terça-feira, 9 de março de 2010

POR ONDE ANDARÁ STEPHEN FRY? (por Tommy Wine Beer)



Embora promessa pra mim seja como perna de ponta-esquerda habilidoso: ou seja, feita pra ser quebrada.

Começo a pagar agora a minha de tentar escrever algumas linhas sobre a Obra de Zeca Baleiro.

'Por Onde Andará Stefhen Fry' é do longínquo ano de 1997. Tempos em que Zeca ostentava um frondoso picumã.

Albúm de estreia do compositor e cantor maranhense Zeca Baleiro. 13 faixas. Disco de Ouro! Com as especialíssimas participações do cabeça de cebola Chico César, de Robertinho do Recife “o Jimmy Hendrix brasileiro” e do Geni(v)al Lacerda “o Michael Jackson brasileiro”!

A canção que dá nome ao álbum é meio chatinha: (Por onde andará) 'Stefhen Fry'. Num lance de compositor folk, Zeca leu a notícia do sumiço do ator depois de uma apresentação em que foi vaiado e compôs a "moda". Entretanto esse "TEMA" da mostra de um dos maiores PODERES de Zeca: tirar canções de lugares onde ninguém as encontraria. Este rapaz podia assim ser chamado: Zeca Baleiro “O Fugitivo do LUGAR COMUM”!

O disco tem também duas canções “engraçadinhas” que não figuram entre as melhores compostas pelo mestre: são elas ‘Kid Vinil’ e ‘Parque de Juraci’. Apesar de que ‘Parque da Juraci’ dar o mote pra falarmos de um importantíssimo predicado de nosso querido José de Ribamar: o título de maior trocadilhista do cancioneiro brasileiro! Do filme "Jurassic Park" ele mirabolou a canção 'Parque de Juraci'.

As faixas 'Mamãe Oxum', 'Pedra de Responsa' e 'Essas Emoções' demonstram outra faceta marcante dele: a utilização dos riquíssimos ritmos regionais do nordeste (norte também talvez?) brasileiro! O que deságua num lado dançante da sua obra que a torna ainda mais ECLÉTICA, CURIOSA e GENIAL.

'Salão de Beleza' e 'Heavy Metal do senhor' são marcas de outro aspecto característico da obra baleirística: a crítica de costumes, o olhar sociológico que Zeca sempre admirou na canção brasileira e que ele dá uma contribuição importante pra caralho!

Em 'Salão de Beleza' temos a questão da ditadura da beleza padrão, artificial, ditada pelo mercado. Da indústria do Culto aos produtos de beleza. Um certo tipo de Hype que tanto enoja o cara! Essa artificialidade, um certo moralismo estético e até comportamental, um ideal de perfeição que gera muita frustração entre nós simples mortais que não temos a grana ou a disposição da Suzana Vieira ou da Ana Maria Braga pra passar mais tempo deitada em mesa de cirurgia do que numa rede ou "nos pelego" chamegando com nosso "dengo".

Em 'Heavy Metal do Senhor' depreendo uma tirada de sarro com a hipocrisia dos artistas que enveredam pro Gospel Style. Porra, até a Sula Miranda virou cantora gospel! Deixando todos os seus súditos caminhoneiros sem sua rainha! Ninguém tá pela grana quando transmutam-se em ovelinhas do bom Deus! Essa eu acho que vai pro TOP 10 das músicas que mais gosto de Zeca! Chapei mesmo quando ouvi: "Heavy Metal do Senhooooooooorrrrrrr!! E ainda com a Vanderléia no Clip!

'Skap' e 'Dodói' são duas canções lado B que eu amo de paixão! A primeira tem uma melodia tocante, executada ao piano e violino e um jogo de palavras muito charmoso; 'Dodói' é um reggae bem humorado com outra marca do Zeca que perpassa toda sua obra: suas "rimas geográficas”.

Fecho esse trabalho com os dois HITS do disco, onde fica cristalino que Zeca fumou, cheirou e bebeu muito da POESIA BRASILEIRA e em tantos outros compositores-poetas como Bob Dylan.

Bandeira é linda, escolhi dois versos dela de pura sabedoria que podemos tomar pras nossas vidas como um aconselhamento do poeta pra que não percamos nosso precioso tempo: “não quero medir a altura do tombo/ nem passar Agosto esperando Setembro”.

Por fim abordo 'FLOR DA PELE' talvez a obra prima do álbum em questão, e que arrebata o ouvinte no primeiro verso, dentre os mais sublimes da canção romântica no meu modestíssimo entendimento: “ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar”.

Agora é só acessar o site oficial do MALUNGO (
http://www2.uol.com.br/zecabaleiro/) e ouvir!




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