PARTE II
Cinquenta
gramas é o que pesa aproximadamente o meu celular. Parcas, poucas, pífias e
mais um ou dois adjetivos com "p", que possam subtitular as
características singulares, da porra do meu celular. Mesmo pesando tão pouco,
não fui capaz de levá-lo até um dos ouvidos e ligar. Estranho, pois seriam
aproximadamente quinze graus acima do que eu costumo erguer meu cotovelo.
Quando
por total falta de respeito próprio encho os beiços molhados de levedura de
cerveja. Será que aquelas coisinhas minúsculas estão vivas, como estão vivos os
lactobacilos no iogurte? Engraçado!
Engraçado
também, feito pronomes possessivos, são os meus pensamentos obsessivos, quanto a
Beatriz.
Beatriz
não me prometeu continuidade. Nem percebi em seus olhos tampouco paixão
inflamada. E eu estava ali naquela rua recém conhecida, por entre as sombras das
árvores anãs, naquela noite de Maio. Programando o meu corpo, para um
comportamento psico-ciumento vandalista. Ao lado de uma das janelas da casa de
Beatriz. Ótimo que ela more em uma moradia, por que rima perfeitamente com
vadia.
E como
toda vadia que se preze, sua localização é conhecida pelos jovens homens do
bairro.
Nada que
uma carteira de cigarros e uma cerveja não paguem. Não que eu não pudesse
conseguir a informação de outra maneira.
Mas estou
guardando a super-violência, para quando for realmente preciso.
A janela
pouco geme aos meus avanços. Ao contrário, responde satisfeita ao ser aberta
rústica, mas gentilmente. Tal janela, tal moradora.
Ao entrar
tenho as narinas invadidas por um cheiro de carne podre. No que parece ser um
quarto. Ouço o barulho de um chuveiro em uma porta entreaberta, muito próximo
dali. Seguro firmemente a faca de cozinha abaixo do moletom. Minhas mãos suam
muito agora. Vontade de mijar.
Quando
finalmente abro a porta de madeira antiga, ela faz aquele barulho bizarro de
porta em filme de terror. Beatriz lava o seu corpo nu, de costas para mim. Adoro
a visão daquela bunda grande, sinuosa e extremamente branca. Que rabo! Parecem
duas "Moby Dick’s" se beijando. Em segundos meu pau acorda, a porta
arreganhasse, o braço de Beatriz desliza para o seu sexo. O cheiro começa a
tornar-se insuportável.
Beatriz
percebe a minha presença e selvagemente me ataca em fúria. Rápida,
instintivamente rápida. Caio com ela sobre mim, nua. Ela grita, urra maldições
que para mim, parecem não ter sentido algum. Meu pau estremece de tão duro. A
soco um soco forte e mesmo assim belo. O soco acerta um terço de seu queixo. Ela
cai ao meu lado gritando:
"Desgraçado!
Desgraçado!"
Eu subo
sobre ela, prendendo seus braços com o meu peso. E canalhamente, desfiro mais
dois socos. Semi-acordada, sinto suas forças diminuírem. Abaixo então as minhas
calças. Dou-lhe tapas aonde minhas mãos alcançam. Viro o seu rosto, agora
ensanguentado e levemente deformado pelos meus golpes contra o chão. E inicio o
vai e vem naquela bunda. Ela chora, eu bato mais. Mais. Mais. Mais. Quase
desmaiada, Beatriz tem tempo de me ouvir urrar, ao jorrar meu sêmen em sua
vagina. A porra escorre. O barulho do chuveiro permanece. O cheiro piora.
Me
levanto e chuto o rosto de Beatriz, finalmente levando-a a um sono merecido. Suo
muito. Murmuro: “O que eu fiz? O que eu fiz?”
Pego a
faca. Beatriz dorme tão bela. Como costumava dormir em meus braços. A acerto no
pescoço com a faca. Uma, duas, três vezes. A primeira estocada cospe meu rosto
de sangue, e quase me provoca um segundo orgasmo. A segunda estocada tem um
barulho de osso sendo partido. A terceira, parece ter sido seguida por um
suspiro que não ouve.
Morreu
sonhando.
Vou até o
chuveiro, preciso me lavar.
Há uma
banheira ao lado. Reconheço pétalas sobre a água.
E o que
parece um vulto também, submerso.
Tremendo,
enfio a mão na água e puxo pelos cabelos o cadáver de um homem.
O encaro.
Puxo o pênis. Urino naquele rosto cadavérico.
"Bebe, seu corno de merda!"
Tomo meu
banho.
Ah...sim.
Lembrei de uma música: "Raindrops keep falling on my head..."-
cantarolo.
Tive que
ficar mais um mês trancado em casa. Vi a notícia do incêndio na residência de
Beatriz, um dia após a minha visita. Raspo o meu cabelo agora, não quero
continuar com o mesmo visual de quando saíamos. - Pobre Beatriz. Eu gostava dela!
"Raindrops keep
falling on my head". Assovios.
Um comentário:
Postar um comentário