"Existem duas coisas que um homem não pode esconder: quando ele está bêbado e quando ele está apaixonado."
(Johnny Depp)
Parecia sentir o gládio a congelar-me o pescoço
Tal água salina a engasgar-me
Descia o líquido amargo e cevado
Frio e entorpecente
Molhando às vísceras e com ela toda a sua imundície
Fermentando em mim um longo serpentear nos intestinos
O álcool que não esteriliza
Ao contrário, mancha
Todo ideal e bom senso
Toda coerência de fora pra dentro
E que traz ao peito alívio
E me torna tolo e altivo
Orgulhoso e alucinado
E dos meus planos almejados
Soluço a frustração de gosto amargo
Já agora cansado, troco o passo
E passado
Como um mar ressacado
Vômito nas pedras
Meu silêncio revoltado
E com os dias
Uns sobre os outros
Mais uma vez
Afasto o copo de vidro
Sei que mesmo advertidamente
Cairei se não hoje
Neste tempo presento
Em outra melancólica despedida
Da racionalidade excluída
Saibas que faço no vento
Desenhos com o dedo
E todos estes sobre o tempo
De quando eu era só outro idiota
Fazendo do dono do bar
Um terrível agiota
A quem eu devia a minha vida
Mas agora que me acenas
Mudo esta sina pequena
De só pensar em meu umbigo
Porque quando estou contigo
Me embriago dos sonhos
E nestes versos medonhos
Atesto de vez
que não quero ser
só mais um amigo
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