quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Réquiem (Sannio C.)



Souberam do berço que lhe antecedia, donde se originara o jovem senhor.


E tiveram ganas de postergar maiores opiniões. De esquecer o que já haviam dito, do "dito".

Quiseram voltar ao tricô como se nada houvesse acontecido. Mas houve...

Houveram denúncias graves, insinuações tenebrosas. E suspiros longos de desaprovação em massa.

Dentre as "bruxas fofoqueiras" uma ou outra voltou atrás nas reflexões recentemente levantadas.

E o alvo de tanto "disse e me disse" permanecia lá. Há apenas alguns metros de suas caluniadoras.

Seu semblante oferecia o mesmo desdém e tratamento gélido de sempre.

E seus olhos de castanho escuro, queimavam lentamente ao abrir e fechar de suas pálpebras.

Não fosse sua tão familiar e "amiga" ressaca, sua reação talvez tivesse sido outra.

Mas o silêncio de seus lábios contrastava com o tremor de suas mãos, com a palidez de seu rosto com o pedido de ajuda que não saiu, com a música que cantarolava, minutos antes, com as costas dadas, pela última vez e com o adeus, que pareceu mentira.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Brutti, Sporchi e Cattivi (Sannio C.)


O que eu posso dizer sobre os anos setenta?



Com propriedade de experimentação prática... nada.


Eu não vivi os anos setenta. Bom... literalmente, eu os vivi. Vivi poucos anos, da minha infância de fraldas sujas.


Poucos anos, que pouco me ensinaram.


Poucos anos que em nada me deram de maturidade. E nem me ensinaram a limpar o meu próprio rabo, sozinho.


Certamente, que com o passar dos anos e das décadas. Muito me (nos) foi "desvendado" pela mídia. E por aqueles que nos colonizaram, inclusive culturalmente.


Soube (soubemos) dos manifestos, das tradições, das músicas. Mas particularmente, vivência dos mesmos, em sua grande maioria: necas!


E pelo que eu suponho, pouquíssimos leitores deste dileto blog viveram em tal época. Ou mesmo nasceram na década de setenta.


Encurtando o papo esquizofrênico.


Retorno ao blog. Para trazer uma luz na sala escura de cinema de suas mentes.


“Feios, Sujos e Malvados". Realizado em 1976. Ano este, em que eu apenas existia, nos pensamentos luxuriosos de meu pai. Não era eu, nem sequer um espermatozoide.


E o mundo ainda ansiava por uma criação brilhante. Algo inovador e belo.


Bem, tal criação ainda não se fez vindoura... Mas em "Brutti, Sporchi e Cattivi" de Ettero Scola. O mundo teve acesso ao oposto de suposta utopia.


É a sujeira saltando da tela. É a hipocrisia se contorcendo entre os santos de nossa santa igreja católica.


Filmada em Roma. A trama de Scolla relata a vida de uma família miserável. Em um pretenso solo santo.


Em uma terra de fé. Uma favela, entregue a própria, serve de pano de fundo, para uma família desestruturada, deselegante e despudoradamente "deliciosa".


Há outros personagens, outras pequenas historietas.


Mas, dentre estes pobres, sujos e malvados, ninguém se compara ao patriarca da família citada anteriormente, neste mesmo textículo.


Assistam. Ou digam "foda-se". Ou o que quiserem dizer...


Sorrirei então de suas rebeldias, sussurrando: "é esse o espírito"!


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mil Pedaços, Metaprax e Joe Buck" (Sannio Carta)


"Algumas mazelas desta vida de cão não tem remédio. Algumas nem mesmo tem solução. Por algum tempo procurei encontrar no passado algum caminho que me trouxesse felicidade. Em vez disto encontrei uma placa com o seguinte dizer: Não Ultrapasse. Bem coerente (eu achei)."


Estou jogando damas. Estou jogando mal. Despercebido de uma lógica razoável. É cedo. E eu já estou louco.

Meu adversário mais sincero me encara com o seu temor psicológico habitual. E eu complemento a encarada com ares de superioridade. É só pura vaidade. Eu sei disso. E ele também sabe!


A noite me faz promessas baratas. E minha atenção já busca a rua. Hoje eu quero sair só. Só quero sair e me livrar dessa cena monótona. Me libertar da "sistemática nerdiana" que hoje eu represento tão mal. Tudo é arte da porta pra fora. "Tudo é a arte do bacanal". Poderia ser uma frase dita pelo diretor da peça "Rebuceteio".


Vai dizer que você nunca ouviu falar do filme brasileiro: "Oh!Rebuceteio".

 E você ainda se diz "cinéfilo"? Você, no máximo, deve ser um "pedófilo"!


Filme de 1984, do afamado diretor brasileiro Cláudio Cunha (Diretor famoso. Caximbão. Todo fresco).

Próximo do surrealismo dessa existência. Foi a noite que narro a vocês em meio a pensamentos perdidos, feito filme italiano dos anos setenta.

Afastado o tabuleiro de damas de meus braços, saí a procurar outras damas à abraçar.

Nunca só, sempre um amigo a acompanhar meus passos. A inverter a atenção que necessito. A perceber o meu estado esquisito. E a disfarçar o mau gosto das minhas bazófias. Colega de serviço. Escudeiro escolhido pelo destino. Meu amigo (coitado).

Dancei por um tempo em um lugar de mau gosto. Saltitando como personagem andrógino de livro de RPG. Subtraindo os pares do esquecimento. E somando as conquistas do meu cartel. "Mais uma. Mais uma."

Gozo antes do sol. Calça suja de areia. Mulher no táxi. Tontura.

E outros amigos para caminhar na rua. Trazendo a diferença da tolerância. Pra trazer companhia, a quem dispensa a todas. Sorrisos na minha ingratidão. E tudo parece bossa de novo. Dentre eles havia esse amigo antigo me trazendo notícias de seu mundo. E eu percebendo a maturidade em crescimento em suas palavras. A postura impávida e orgulhosa. Querida e melancólica. Mostradora de respeito (apesar de um rebolar ou outro amais). Se afastando aos poucos. Indo embora. Na boa noite... uma noite boa... "Aaaahhhh!..."