sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Um Curta Conto Metragem, por Renato HELL Albasini

A noite já chega com força sem avisar. Ele está no apartamento olhando para fora, nu, senta-se na beirada da janela aberta. Dentro do recinto só a escuridão mais profunda contrasta com a luz da rua, dos prédios à frente. Ele observa tudo balançando as pernas. Eu fico olhando para ele, de pernas cruzadas em pé do lado de fora do prédio. Coço o meu queixo, enquanto ele fica analisando as janelas e também coça o saco, até parar o olhar num dos andares.
Uma das janelas, uma mulher seminua, com seios à mostra, corpulenta, levemente fora do peso, acima dos 40 anos, escolhe uma blusa. Desfila pelo quarto jogando para cima peças e peças de roupa. Ele a observa e começa a se tocar. Masturba-se como um chimpanzé no zoológico. Eu abaixo a cabeça e a maneio negativamente. Ela acha uma blusa que lhe agrada e sai das vistas dele. Ele da uma pequena arfada ao mesmo tempo emite um palavrão.
Ele se volta para dentro do seu apartamento escuro e eu o sigo. Sabe aquela sensação de calafrios que sente quando estamos sozinhos e temos a nítida impressão que não. Pois é, ele sentiu isso. Eu sorrio baixinho. Ele para no meio do quarto olha para os lados. Ouço claramente sua respiração forçada e os batimentos parecem aumentar além da sua caixa torácica. Atrapalha-se e quase cai pisoteando os sapatos jogados pelo chão. Vai até a janela e a fecha. Ele está no décimo andar. Passa de um lado para outro e eu escorado no canto oposto.
Medo. Seria uma boa palavra para o que ele está sentindo. E eu olho meu relógio. Está quase na hora. Hora de apagar as velas de aniversários que já se passaram. Hora de apagar com uma borracha frases ditas e escritas por aí. Hora de queimar as fotos guardadas nas gavetas. Hora que demorou, para se aproximar e agora; a hora chegou.
Ele senta-se na cama. Eu, ao lado dele, também. O abraço e agora ele me vê. Chora e eu faço um ar de agrado, de conforto. Um longo abraço. Suave, depois, o afasto. Seguro seu rosto. Olho bem para seus olhos e ele choraminga tentando fazer a menção de falar algo. Coloco meu dedo indicador direito nos lábios dele. Vejo que há esperança no olhar dele. E nesse momento desfiro uma navalha na sua garganta puxando para dentro da escuridão do seu quarto nos cantos onde nem ele conhecia.
O quarto está vazio. A noite iluminada. As pessoas continuam suas vidas.

 Até a outra hora, pessoal...

domingo, 15 de dezembro de 2013

" O Montador de Hambúrguer" (Tommy Wine & Beer)






I

Desci do ônibus com uma vontade monstro de cagar. Ainda restavam uns 14 minutos de caminhada até chegar em casa.

Pensei em grandes figuras da humanidade. Escritores especialmente. Hemingway pensando se estourava seus próprios miolos ou não. Burroughs estourando os miolos de sua esposa. A morte espreitando Bukowski...

E QUANTO A MIM? Meus dilemas existenciais pareciam resumidos ao ato de cagar! Sempre passando por terríveis apertos. Eu vivia quase me cagando quase que diariamente.

DIABOS!, QUE MERDA DE ESCRITOR EU ERA CUJO GRANDE DESAFIO EXISTENCIAL ERA SUBJUGAR MEU CU OU MINHA MERDA!

Entre essas digressões chego no barraco...

Entrei no banheiro, suava frio, levantei a tampa e havia uma quantidade incrível de merda ali! E de variadas espécies. De diferentes texturas, formatos, pigmentações... um horror!

A descarga deve estar estragada pensei! Porra, mais uma taxa por multa no próximo aluguel! Resolvi testá-la. Funcionou! Muito embora não tenha dado conta de tanta merda. Mas já melhorara o recipiente. Sentei e caguei.

Ok, faltava papel higiênico. Abri minha pasta, tinha um calhamaço de poemas que eu ia ler na próxima terça no SARAU SELVAGEM. Tive de sacrificá-los. Molhei-os na pia e os usei para limpar os restos de merda ao redor do meu rabo.

II

Encontrei o pessoal na cozinha da pensão: “Véio Peruca”, Seu Luís e o Vacaria.

Cheguei tocando terror:

“Vem cá seus desgraçados! Cês não dão descarga pq?, seus relaxados de merda?” 

“É ordem do Seu Arni! Ele disse que agora vai dar as descargas pessoalmente, de hora em hora, se houver merda suficiente no vaso!” Me respondeu Vacaria.

“Alguém tem que dar um puxão de orelhas neste velho sovina! Pra ver se da descarga em toda a merda que se acumula na cabeça dele!”

“Ele disse que é pra economizar água!”, completou Seu Luís, dando uma golada em sua canha, ardilosamente armazenada numa garrafinha de Sprite.

III

“Pega um copo aí Ângelo, bebe um drinque... vamos comemorar! Tá sabendo a novidade?”

“Não, que novidade? Namorada nova Seu Luís?”

“Não é isso rapaz... é o Vacaria arrumou um novo trabalho!”

“Vacaria” era um cara que tinha trancado os estudos, na 2ª série do primário, veio do município homônimo, não parava em trabalho nenhum, sempre se fodendo, limpando sanitário em shoping ou fritando hambúrguer em restaurante fast-food.

“Chapista onde?” Perguntei.

“Não, não, não é chapista... como é que se diz...”

“Montador. Montador de hambúrguer! No Burguer King!”. Completou “Véio Peruca”, uma vez que o cérebro corroído de canha do Seu Luís tinha falhado. E prosseguiu: “Excelente função, to dizendo pra ele que agora esse trabalho ele sempre vai ter emprego garantido pra sempre...”

“E o din? É bom o salário?”, Nem sei a razão de ter feito aquela pergunta idiota...

“É um ordenado... um salário...” disse seu Luís.

“Beleza então Vacaria!”

Daí o Vacaria começou a me explicar como era o trabalho: sobre os tipos de pão, os molhos que ele utilizava, bifes...

IV

Meia-hora depois estava no meu quarto. Tive a idéia esdrúxula de ligar a TV. Bonner dizia que ia tudo bem, Pra ele eu pensei, pela cara de satisfação a Poeta deve estar com o dedão do pé roçando no seu pingolim.

“Melhor que isso, só com um novo golpe militar”, eu conclui. Desliguei a porra da TV. Eu tava tentando dar um tempo na birita, mas não ia dar pra começar naquele dia. Daí peguei minha garrafinha de vodka e saí pra uma caminhada. Passei por um Burguer King. Atrolhado de gente. Fiz uns cálculos... conclui que com um dia de trabalho suado os tubarões donos daquela porra já pagavam a merreca do salário do Vacaria. Dei uma golada punk na garrafinha de arder até o cu da minha alma.

V

Dois meses depois encontrei o Vacaria na cozinha. Os mesmos olhos melancólicos, e a pança ordinária de quem passa uma certa “fome funcional”.

“Ei man! Como vão as coisas man?”

Disse que estava dando duro no trabalho, que ainda não passara no contrato.

Enquanto ele explicava com entusiasmo tudo outra vez, reparei que “montava um sanduíche” para si: era composto de duas fatias de pão, uma raspa de margarina e uma fatia de mortadela velha, um tanto fodida e esverdeada.

Voltei ao meu quarto. Bonner e Poeta sorriam na televisão. Enquanto eu servia mais uma dose cavalar de vodka.

FIM

 

 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O Céu Não É de Vidro (por Tommy Wine & Beer)


“Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra” (Pitty, in Teto De Vidro)

Não sei se o vento uiva
Ou ventam chacais
Em meu pensamento
Francamente eu atiro
Contra os hipócritas
Os demagogos, os reaças

Quisera eu emplastar minha alma
Da selvagem poesia
E evitar os efeitos danosos
Das luzes eletrônicas desta Porto Alegre
Subhypada, subdesenvolta &
Subsumida as regras
Mais sujas do mercado

Disso não destoam sequer
Os Tribunais Internacionais
Nada mais que
Surreais sarais
De retórica vazia
Frente às meninas
Dos olhos do capitalismo:
A miséria,
A violência,
A guerra!

Replicando o ditado
Francamente eu atiro pedras
Por que o céu não é de vidro.

domingo, 17 de novembro de 2013

Em Teu Seio (Sannio Carta)




Miado sem jeito no calabouço escuro de tuas façanhas
Me arranhas
E eu me recolho com medo
Cedo almejo, leio calejo, freio
Não me deste o mínimo
Arrependida  arrastou-me das raparigas, das bebidas
Mas não do bar
Hei de voltar e voltei
Sei que não gostas, ao contrário repudia
Meu andar de costas, meu calcanhar nas tuas meias frias
Me confortou do pesadelo
Meu Deus, teve receio
E eu apostei, eu não sei, eu só creio
Daria um rim se pedisses
Daria um fim se quisesses
Mas não posso, ao te olhar, eu remoço
Não almoço
Morro enfim sem um fim, partido ao meio
Sem perdidamente poder voltar
A morar em teu seio

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ombudsman da Bunda Suja (Tommy Wine & Beer)


 

Ou o álcool dilacerou a carne pensante de minha cabeça ou o jornalismo esportivo está mesmo uma bosta insossa.

Mas estes sacanas de sorte, os jornalistas esportivos, eles tem um trabalho moleza e maravilhoso: assistir jogos, entrevistar seus protagonistas e cartolas e bater papo sobre futebol!

Que vida de marshmalows levam esses garotões!

Que inveja! São uns tipos sem muita energia, barrigudos, roupas cafonas! Quase sem brilho, sem expressões, sem cáries por obturar!

Você não vai encontrá-los nas ruas de madrugada fazendo a ronda nos bares da Cidade Baixa ou do Centro. Muito menos pra lá de Bagda num ponto de ônibus em estado deplorável, às 3 da manhã.

São uns bobões pretensiosos, chatos à beça. Mas são bons paradigmas: figuras sem talento que vencem ora porra! Isso os faz admiráveis! Mesmo sendo uns tapados, eles pagam seus bifes, suas biritas e suas esposas e/ou piranhas com o dinheiro que ganham em troca de especulações sobre o futebol!

Mesmo que tudo que eles digam cause sono e prisão de ventre.

A imprensa esportiva local precisava ser incendiada. Quem sabe se as mesas redondas fossem regadas a trago. No mínimo ia ser mais divertido!

Ou talvez eles precisem injetar sangue novo: eu tinha que estar lá, porra! Pra bater boca! Pra vencê-los na argumentação! Ou enfiar suas cabeças na privada.

Mas havia flores neste aterro sanitário: o falecido Cláudio Cabral (número 1) e Rui Carlos Ostermann (o maior vivo). Respectivamente, Niestzche e Shakespeare do pensamento Futebolístico.

No mais é um passar de cachorros sem fim. Emitem opiniões e opiniões, achismos e achismos sem fundamento, sem argumentação, sem dados estatísticos mínimos. Numa porcaria de um palavreado de padre.

E o pior é que eles tratam o público com certo ar de supremacia. Como se eles fossem os críticos abalizados e o público em geral idiotas.

Até minha mãe emite opinião sobre futebol senhores, vão se foder! Daí, tenho eu que bancar o ombudsman aqui, só se for o ombudsman da bunda suja.

Mas estou cansado dessa vigarice revoltante! Será que sempre será assim, os caras de espírito escrevendo em blogs de merda que ninguém lê, lavando privada ou fazendo petições de benefícios previdenciários e os cretinos nas posições de destaque, na maior moleza fazendo arte, ciência, cultura e o caralho a quatro?!

sábado, 19 de outubro de 2013

Cabeça de Porco (Tommy Wine & Beer)


 
A década é de 10. Eu falo de um velho sobrado no centro de Porto Alegre. Quartos pequenos, de madeira vagabunda, paredes sujas e riscadas, fiações terríveis etc.

A década é de 10. Só que do século XXI! Ali eu alugo um quarto, os outros inquilinos são mão-de-obra de baixíssima qualificação: lavadores de banheiro, operários, garçons. Alguns velhos destruídos pelo álcool e por esposas chatas.

Um caso a parte é o senhorio: dizem que ele invadiu essa porra e passou alugar os quartos! Baixinho, cara de poucos amigos, sotaque de gringo italiano ou alemão. Seu nome é Arni, Arni Gonzado.

***

Arni faz todo o trabalho do enorme sobrado: varre, faz reparos de toda ordem: elétricos, hidráulicos, marcenaria... Lava os sanitários INCLUSIVE. Realiza todas estas tarefas braçais aborrecido, com um mau humor terrível dizendo os palavrões mais sujos, praguejando contra todos os governos, amaldiçoando todos os deuses e maldizendo todos os inquilinos.

De repente seu aparelho de telefone celular toca:

“Sr. Arni Gonzado, o Senhor Está com dívida vencida...”

Ele responde tomado de uma fúria descomunal:

“O QUÊ? VOCÊS ME LIGAM A ESTA HORA DA MANHÃ (são umas 10:30) PRA ME CALUNIAR! ISSO É UMA AFRONTA! QUERO FALAR COM O TEU SUPERIOR! ME PASSA O TEU CHEFE!...”

A moça desliga assustada. Então ele faz uma ligação para o tal número da cobrança:

“OLHA AQUI É O SEGUINTE: EU PRECISO COMER A MÃE DE QUEM PRA VOCÊS NÃO ME ABORRECEREM COM SUAS LIGAÇÕES ESTÚPIDAS?”

***

Gonzado conduz o seu negócio com mão de ferro, baixando suas leis draconianas.

Poucos dias depois do acidente em que Seu Luís chegou borracho e caiu na escada da entrada, sujando tudo de sangue, Arni colou com durex, um cartaz na porta com o seguinte conteúdo:

“PROIBIDO CHEGAR BÊBADO NA CASA”

Peixe, Risada, Baixinho, Vô, Pancada e eu, como inquilinos obedecedores das leis de Arni, nosso comandante, passamos a nos embebedar lá mesmo! De jeito nenhum CHEGÁVAMOS de pileque;  

***

Seu Luís ainda teve a maldita idéia de dormir bêbado em baixo do chuveiro ligado! Então fomos punidos com a proibição de utilização de água quente nos banhos em pleno inverno. Isso só aumentou o consumo de trago!

Também houve o incidente em que Peixe deu uma porrada no Seu Luís e este caiu bêbado sobre o fogão danificando-o. Daí, no dia seguinte, cheguei à cozinha e não encontrei o fogão! Olhei mais detidamente e vi um microondas no local. Pessoalmente aquilo não me afetou, uma vez que não sei sequer fritar um ovo. Mas meus colegas que cozinhavam e faziam todas suas refeições ali entraram numa fria. Tenho visto o “Da Vovó” e outro senhor já bastante velho alimentando-se de uma dieta a base de pipoca de microondas!

***

Semana passada procurei Arni para pagar o aluguel e o vi em sua cozinha PARTICULAR, preparando uma comida quente no SEU FOGÃO PARTICULAR e a servindo para os seus amados gatos: Stálin e Calígula.

Entreguei o dinheiro e voltei ao meu quarto, Estava com fome. Abri uma lata de atum e servi um copo de vodka.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Love, Love, Suicídio e Um Baby Doll Vermelho (Sannio Carta)

imagem selecionada por Preta
“Mensurável” a falta de um argumento melhor. Tão mensurável que é possível ser visível.
Nem quisto se é válido como realmente um protesto ou não.
Espero que continue tão vivaz quanto parece. No começo eram só peitos, mas deixa eu ver direito... Tem uma personalidade bonita por trás do soutien de renda (que rende).
Gosto do castanho querendo aloirar-se, gosto dos sorrisos, dos disfarces. Gosto distante mas com certeza melhor do que antes. Até o nome é bonito. Se falo de beleza, tampouco hipócrita, falo do que me atrai, se me distrai as vistas, nem bem merece que peça, desnecessário que insista. Me entrego!
Curto, acho bacana, não nego. Bonito sorriso, não me causa surpresa, nem me torna um seguidor fervoroso. Já vi muitos. Perambulei por alguns, digo, com pouco espaço para o saudosismo.
Faço de novo. Troco saliva. Diz que duvida?
Achava legal, suicídios ensaiados. Mas minha atenção perdeu este foco. Parece agora recalque, que viva, que sofra, sua história, perdas e glórias. Me poupe.
Tantos astros decadentes, morrem contentes em sua despedida. Meio idiota. Desperdiçar uma vida. Se quer ser diferente arrume um martírio. Tão fácil, quando é corda ou tiro.
Deixei aquele baby doll vermelho no outro apartamento. Teve anos pra buscar, desculpa, lamento.
Pensei em levar comigo, me basta ser teu amigo, se quer, se eu quero, talvez, eu consigo...
Ou consiga, pegar uma ou duas de suas amigas, se já não o fiz. Ta, sem mistério, já fiz.
Que sobra de ego, desalmado, mal amado... Credo! (?)

sábado, 12 de outubro de 2013

O Milagre da Compreensão (Tommy Wine & Beer)



É MADRUGADA, 6:49

Acordo com o pinto murcho

Segunda-feira 30 de setembro

Me levanto

Meu cérebro ainda dorme

 

Ato contínuo:

Dentes lavados

Roupa vestida

Sapatos de 30 $ atados

Intestino desopilado

 

Saio de meu quarto

De meio salário-mínimo

A vitória agora é não estar

Arrasadoramente deprimido

E de ressaca num começo

De semana nublado.

 

Tomo as ruas

7:30

Sempre bêbado delas

E eis que vejo algo

Absolutamente formidável!

Senão o MAIOR gambá

Das cercanias

(Centro-Cidade Baixa)

Um deles, sem sombra de dúvida

Estátua viva do Grand’s Bar

Na Lima & Silva

Numa das mãos

Não  o tradicional copo

Sim uma pasta de trabalho

E no lugar da tradicionalíssima

Cara de bêbado atormentado

Um semblante tranqüilo

O caminhar é arrastado

Denunciando seqüela ou ressaca

De bira

Nunca imaginei que esse tipo

Trabalhasse sei lá podia ser encostado na previdência

Ou sustentado pela mãe ou esposa...

Um vampiro-etílico em plena claridade

Como num ballét pela Fernando Machado

Parece que por algumas intermináveis horas

O copo vai ter que esperar.

E pela primeira vez

Numa segunda pela manhã

Não me senti absolutamente

Sozinho.
30/09/13

  

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sanneto (Por Tommy Wine & Beer)


 
 
Então Sannio o que você me conta?

Continua queimando neurônios pra escrever poemas (até a última ponta)?

Desistiu da construção do socialismo etílico?

Fase germinal de um comunismo erótico...!

 

A presente epístola é um protesto camarada!

Precisamos falar de projetos e coisas inacabadas!

Somos como um impossível confeiteiro...

De sonhos rebeldes e loucos companheiro!

 

E o que será da CB sem você pra inventariar seu harém de musas furtivas ou furtadas?

E a sua coluna pra louca? Verdadeiras cartas engarrafadas e lançadas...

Pra suas navegantes leitoras sereias caretas ou chapadas!

 

Ah, saudade é cerveja adiada...!!

Porra dê um tempo em seus empíricos estudos autodidatas de ginecologia!

E apareça para botarmos os planos o trago e o papo em dia!

 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Na Estupidez, Renato HELL Albasini


Na estupidez mais clara,
entre os braços da escuridão de uma nota só,
aos anseios cardíacos emocionais
Ríspidos louros de vencedores ao redor

Na mais clara estupidez,
Vasta e louca,
Cruel ostracismo da opinião
Reta e solta

Na estupidez às claras
Vultuosa e absurda,
Máxima minimizada
Pútrida e pura

Na estupidez menor
De vontades e saudades
na fúria incontida
rápida, árida, sua, minha...

Na estupidez
que encerra
abre-se, emperra,
acerta, erra...
como hera.

domingo, 25 de agosto de 2013

COBERTURA “GO(N)ZO” (QUIÇA BOZO) JORNALÍSTICA DOS SARAUS UNDERGROUND’S DE PORTO ALEGRE (Tommy Wine & Beer)




 
 
 
Tudo começou quando encontrei Sandro Barba na festa do “Largo Vivo”, sábado dia 17:

“Agentes da LOUCURA (sic) então!”

“Sim man!”

“Cara vocês são perfeitos para ler no Sarau do Bar do Russo!”

“Ok man, irei lá ler alguma coisa!”

***

Na quarta eu voltava de Gravataí, onde trampo, no SOGIL popular 4 pila e 75 cent’s a passagem.

Só eu e mais um malungo.

Sabia que conhecia o sujeito de algum lugar...

Bactéria!!!

Daí apertei sua mão e perguntei o que ele estava indo fazer em poa.

Expor suas camisetas num evento de leitura de poemas no bar ECLIPSE que fica na José do Patrocínio, Cidade Baixa.

Já me convidei...

***

Passei no MISTER XIS pra um aquecimento...

Alemão me serviu duas doses ogras de Valessa, a vodka dos durões.

Me fez ouvir Neruda.

Tomei ainda uma cerveja e fui pra leitura...

***

No Eclipse...

Havia um círculo de cadeiras, um bom número de jovens e a presença do manda-chuva – que bebia um cafezinho – Pedro  – poeta de primeira!

Me apresentei: “Sou Tommy Wine & Beer, e escrevo com meus cupinchas no blog Agentes da Louca...”

Comecei com “Coração Gripado Blues”, um poema humorísticamente triste que escrevi.

Lembro de ter ouvido muitas risadas, embora para mim seja um verso triste quando falei “Deus mijou na harmônica (gaita) de Bob Dylan”.

Depois ataquei com “Lust Luxe” do Hell e aí acho que ganhei a plateia, com a sucessão vertiginosa e alucinante de verbetes eróticos que o poema informa, do naipe de:

Dizer sim, querer o não, coito, orgasmo solidão, Prosmicuidade, Penetração.... Luxúria, Prevenção, Fantasias, Diversão...

Cada vez mais bêbado, li o meu “OS BLUES DA CIDADE BAIXA” - afinal estávamos ali na grande vagina boemia e cultural de Poa -, texto no qual GRITO:

“BUK ESTÁ MORTO SUA OBRA NÃO!”

Um moleque se inspirou e leu um poema do velho safado...

Lembro de um notável jovem poeta de nome Alex ler um interessante poema de protesto no qual dizia cobras e lagartos contra o seu velho pai conservador... pena não lembrar os versos.

Por fim, deixei para ler algo da estrela máxima – Sannio - seu clássico “Carta ao Coração” para o final e quando terminei com:

“Um dia eu ainda te perco de vez

Enfim, são só tolices...”

Senti um embargo em minha voz, observei que uma garota sorriu para o seu namorado e ele beijou-a, e vieram as palmas PORRA!

Depois fui embora, comi um cachorro-quente do Élio e o vomitei em meu maldito quarto de 250 pratas por mês.

                                                                    ***

Daí na sexta fui pro SARAU DO BAR DO RUSSO, no Bar AVENIDA, na Bento.

Lá o ambiente era muito mais etílico-anárquico.

Destacaram-se dois bons leitores, Iuri o mentor do evento, e um outro rapaz, um tanto rechonchudo e de língua presa...

Ainda estava lá o tal Alex que mais uma vez dominou o palco e hiponotizou a plateia!

Desafiado a ler, “subi ao palco”, na real, um banco de pedra e declamei de cabeça, um dos meus haikus:

“Imagina menina

Vou pintar um Guernica seminal

Nas paredes da tua vagina”
***

Foram Grandes Baratos!
 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Dica Para Quem Gosta de Música e Não Fica só no Radinho, Renato HELL Albasini

Eu tenho um blog de músicas do mundo. Que tenta de alguma forma, pesquisar sons diferentes de lugares idem.

Quem tiver bons ouvidos e mente aberta, aqui está a dica:

www.hellsbeat.blogspot.com
Senão fique ouvindo o rádio, TOP TEN...

domingo, 18 de agosto de 2013

História Negativa (por Felipe Mutley)



Foto de Tommy Wine & Beer

No meu quarto entra o Bixo-Papão quando estou dormindo. Ele o vasculha a procura da foto da minha ex-namorada, que estuda na Capital e vive com um ex-combatente da guerrilha afegã que expulsou os soviéticos de lá.
No Afeganistão ele conheceu o Rambo, que lhe ensinou a construir uma bomba com biodiesel e fotos de... mulher pelada. O Magaiver que ensinou a Rambo como construí-la, mas primeiro a mim.
O importante é que a foto da minha ex está bem escondida. O Bixo-Papão pensa que estou dormindo. Vai ter que me tocar para me pedir a foto. Mas nem sob tortura, choque nos testículos, agulhas nas unhas, pedra de sal grosso na uretra, não darei a foto da minha ex nua, que tirou a roupa para mim e outras coisas mais, ao inutilmente aculturado Bixo-Papão. Porque o efeito colateral dessa bomba é que a mulher da foto usada em sua fabricação vira puta logo que a bomba explode, e eu não quero pagar para comer minha ex futuramente.
Quando o Bixo me cutuca, toco meu travesseiro nele. Então sua fantasia cai e não é mais Bixo-Papão, e sim minha ex que quer virar garota de programa para arrecadar verbas para mover uma guerra contra sua família de mafiosos.
Levo-a no batuque para que se confesse com o caboclo, que lhe dá uma lição encarnando o Exu e transando com ela; eu transo com ela, e o resto dos Orixás todos também, até Yansã a faz flutuar sobre espinhos de maricá e laranjeira.
Quando ela volta do paraíso da devastação e da insaciabilidade, o caboclo lhe explica que, caso a bomba exploda, ela irá fazer isso todos os dias, mas a partir de então não irá mais gostar, por isso irá cobrar. Mas ela finge não ouvir e dá de ombros.
Saímos do batuque e vamos à rodoviária. Prometo-lhe que a ajudarei no combate a sua família tirana, que mente que coloca fertilizante no café dos empregados quando na verdade é veneno, uma forma siciliana de economizar com os trabalhadores solitários. Minha ex volta mais tranquila para os braços de seu namorido. Então monto a tal bomba e amarro-a na cintura.
A caminho da residência dos grandes criminosos, encontro o Saci usando perna de pau e gordo. Ele me conta que a mesma família da minha ex lhe prometeu uma perna de células-tronco, desde que ele deixasse que plantassem eucalipto nas florestas que antes ele protegia. Mas agora que voltou das férias, ele é um pirata inglês que apreende navios tumbeiros e devolve a liberdade aos negros, instalando-os no Haiti, obrigando-os a produzirem açúcar para alimentar o alienígena do primeiro M.I.B.
Os orangotangos da mansão são gentis comigo. Levam-me à presença do Rei do crime e se retiram. Ele me pergunta quando a bomba vai explodir, e digo-lhe que antes me apresente tudo que custa caro. Vou ao interfone e anuncio o número da minha ex às pessoas da casa, asseverando-lhes que, assim que escutarem um estouro, ela precisará de dinheiro.
O chefão volta com um conjunto de porcelana chinesa e quadros inestimáveis; entrega-me um isqueiro, machado e galão de gasolina, a qual uso para dar-lhe um banho. Depois que destruo tudo que representa nobreza, prendo fogo ao hipócrita porco.
Nos primeiros instantes das chamas, meu ex-sogro passa a guinchar e nos abraçamos. Rolamos no chão e, quando nossos corpos são carne esturricada, a bomba detona.
Acordo num lixão, ouvindo porcos grunhindo freneticamente e sentindo um cheiro de carne queimada. Tremenda sensação repugnante pela manhã me dá dor de barriga, mas não encontro nada ao alcance com que me limpar, apenas pães velhos que bem serviram para improviso.
Saio daquele chiqueiro e encontro o Saci trabalhando como estivador de um navio internacional transportador de lixo; e minha ex, que virou funcionária pública da Rede Estadual dos Portos Privados Internacionais Comerciais Atlânticos (REPPICA), servindo como descanso aos marujos durante as noites invernais do Oceano Cinzento.
Dou-lhes de presente os pães e saio daquele lugar fétido, espalhando meu cérebro aquele lixo importado.

sábado, 10 de agosto de 2013

PESADELO NO BAMBU'S (por Tommy Wine & Beer)

 
 
 
I


Saí do meu trabalho onde suo como um hamster numa roda idiota por moedas e sem assinatura no gibizinho. É fim de uma tarde de verão. Eu estava um caco física e espiritualmente. Um tanto quanto cansado do “circuito escritório-Cidade Baixa-Pensão”.

 

Subi a lomba da Ramiro suspirando tédio, desolação e DOR: meu crânio,  minha batata da perna (com uma variz horrenda) e minha virilha (com um estranho e amedrontador caroço que parecia a eclosão de um terceiro bago) DOIAM.

A sensação terrível de que a vida era vagabunda demais às vezes dominava meu espírito. Dias sucedendo dias de lances iguais. E poa?, será que não tinha mais nada pra me oferecer? Cidade desgraçada me mande um pouco de emoção sua puta!

II

Dobrei pra Avenida “Indie” e meu humor começou a melhorar. Gostava de chamá-la assim. A Independência! Gostava daquele pessoal dali, embora houvesse não exatamente um abismo a nos separar, e sim catracas, cartões de crédito e boas bebidas. Mas é um povo bonito: belas roupas, belas barbas, belos cortes de cabelo, belas garotas. Não que eles estivessem aos montões ali num final de tarde de quinta. À noite talvez. Aí se aglomerariam em uma festa classuda no Beco.

À favor da ladeira segui marchando. Tentando ouvir alguma notícia relevante sobre futebol no rádio. Distraído me vi em frente ao BAMBU'S. Um verdadeiro santuário da alternatividade local. “E por que não tomar um trago ali?”, foi o que pensei. Estava às moscas é verdade. Tranquilo. Entrei e pedi uma dose de vodka e uma Kaiser.

III

Eu tava sereno sorvendo aquele suco de milho com álcool e tomando o meu veneno no instante em que entraram três caras de suspensórios no bar. Pareciam aquilo que chamam de cosplay. Fantasiados de alguma coisa do imaginário pop que eu e minha ignorância não conseguimos decodificar. Dos personagens do filme Laranja Mecânica talvez..

Os garotões e suas carecas lustrosas passaram pela minha MESA e sentaram-se ao fundo. Eu não devia encará-los e nem queria, sou pacifista ou covarde. Não sei bem. O bode é que eu tenho déficit de atenção. Uma inconveniente SUPER-ATENÇÃO. E aquilo que sempre me fodeu na escola agora ia me foder A VALER NA VIDA. Comecei a ouvir o que diziam. Era uma baboseira nazi. Encarei-os. Não podia evitar. Notei que um era alto e magro como uma vara de saltar, rosto fino e quase imberbe. O outro mais balofo, com bons bíceps e uma cara de brado. Por fim, o terceiro parecia ser o líder era um trintão como eu, dentes amarelados, sinais de expressão já bem cavados no rosto rude.

Pedi mais uma cerveja litrão e uma dose dupla de vodka que tomei de gute, em três tempos, num VIRA FORMIDÁVEL. Estava ficando BÊBADO. E bêbado eu fico corajoso! TEMERARIAMENTE CORAJOSO, registre-se.

Um dos caras foi até a rua e voltou, parou no caixa, pediu outra coca e quando passou pela minha mesa empurrou-a e disse:

“BOA-TARDE SENHOR!”

Se eu estivesse sóbrio, teria ficado nervoso. Com o cú que não entrava um palito de dente. Mas o álcool tinha me dado ENERGIA, VIGOR, AUTOCONFIANÇA e LOUCURA. Daí respondi:

“Bom dia filho.”

Depois gritei ao barman, “Ei manda TRÊS NOVA SCHIN AQUI, por favor! Sabe man, me deu uma vontade de derrubar TRÊS skin!”

O rapaz negro me trouxe minhas três cervejas. Sentei no balcão do bar. Vi os três garotões se levantaram vir em minha direção.

Pensei “que porra, ora eu podia estar batendo um papo aqui com o Júpter Maçã ou a Cláudia Tajes, mas não. Tinha era que ser aborrecido por estes tipos estranhos”.

IV

 O dono do bar, um cara que vive com um cigarro na boca, um dentuço e barrigudo que não sei o nome, percebeu a ofensiva dos caras em minha direção com sangue nos olhos bradou: “Não quero confusão aqui vão beber suas merdas de bebida lá na rua que vou chamar a polícia!”

Um dos nazi disse, “vamos, vamos para a rua, conversamos com este senhor na rua depois”.

Pegaram suas cocas e se foram.

Segui tomando minhas cevas. Caiu à noite, fui ficando de porre e resolvi ir embora. Enquanto aguardava na fila do caixa, abri minha pasta e tirei uma garrafa de vinho e comecei a beber.

Tomei as ruas. Optei por mijar naquela praça do colégio. E logo me deparei com meus opositores: os rapazes do Laranja empunhando clichezísticos tacos de baseball! Ah mas não é justo, Daniel Galera não precisa passar por isso!

V

Guardei meu pequeno caralho rapidamente. Senti os pingos de urina descendo pelas pernas.

“Vocês estão fritos seus trouxas”, gritei enquanto batia com minha garrafa de PLÁSTICO pateticamente contra um banco, achando que construiria uma amedrontadora arma cortante instantânea. A garrafa só ficou amassada e o vinho jorrou em meu braço. Eu ia dançar feio.

"Agora vocês vão conhecer uma máquina que mata fascistas!" Olhei para minha mão e a idiota da garrafa de plástico estava ali. Um buque de flores talvez produzisse um maior efeito psíquico contra os skin do que aquela garrafa.

“Esse cara é louco, ouvi um dizer. Vamos dar uma lição nele agora!” E vieram pra cima as ganha!

E ali estava eu, tentando combater golpes de taco com socos. As primeiras 5 pauladas no braço doeram pra caramba. Depois não sentia mais nada. Fui ficando cansado. Só pensava em não ter dentes quebrados. Embora eles estivessem ruins e amarelos como de um pangaré ordinário, ficar sem eles ia ser uma barra e tanto.

Tomei uma estocada no estomâgo e senti uma terrível falta de ar. Pronto, agora eu ia DANÇAR DEFINITIVAMENTE. Ia levar uma boa paulada nas guampas e cair e eles iam me transformar em strogonoff.

Dito e feito. Tomei uma! Senti o sangue escorrer no rosto e cair na minha boca. Não era de todo mal é verdade. Tinha um gosto de ferro e vinho.

Ainda me ocorreu o seguinte pensamento: eu seria manchete do jornal do almoço e a Ranzolin diria “Ângelo Gubert Tomiello, advogado foi assassinado...” e nem mencionaria que eu era ESCRITOR E JOGADOR DE BASQUETE!  

VI

Só que subitamente surge um grupo de rapazes negros do nada na cena. Um dos caras falou: " O que são afinal esses branquinhos fantasiados batendo no velho bêbado?” e olhou para um rapaz negro de óculos fundo-de-garrafa e perguntou, “diz aí Computador que porra é essa?”

Computador falou: “Esses caras são neonazistas, eles pensam pertencer a uma raça superior. Não gostam de negros, nem gays, nem judeus e nem ciganos e latinos...”

“Porra, e eles tão batendo nesse véio pq?”

Se dirigiu a mim e disse:

“Aì tiozão tu não é preto to vendo, tu é veado?”

“Sou gay em espírito, um White-negro, um latrino latino...”, isso foi a melhor tirada que consegui espremer da situação.

"Mas esses caras então pensam que são mais que os outros é!"

Eu disse, “é, por isso estou dando esta lição neles”!

Todos riram.

Gostei desse tiozão aí. Vamos dar uma lição nesses playboys de merda.

Um novo conflito começou. Agora eram os caras do bonde contra os nazi. Juntei minha garrafa do chão e dei uma golada. De repente um dos rapazes negro sacou um canela seca da cintura e atingiu os joelhos dos caras, eles caíram gemendo feito putas.

Eaí tio como é que ta o senhor?

To bem, querem um gole rapazes? Olha, vocês deveriam se chamar os bala no joelho!

“Boa!”, todos assentiram.

Daí os caras beberam meu vinho amalgamado com sangue.

“Embora dá um rolê nos inferninhos tio toma uma gelada, pega umas mina e dança um funk?”

“Bora”, falei. “Vocês vão conhecer O Maior Dançarino Negro de Todo Centro e Cidade Baixa!”

Os manos se mijaram de tanto rir.

Porto Alegre tinha enfim me mandado uma boa aventura. Eu ainda tinha 30 pila na pasta e esta história por escrever.

 

Caminhei em direção ao centro com os "Balas no Joelho", agora voltava tudo ao normal. O prefeito continuava comendo na mão dos empresários do transporte público. As palmeiras continuavam sendo umas árvores estúpidas que sequer tinham cocos. O padrasto abusaria da enteada de cinco anos na Bonja ou na Bela Vista. Sem contar a pornografia dos infindáveis modelos de péssimos e horríveis carros novos, levando as pessoas de um lugar medíocre para outro ainda mais cretino.