesuda.
-Eu preciso ir Senhora Bone! - disse.
- E o meu marido Senhor Ledo? Ou seria Senhor Leno? - miou.
-Tudo está explicado na carta Senhora! - respondi.
-Senhor Ledo!... -berrou como uma cabrita no cio.
"Tú!Tú!Tú!Tú!Tú!Tú!..."


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FIM!


créditos finais:


seleção de imagem: Tommy Wine Beer



segunda-feira, 5 de abril de 2010

Fraseando....

Ouvida com pouca atenção por Renato HELL Albasini
dita por Marcio Henrique, marciohenrique.gaucho@hotmail.com

"Inferno é uma idéia nascida de um pastel mal digerido."