segunda-feira, 23 de maio de 2011

“MEUS IRMÃOS, MEUS PARES!” (Tommy Wine Beer)




Sou um cara solitário e tenho muitos amigos. Gosto de estar sozinho e gosto de estar com o pessoal.

Na verdade quando estou sozinho, nunca sozinho estou! Desde minha infância fui um menino que gostava de arte. E tinha verdadeira obsessão por desenhos animados, seriados japoneses de heróis, revistinhas em quadrinhos, livros infanto-juvenis... Acho que a arte é um valor mais importante para mim do que a liberdade. Talvez não me valesse nada ser inteiramente livre num deserto impossível. Certo que amo tanto ou mais a arte do que a liberdade. Talvez a ame até mais do que a própria noção de amor.

Como disse anteriormente, tenho muitos amigos. Uma de minhas maiores angústias é por razões espaço-temporais não poder passar mais tempo com meus amigos.

E são amigos muito diferentes uns dos outros. Mas todos me acrescentam em pelo menos algum tema de meu interesse.

Modéstia a parte, me acho um cara meio bacana até por essa razão: tenho amigos das mais diferentes matizes de personalidade: intelectuais, entusiastas da ciência jurídica, poetas incompreendidos (ou incompreensíveis), gays assumidamente fúteis etc... e tenho assunto para com todos. Nenhum me entedia. Dirijo a conversa para temas que me interessam. Tudo é pesquisa pra quem aspira construir personagens!

Houve momentos em minha vida que tive dificuldades em encontrar amigos. Me sentia DESLOCADO pra caramba. Não conseguia me identificar com ninguém. Nas faculdades que estudei foi assim. No foro da Restinga, um pouco também. Daí, me apeguei a arte: Chinaski me provou que perder com dignidade e inconformidade eram troféus tão maneiros quanto os do vencedor; Dylan sussurrava líricos enigmas proféticos nos fones de ouvido; Dom Quixote dizia pra que eu não temesse o ridículo de lutar por justiça e Bandini argumentava que utopia melhor era uma ideia genial ainda por vir! Grandes conselheiros!

Tem outros caras que gosto de ouvir (e até ler alguns).

O Tuca é um amigo de DUAS DÉCADAS. Uma de minhas maiores influências na arte do humor e do ultraje. Em nossos bate-papos ele costuma reclamar que eu só fico ouvindo as conversas. Vez por outra ele me pega muito concentrado, como que ouvindo conselhos do diabo, e pede minha opinião. Falo alguma besteira, então ele replica, dizendo algo como “O Tommy (Aléc) é fogo, sempre com alguma observação sarcástica por falar”. O Tuca gosta também de falar sério. Sempre discursando que não leu muito na vida etc. E eu contra-argumento que ele tem uma espécie de sabedoria nata, digna dos grandes compositores de samba do Rio.

Coisa de ano atrás tive uma VISÃO que conheceria um grande cara, que era cobrador da Carris. Tava morando no alojamento coletivo do Hostel da Lori quando apareceu um novo inquilino: Uéslei Screeth. Colunista macunaímico da LOUCA! O cara é um crânio! E muito engraçado também! Beberrão. Leitor voraz. Reclamão: bah!, reclama de tudo! Gosta de falar sobre temas “intelectuais”, embora odeie os intelectuais! É sistematicamente reprovado na universidade. Apesar de só cursar uma cadeira por semestre. Especulo que só permaneça na UFRGS em razão da comida barata do R.U.. Afora estes reveses, é uma companhia agradável para beber. Fala de Sartre, Camus, Cartola ... com desenvoltura. Previu sua morte (talvez filosófica) em nosso último encontro. Acho que errou, falei com ele Sábado, por celular! Grande Screeth! E a nova coluna filho-da-puta?!

Tem o Sannio também. Este já muitíssimo conhecido do público da L.O.U.C.A.. Maior estrela do blog! Pela quarta ou quinta vez demitiu-se! Confesso que tenho mais facilidade em dialogar com o cara através de suas colunas do que pessoalmente. O Sannio tá sempre envolto em angústias vagino-existenciais. Posso imaginar ele lendo isso agora, fazendo um sinal afirmativo com a cabeça e pensando “é minha ascendia em ...”. Porra Carta! Tu poderia, uma hora dessas, me explicar melhor o novo pedido sumário de demissão, seu grande canalha de sorte!

Termino com a Preta, minha garota. Mas não só minha namorada, minha amigona. Sábia conselheira em temas cotidianos que costumo me embananar. E quando fica de pileque, transmuta-se numa das piadistas mais non sense que já conheci. Até um hipotético caralho imaginário ou ideal ela utiliza como instrumento de suas empulhações (ia usar gozações...acho melhor não!).

Valeu pessoal! Estas palavras são pra vocês! E mais alguns outros que não caberiam nesta coluninha! Inclusive tu, hipotético leitor, que trava este esquizofrênico diálogo comigo agora! Grandes Presenças!

sábado, 21 de maio de 2011

CORAÇÃO INSANO (Sannio)



O céu da boca em estrelada angústia. De um dente perdido, caído comprimido no chão de um quarto, sem adeus esquecido. E no espelho das "coisas mortas" lembrei do perfume das flores. Colhidas as rosas das minhas conquistas. E aquelas que retornaram a mim, já mortas.
Pouca coisa ainda me restou. E pouca coisa ainda me importa.Talvez só esse dente caído. Extraído involuntariamente pela voluntariedade de seu "buana".
Ah... e a dor contínua é que me satisfaz. Tão pouca é dor de amor.
A boca violentada silenciosa. Sem a anestesia, já não é tão prosa. E agora descansa horrorosa. Feita dos lábios a reveria.
Outro dia tropecei nos próprios cadarços. Lembro que caí em mim mesmo. Horas depois...
Mas o tombo que narro aconteceu bem antes.
Litros. Sim!... Litros e mais litros. Das bebidas mais variadas possíveis. Doces, secas, quentes, geladas. O dia inteiro.
Ainda tinha todos os dentes. E nenhuma intenção de resmungar por coisa alguma.
Não sei porque bebi daquele jeito. Não sei pq. um dia eu comecei. Aliás, eu sei bem o por quê: para poder me sentir menos "outsider". Para poder me sentir menos sóbrio.
E tão triste é a realidade! Que ao dormir. Apenas... sonho!
Um dia dirão que me viram. Que ouviram o meu nome. E talvez seja realmente verdade. Eu provavelmente estarei sonhando, com os cadarços bem amarrados e sorrindo para o nada. E o nada respondendo.



Ps: Por total desinteresse em prosseguir (dentre outras coisas): me demito!!! Trilha de fundo: "The Weary Kind"

domingo, 8 de maio de 2011

"Cabras Gostam De Brincar Com Ela" (Sannio)



Os ombros tombam ao final da tarde. E o saco recolhido permanece rendido com o peso das bolas. "Puta que pariu"! - é o que eu resmungo ao atravessar a sala. "Puta que o pariu. Que corno desgraçado!"


Sério! ... Até então nunca havia conhecido corno mais sortudo. Foi o mais sortudo que Estela já arrumou! Filho da puta! Toda vez que eu penso em visitar a casa de Estela. O boi fica em casa! Deve ser um baita de um vagabundo! Destes cachaceiros de beira de esquina. Destes meliantes que escondem o próprio crime.


Cão! Maldito! Não percebe que é a mim que ela imagina sobre o seu corpo. Que é no meu nome que ela pensa no gozo que esforça para ter. Corno miserável! Era eu que devia ser você!