quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TRÊS TEMPOS (Sannio)


1998.
Arrumo as malas, repletas de angústias.

2000.
Ajeito as mochilas, cheias de esperanças.

2006.
Encho as bagagens encharcadas de mágoas.

1998.
Minha vó não quer que eu vá.
E essa acaba se tornando uma das recordações mais saudosas da minha vida.

2000.
Meu pai me espera na rodoviária.
Dou um beijo de despedida na primeira baiana que conquisto antes de descer do ônibus.
Ela vai de encontro aos familiares.
E eu, enfim, entro em rota de colisão com um cara que mal conheço.

2006.
Abro o roupeiro e guardo as cartas que “ela” me escrevia. E junto delas, o amor que eu tinha.

1998.
À noite, espio pela janela do quarto, algumas pessoas fumando crack.
Esquecendo, mesmo em comunhão, de serem humanas.
Sinto falta de casa. Caxias faz frio.

2000.
Meu pai tem uma família.
Eu, um quarto.
E no quintal tem um pé de jambo e um coqueiro pra trepar.

2006.
Porto Alegre ganha mais uma chance comigo; eu também gostaria de ter isso.







Um comentário:

Anônimo disse...

FIcou legal essa quebra de lineariedade cronológico (acho que isso é meio REDUNDANTE, mas tudo bem.)Tu morou na Bahia e Caxias, agora me caiu a ficha. Imagina se eu beijasse Selma
ass.: Tommy Wine Beer.