sábado, 13 de novembro de 2010

Um conto hermânico (Sannio)



Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor”
(Los Hermanos)

O vento vira as páginas dos cadernos jogados ao chão sobre as roupas coloridas. Sobre as cores e os xadrezes.

A fumaça do incenso faz a curva na janela semi-aberta do quarto. A cama geme gentilmente. Fazendo esforço pra calar-se.


Um dos braços bate no cinzeiro cheio. Derrubando as cinzas, as bitucas de cigarros. Os restos de papéis amarelados. As bitucas...

Dois corpos curiosos se esfregando, friccionando, sentindo: o rosto da jovem roçando na barba do jovem mancebo. Os pêlos "guevarianos" do "filho tropicaliano" formando ondas nos montes, nas planícies, na relva...
E o rádio, cúmplice da libertinagem bagaceira, sussurrando "Los Hermanos" sem parar.



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Um comentário:

Agentes da L.O.U.C.A disse...

Arbitrariamente, como de costume, classificaria, autoritária e pretenciosamente, como nem sempre de costume, este tipo de escrita de prosa um tanto quanto poética, e via-de-regra, acho muita chata, mas, em especial, o teu texto tem uma coisa meio POP-prosa-poética, sacadas inteligentes e rápidas, com humor... gostei mesmo! É, sou meio suspeito pra falar... tu mesmo me aponta como um "hermânico" né!
E o verso da canção que escolhi como epígrafe, sintetiza um pouco de nossa filosofia em comum, eu acho.
Ass.: Tommy Wine Beer.