sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Fada do Dente Podre & Seu Pico Fantástico (por Tommy Wine & Beer)


 
 
For-mi-dá-vel! Meu despertador de 1,99 tocou! São 6 da manhã. Tateio a cabeceira da cama vagabunda do meu quarto vagabundo de pensão que sub-habito como um franciscano marxista a procura do relogiozinho. Encontro um objeto, é um pedaço de banana que espremo em minha gloriosa mão esquerda de arremessos precisos! Com a mão suja sigo a busca cega, encontro o aparelho dos ex-man e com o polegar movo a lavanquinha da posição on para off.

“Ventura a pobreza, ventura a patetice”, filosofo em pensamento.

É o inverno mais humano e suportável que já passei em Poa. Levanto de um salto. É sabido que grande parte dos gênios odeia levantar cedo. Eu sempre gostei. E de gênio nada tive ou terei. E no mais não estou de ressaca.

Tiro a bermuda dos Pacers que furtei de um bom camarada – canabinóico gênio do cartoons - , e noto que minha benga está murcha! Onde foram parar aquelas ereções fantásticas que eu tinha ao acordar? Deve ser a sertralina, a nova droga que o doidão aqui está curtindo! Foda-se!

Visto uma cueca preta com belas manchas douradas de clorofina e três furos. Calças de terno ordinária. Uma boa camisa. E os guerreiros sapatos de bico gasto.

Lavo o rosto, removendo os guisados verdes, uma escovada bem meia-boca nos dentes só para remover o bafo. Abro minha janela, ainda é noite esplendida, os pássaros dormem, dos ratos não posso dizer o mesmo. Respiro aquele ar nem tão limpo assim do centro, como se fosse o ar mais limpo de uma floresta mágica. Estou vivo porra, é o que penso.

Agora preciso de um café e queijo derretido! Preparo a refeição rapidamente. Eu adoro álcool! Por isso bebo com cautela, para poder me embebedar para sempre. E não acabar como meu primo Gerard que tem cirrose e explodirá com só mais uma gota de trago. Mas o que quero dizer é que ah, o café é a minha bebida! Ele lubrifica meu cérebro, catalisa meus pensamentos, dá viço, tesão, ímpeto, força e loucura as minhas palavras.

É uma terça-feira atípica, no turno da manhã irei ao dentista. É verdade que sempre caguei um pouquinho para os meus dentes. A grande maioria dos pobres de poa é assim. Somos uns porquinhos relaxados em relação aos nossos dentes. Ou seja, pobres tem dentes podres. Quando os temos, é claro. Agora na tevê e seu ridículo mundo tão natural quanto recheio de biscoito de morango, as pessoas tem dentes tão brancos quanto folhas de papel brancas.

Me despeço de meu belíssimo quartinho, tranco-o com meu cadeado dourado e tomo as RUAS. Escrevo em CAIXA ALTA mesmo por que as tenho em alta valia. As ruas são santas para mim. Agora deus e porto alegre escrevo sem esta insígnia reverencial. Escrevo-os em minúsculas letras, pra que se liguem e cresçam e evoluam e me ofertem pirulitos de cevada.

Meus dentes estão bens ruins, preciso confessar. Nunca dei muita bola para eles já disse. Se a beleza do interior da boca não me sensibiliza. Por outro lado seu odor é uma coisa que me incomoda mesmo. Odeio hálito de merda!

Daí cheguei ao consultório. Ingressei no elevador. Entre um gordão e a ascensorista me ocorreu o seguinte insight “Nós os Tomiello, temos dentes e miolos frouxos e ruins”, pois é incrível como todos de minha família temos dentes podres e somos loucos! E a loucura nos cura do tédio, só que nos fode no resto dos aspectos: como acumular dinheiro e respeitabilidade.

Apresento minha carteirinha de advogado a recepcionista. Minhas unhas estão sujas e cortadas desastrosamente com os dentes. Devo ser o advogado mais chinelão do mundo, penso.

 Uma garota ruiva diz:

“São 50 reais doutor.”

Pago a quantia com dor e pesar no coração. Uma onça! Cinco heineken’s 600 mls e 5 cachorros-quentes gostosos no Élio!

Observo que brilha uma mensagem no monitor do seu computador “advogado inadimplente”.

A ruivinha diz:

“O senhor precisa comparecer a tesouraria Doutor.”

“14 mensalidades atrasadas querida, tal qual a dívida de aluguéis do Seu Madruga! E corta essa de doutor, por favor. Não sou doutor, sequer sou técnico em enfermagem. Sou Tomiello, o advogado das ruas.”

“Ok, doutor, pode aguardar seu nome ser chamado pela Doutora Florbela.”

“Podia ser Florinda!” digo, dando uma de palhaço.

Ela riu, eu ri também, a vida era de fato um grande barato, e eu nunca tocara em cabelos ruivos, em crespos e dourados sim, ruivos não, exceto talvez os de meu amigo Mingau, um jornalista e baixista de punk rock amigo de longa data.

De repente ouço “Ângelo Gubert Tomiello”. Era Florbela pronunciando meu nome, embora de bela não tivesse nada. Aperto sua mão e ingresso na sua sala. Ela pergunta:

“O que houve Ângelo?”

“Bem, eu sou advogado, mas também sou escritor e jogador de basquete, e estava numa partida fantástica, marcando um cara de quase 2 metros de altura e mais de cem quilos, quando ele me acertou INVOLUNTARIAMENTE uma cotovelada no rosto e me quebrou um dente! Mas foi sem intenção, ele ficou bem chateado e até me pagou uns drinks no Mister Xis depois.”

Pura lorota. Eu havia quebrado aquele por culpa de um pastel. Outros dois eu quebrara mastigando amendoim chinês e passando fio dental.

Deitei na cadeira, ela me aplicou aquelas injeções gostosas de anestesia, uau! Quando criança eu era um frouxo e cagão e morria de medo de ir ao dentista. Agora a dor física não significava muito para mim. Não me importavam tanto depois de tantas dores na alma em virtude de guampas e outros sonhos apodrecidos e borolentos.

A anestesia começou a fazer efeito. Minha boca foi ficando engraçada, sem sensibilidade. Em meu delírio, me imagina um junkie como Bill Burroughs, tomando um pico da fada do dente podre, passei a ter visões ou imaginá-las: Bob Dylan disfarçado de Robbin Hood, Bukowski sodomizando Allen Ginsberg, Dom Quixote guiando uma Harley, Sannio Carta de barba e cabelos longos tocando Like a Hurricane do Neil Young numa guitarra cujas cordas eram fios do bigode do Belchior...

Florbela seguiu tratando meu canal e o pênis da minha alma teve uma ereção afinal.

 

7 comentários:

Woodgus Wine & Beer disse...

hahahhah muito bom meu bom Tommy!!! adorei, principalmente a parte menciona Mingau e Canabinoico

Agentes da L.O.U.C.A disse...

Obrigado Gus!

É uma tentativa de criar um personagem um tanto ingênuo, bobo, que delira com personagens e situações da contracultura, na real ele é um tanto careta até, mas ele tem motivação e fogo nos punhos, canelas e cérebro e vai levando sua vidinha um tanto monótona, e aí ele também um tanto quixotesco, pq ele pensa que está envolto em sitauções mágicas, aventuras incríveis mas não é bem assim.

Também usei o sobrenome GUBERT da vó pela primeira vez no personagem, que sempre foi só conhecido como Angelo Tomiello, pretendo deesenvolver outras personagens da família Tomiello, daí tive o insight de colher umas histórias com tua mãe, pai e outros pra usar de pano de fundo.

Ass: Tommy Wine & Beer.

PS -ESCREVE SUA COLUNA MISERÁVEL WOOP-WINO!!

Sannio Carta disse...

Agora o blog tá bonito.
Pq ruivinha???

pretissima disse...

pois é. pq????????????????

Sannio Carta disse...

Kkkk... Sabia que a minha amigona ia se manifestar! ^ ^
Super amigões ativar!
Forma de comentário bafônico.

pretissima disse...

hahaha
mas pra falar a verdade, ka entre nós, tb nunca toquei numa ruiva.AINDA!!!!

Sannio Carta disse...

Acho que eu reaprendi algo sobre às mulheres essa semana. E foi o Chico Buarque que escreveu. Mas foi a Bethânia que ditou: "Terezinha".

ps: Preu, eu já toquei uma ruiva!
Um "L" bem grande pra você. 8p