terça-feira, 18 de janeiro de 2011

SEGREDOS (SANNIO CARTA)

- Ela prefere Heineken à um pedaço de pão! - fico ouvindo o Hamilton respirar do outro lado da linha. Enquanto desabafo:
- Eu não sei mais o que faço com essa garota. "Essa garota"! Soa tão nerd! Eu nem sei se você sabe de quem eu estou falando!- Você sabe né?! Continuo:
- Pois bem,...(estico o braço até o maço de cigarros).- Cara ela tá me deixando maluco! Esses dias ela apareceu lá em casa de moicano!Até ficou bonitinho e tal...Mas ela não podia ter me avisado antes? – esbaforo a fumaça do cigarro.- Bom, pelo menos parou com aquele papo de colocar silicone!Ela nem curte fazer uma "espanhola"! Que diferença vai fazer afinal?!- sigo fumando e falando:
- Não, não vou!Desde de que ela voltou a falar com a Selma, ela tá insuportável...- e sigo:
- Ãhãm!...O Pedro vai ir? Tô pouco me lixando! Se ela quiser dar pra ele...- É...- Eu já sabia!- Tá legal!Abraço!- e desligo o celular. A guria (figura de linguagem,vocês sabem),que está comigo,pergunta:- De quem você estava falando?- com uma carinha...- Não importa!-suspiro

É GUERRA (UÉSLEI SCREETH)


Talvez Marx tenha se equivocado quanto a Revolução Industrial. Mais que acirrar a luta de classes, ela criou um novo tipo de enfrentamento: entre as coisas que tem botões e aqueles que não sabem quais apertar. Eu, homem feito, com pelos do entorno do queixo aos contornos da bunda, sofro consecutivos revezes de um aparelhinho celular nesta contenda tecnológica. Nos últimos dias mensagens minhas se perderam à Conchinchina porque ignorava a seqüência exata de teclinhas, a dialética dos códigos de área e operadora. Mas estudo atentamente o inimigo e logo vou tomá-lo de assalto, esgotar sua bateria e arrebentá-lo na parede. Descobri que mídias flexíveis são frágeis contra concreto rígido. Aha!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

"O PÃO DO MORTO" (por SANNIO CARTA)

"No crepúsculo que se anunciava, pude olhar através de toda nuvem que ousasse nublar o quê eu sentira!" – Houve um grande silêncio depois que essas palavras foram lidas.

Podia sentir o suor escorregar lentamente pelo meu rego. E a bunda molhar-se, como quem acabara de gozar.

- Porra Cardoso! - gritou o homem que parecia rugir como um leão. Se bem que parecia mais um urso. Com todos aqueles pêlos e aquele cheiro estranho.

- Porra Cardoso!.... - prosseguia o homem. - Eu pedi pra você um final que desse crédito emocional a história. E aí você me vem com essa baboseira de crepúsculo! - sentando-se de uma vez só. Na cadeira acolchoada. E prosseguiu: - Crepúsculo é o caralho! Tá ouvindo? -enquanto isso eu me distanciava cada vez mais da sala do editor.

- Crepúsculo é a puta que o pariu!...- ficou resmungando o homem.

" Biiiizzzzzziiiihhhh! "!!!

- Fala porra! - esbravejou o editor ao telefone.

"- Sua mãe ligou. Disse que está no restaurante, ali da esquina. Esperando pelo Sr. - respondeu a secretária. Sem ligar pela falta de tato de seu chefe.

-Tá! Tá bom!... - disse o homem enquanto enfiava as mãos paletó adentro. Parecendo querer achar algo de valor.

- Obrigado Aninha!- e apressou-se para desligar o telefone.

Enquanto isso sua mão esquerda, gorda e suada, escapava das entranhas de seu paletó.
De lá saíram: chumaços de pêlos, dedos, anéis,...

E saiu também um papelzinho amassado. Um papel comum. De folha de caderno. De caderno pequeno. Daqueles... bem pequenos.

E em seu interior podia se ler:

“Nuvem”.

Epílogo

“- Porra Cardoso”!!!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

PUTANESCA (RENATO hell ALBASINI)


Putanesca.
Temperada.
Apimentada.
Essa sensação que desejo o desejo desse 2011.
Com a acidez e o fogo necessários.
Lingua amortecida.
Saliva.
Gosto.
Gozo.
Putanesca.
E esse ano será assim.
Desejo isso a todos.
Aos desejos de todos.
Em poucas linhas que escorrem pelas pernas dos apaixonados, apaixonantes e os amantes de momento.