quarta-feira, 15 de maio de 2013

"Vagabundos de Tapes" (Sannio Carta)





“A casa abandonada/As luzes estreladas/O palco mais belo...” (Pública)

Cidade de Tapes, 2003.

Planeta Terra.

"Bem Vindo ao Inferno - Limpe Os Pés Antes De Entrar". Era (e ainda é), o que estava (está) escrito ao lado da entrada do "mocó".

"Ao lado da entrada", por que o mocó, não tem porta. Mas o mocó tem uma janela. 

Um buraco quadrado em uma de suas quatro paredes. Talvez, "os únicos quadrados", representados naquele insano covil de "caretas" e blasfemadores.

Aliás, foi nesta mesma cidade e ano que eu vim a me tornar "o InSannio".

Apelido carinhoso (?), dado por uma universitária bêbada, que eu gentilmente ignorei, para que um dileto amigo, pudesse fazer a corte, sem interrupções do meu indescritível e quiçá irresistível, charme auto-destrutivo.

O mocó era um lugar muito bem frequentado no início.

Antes das invasões dos mendigos e de outros vagabundos, bem menos letrados e conceituados, dentre a pretensa burguesia interiorana.

A nova geração da nata artística da cidade já havia pisado ao menos uma vez no mocó.

Em meio a teias de aranhas e barulho de ratos nos telhados.

Me parece que é sempre oferecida uma receita literária aos que buscam sonhos de revolução e liberdade.

Mas viver os mesmos, quem ousaria?

Nós ousamos!

Rebeldes de causas questionáveis, punks, beats, novos hippies.

Santos e demônios, sagrados e pervertidos.

Éramos deuses das carteiras de trabalho inexistentes.

Quebrado a mítica utópica, voltamos a ser sementes.

Tristes e inocentes de um amanhã que nunca chegará.

Um comentário:

Anônimo disse...

Jus't love!...