sexta-feira, 24 de maio de 2013

Maldita Beatriz (por Sannio Carta)


 PARTE II
Cinquenta gramas é o que pesa aproximadamente o meu celular. Parcas, poucas, pífias e mais um ou dois adjetivos com "p", que possam subtitular as características singulares, da porra do meu celular. Mesmo pesando tão pouco, não fui capaz de levá-lo até um dos ouvidos e ligar. Estranho, pois seriam aproximadamente quinze graus acima do que eu costumo erguer meu cotovelo.

Quando por total falta de respeito próprio encho os beiços molhados de levedura de cerveja. Será que aquelas coisinhas minúsculas estão vivas, como estão vivos os lactobacilos no iogurte? Engraçado!

Engraçado também, feito pronomes possessivos, são os meus pensamentos obsessivos, quanto a Beatriz.

Beatriz não me prometeu continuidade. Nem percebi em seus olhos tampouco paixão inflamada. E eu estava ali naquela rua recém conhecida, por entre as sombras das árvores anãs, naquela noite de Maio. Programando o meu corpo, para um comportamento psico-ciumento vandalista. Ao lado de uma das janelas da casa de Beatriz. Ótimo que ela more em uma moradia, por que rima perfeitamente com vadia.

E como toda vadia que se preze, sua localização é conhecida pelos jovens homens do bairro.

Nada que uma carteira de cigarros e uma cerveja não paguem. Não que eu não pudesse conseguir a informação de outra maneira.

Mas estou guardando a super-violência, para quando for realmente preciso.

A janela pouco geme aos meus avanços. Ao contrário, responde satisfeita ao ser aberta rústica, mas gentilmente. Tal janela, tal moradora.

Ao entrar tenho as narinas invadidas por um cheiro de carne podre. No que parece ser um quarto. Ouço o barulho de um chuveiro em uma porta entreaberta, muito próximo dali. Seguro firmemente a faca de cozinha abaixo do moletom. Minhas mãos suam muito agora. Vontade de mijar.

Quando finalmente abro a porta de madeira antiga, ela faz aquele barulho bizarro de porta em filme de terror. Beatriz lava o seu corpo nu, de costas para mim. Adoro a visão daquela bunda grande, sinuosa e extremamente branca. Que rabo! Parecem duas "Moby Dick’s" se beijando. Em segundos meu pau acorda, a porta arreganhasse, o braço de Beatriz desliza para o seu sexo. O cheiro começa a tornar-se insuportável.

Beatriz percebe a minha presença e selvagemente me ataca em fúria. Rápida, instintivamente rápida. Caio com ela sobre mim, nua. Ela grita, urra maldições que para mim, parecem não ter sentido algum. Meu pau estremece de tão duro. A soco um soco forte e mesmo assim belo. O soco acerta um terço de seu queixo. Ela cai ao meu lado gritando:

"Desgraçado! Desgraçado!"

Eu subo sobre ela, prendendo seus braços com o meu peso. E canalhamente, desfiro mais dois socos. Semi-acordada, sinto suas forças diminuírem. Abaixo então as minhas calças. Dou-lhe tapas aonde minhas mãos alcançam. Viro o seu rosto, agora ensanguentado e levemente deformado pelos meus golpes contra o chão. E inicio o vai e vem naquela bunda. Ela chora, eu bato mais. Mais. Mais. Mais. Quase desmaiada, Beatriz tem tempo de me ouvir urrar, ao jorrar meu sêmen em sua vagina. A porra escorre. O barulho do chuveiro permanece. O cheiro piora.

Me levanto e chuto o rosto de Beatriz, finalmente levando-a a um sono merecido. Suo muito. Murmuro: “O que eu fiz? O que eu fiz?”

Pego a faca. Beatriz dorme tão bela. Como costumava dormir em meus braços. A acerto no pescoço com a faca. Uma, duas, três vezes. A primeira estocada cospe meu rosto de sangue, e quase me provoca um segundo orgasmo. A segunda estocada tem um barulho de osso sendo partido. A terceira, parece ter sido seguida por um suspiro que não ouve.

Morreu sonhando.

Vou até o chuveiro, preciso me lavar.

Há uma banheira ao lado. Reconheço pétalas sobre a água.

E o que parece um vulto também, submerso.

Tremendo, enfio a mão na água e puxo pelos cabelos o cadáver de um homem.

O encaro. Puxo o pênis. Urino naquele rosto cadavérico.

"Bebe, seu corno de merda!"

Tomo meu banho.

Ah...sim. Lembrei de uma música: "Raindrops keep falling on my head..."- cantarolo.

Tive que ficar mais um mês trancado em casa. Vi a notícia do incêndio na residência de Beatriz, um dia após a minha visita. Raspo o meu cabelo agora, não quero continuar com o mesmo visual de quando saíamos. - Pobre Beatriz. Eu gostava dela!

"Raindrops keep falling on my head". Assovios.

Um comentário:

Anônimo disse...
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