terça-feira, 23 de março de 2010

'DO REALEJO DO MACACO CEGO AMANTE SECRETO DAS BORBOLETAS SUICIDAS (continuação)", por SANNIO


créditos:

Seleção de imagem: Tommy Wine Beer, furtada do blog www.hellzurzir.blogspot.com, de R. Hell Albasini.

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PARTE II





O isqueiro não acende de primeira, tenho de riscá-lo uma segunda vez para que ele produza alguma chama. Enquanto deixo a pólvora do cigarro queimar o papel branco, lembro-me da vadia loira que bateu em minha porta a noite anterior. Que par de melões! Resmungo baixinho no meu solitário delírio fanático.
Sugo o filtro laranja do cigarro imaginando ser o bico de um de seus seios. Se eu estivesse em casa ou no escritório, provavelmente sucumbiria a vontade de me masturbar ajoelhado de frente para o vaso sujo. Mas não estou!
Em vez disso estou parado em frente a um bar de motoqueiros imaginando por que eu não escutei a mamãe quando ela me mandava estudar!
A rua toda fede a urina e as motos estacionadas em frente à porta são dignas de pena. Isso sem falar nos clientes do estabelecimento: uma cambada de cabeludos mal-encarados! Todos praticamente vestindo couro e com os braços "riscados".
Coço no bolso direito da calça uma parte do adiantamento que eu consegui extorquir da vadia boazuda. Tento fazer minha cara de "comi a sua garota, e daí?". Porém acabo com o semblante de "por favor, não chutem o meu saco!"
Entro no bar com o rabo tão apertado que, se eu cagasse agora, a bosta sairia em forma de espaguete!
O buteco estava bem movimentado. Devia haver quase umas trinta pessoas lá dentro. Algo próximo da lotação máxima, já que o bar não tinha mais de dois metros de largura. Às quatro mesas existentes já estavam ocupadas. À mesa de snooker então: completamente infestada de motoqueiros e vagabundas!
Me escoro no balcão às minhas costas.
- O senhor vai querer alguma coisa? - ouço de uma voz rouca de mulher perto do meu ouvido.
Quando me viro entendo o porquê de tantos clientes: a garçonete, apesar de visivelmente já ter passado pelos seus áureos anos de juventude, é uma “puta” de uma gostosa!
- O-oi! - pateticamente gaguejo ao cumprimentá-la.
- E então gordinho?! O que vai ser? - a potranca diz isso, enquanto debruça os peitos sobre o balcão úmido.
- Tanta coisa!... - Suspiro.





PARTE III



Desperto com um sovaco semidepilado na minha cara. Tento identificar aos poucos de quem é o braço que repousa tranquilamente sobre o meu nariz. É a coroa peituda do bar de motoqueiros! - Exclamo surpreso. Logo sou atingido por flashes da noite anterior. E por uma dor de cabeça familiar.
Levanto o lençol, ainda com a cara enfiada no braço da coroa. Hummm! Belo rabo! Olho em volta. Puta pardieiro estranho esse que eu fui parar! Até o teto tá descascando!
Sorrateiramente retiro o braço da mulher. Se eu ao menos lembrasse o nome! Tento avistar as minhas calças pelo chão. De repente, uma fração de lembrança me golpeia.
"- Não vai tirar às calças gordinho? "- disse a coroa gostosa com um dos peitos de fora.
"-Depois!... Primeiro eu preciso saber como eu chego até o corno do Saul Bone!" - disse eu, lambuzando meus dedos na sua virilha.
"- Humpf! – Retraindo os beiços ela diz: Eu já te disse gordinho! Pela estrada cinqüenta e oito!”
"-Onde mesmo?"- respondi, botando o pau pra fora da calça.
"- Pela cinqüenta e oito amor (odeio esse tipo de tratamento)!" -disse enquanto se esfregava em mim. "-Você (ela também não lembrava o meu nome), segue pela cinqüenta e oito... - pegou fôlego.
"-Dobra a esquerda pela estrada de chão e roda mais uns três km (ela achava que eu tinha carro). - e fez uma cara que misturava prepotência e tédio madrugadouro.
"-Ah... é!" - respondi.
"- Agora tira essa calça!"- murmurou a vaca.
- Sentiu minha falta - falou a gostosa despertando do seu sono de minerva, me trazendo de volta ao presente.- Claro - respondo.
E volto a me enrolar em seus braços.
"- Dessa vez eu vou lembrar!"







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CONTINUA!

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