quarta-feira, 11 de julho de 2012

III - BLOGUEIROS OTÁRIOS (TOMMY WINE BEER)




Estou de volta ao térreo do sobrado onde rola a festa. Surpreendo-me ao flagrar Paul aos beijos com uma menina de cabelos vermelhos. É isso garotão, perdeu uma batalha, mas não a guerra!

Dirijo-me ao bar. Peço uma cerveja e uma vodca à garçonete. Pego as bebidas e sento-me numa mesinha vaga. Toca um bonito dum “eletro tango” fico sensibilizado pacas.

Uma garota se dirigiu até mim, com um drink de cor exótica.

“Oi, tu é blogueiro também?”

“Ahã.”

“Legal... ah, e o meu blog é... eu o definiria como...”

“A tá...” respondo, falseando desinteresse (me amarro em blogs, na real).

“E como tu definirias teu blog?”

“Ah, meu blog são meus ESFÍNCTERS.”

“Esfíncteres! Uau!, o que significa isso?”

“Acho que é merda, vômito, ranho, remela...”

“Ah, interessante... com licença, eu vou ao banheiro...”

“Ok!”

Dali a pouco dois caras pediram pra sentar junto a mim com seus drinks verdes, as outras mesas estavam todas ocupadas. Assenti com a cabeça que sim. Eram dois estudantes de letras. De repente, criaram uma polêmica, discutiam calorosamente, por causa do som alto eu não entendia qual o assunto da disputa. Um dos caras chamou minha atenção:

“Ei, você acha que vai crase na seguinte sentença...?”

“Crase?!”

“É acento diferencial... contração do a artigo... veja bem, é um caso clássico de FACULTATIVIDADE... não acha?”

“Senhores, minha técnica de verificação de crase é bem simples.” Tirei uma moeda de 50 centavos do bolso. “É assim ó: cara vai crase; coroa, não vai.” Joguei a moedinha pra cima, aparei-a no ar, olhei e disse: “Coroa! Então sou do parecer que não é caso de crase! Certo rapazes?! E com licença que vou dar uma mijada.”

Aquela foi demais! Fui dar uma mijada.

Na saída do banheiro encontrei o Paulinho, acompanhado de duas garotas. Uma ruivinha balofinha, de piercing, camiseta do The Cure. A outra era uma mulatinha de cabelo raspado, alta e camisa xadrez.

“Tony! Tony! Eu tava te procurando rapá! Estas duas moças querem conhecer um pouco mais de nossas almas atormentadas! Senhoritas, este é o grande colunista dos Sandynistas: o senhor ‘Tomas Vodka?’ Olha essa é Tina e essa outra a Nanda! O que meninas? Ah, o contrário! Bem, não isso não é importante mesmo... vamos Tony, lá pra cima!

“Olha Paul, já passa das DUAS. Eu vou nessa, trabalho amanhã! Lembra?”

“Cara tu não ta entendendo! Com licença garotas, só um instante...” Paulinho me conduziu até a porta do banheiro, e com um semblante colérico me disse:

“Caralho, velho! O que deu em ti cara? Bebeu água da privada? Fumou maconha estragada? Cara aquilo ali são XOXOTAS! Elas querem SEXO! Uma surubinha amistosa, sem transgressão homossexual de nossa parte! Porra!, eu te coloco numa barca dessas, e tu o que vai fazer? Dar pra traz? Go ahead Sandynistas!”

“Não vou participar não.”

“O que?”

“Eu amo a Malia cara!”

“Ah, vai pro inferno seu bicha!...”

Lá foi o homem-foda. Revoltado! Mas ele que vá se foder!

“Garotas vocês não vão acreditar! O meu amigo é uma bicha! Esqueçam esse cara! Eu dou conta de vocês sozinho, vamos lá pra cima! Pra dark room hehehe...!” Era a risadinha nervosa do Paulinho.

“Ei cara nada feito, sem o outro cara NÃO VAI ROLAR!” Disse a garota negra.

“É isso aí!” Ratificou a ruivinha. E foram embora. Quiçá procurar uma dupla de pirocas harmônicas.

“Ah suas putas! Levem essas vaginas fedidas daqui!” Paulinho virou-se pra mim, e com o dedo em riste praguejou: “E tu sua bicha... punheteiro de internet!... Tu é um traidor de uma figa!"

“Ah cala boca cara! Cala essa boca suja! Fiz um puta favor pra ti e esse teu twitterzinho hehehe!” Disse aquilo sem pensar. Tava com raiva também!

Parecia que eu havia abaixado as calças do Paulinho ali no meio do salão. Ele ficou DESCONSERTADO. Vermelho como o Beira em dia de grenal.

“Que porra de história é essa? Tu sabe que eu não tenho essa porra de twitter! Quem te falou de twitter?”

Eu ria. Tinha um sorriso maligno em meu rosto.

“Twitter é um micro blog... hehehe... uma analogia simples Paul...micro hehehe!”

Os olhos do Paulinho estavam MAREJADOS. Ele chorava.

“Tu ta ficando maluco cara. Muito tempo sem foder! Acho que é isso!”

Eu só ria e ria, como um bêbado idiota, como um RETARDADO.

“Tu vai me pagar caro por isso punheteiro de merda!” Ao dizer estas palavras ele se retirou foi até o bar. Pegou uma vodca. Depois foi falar com o DJ. O DJ parou o som, pegou o microfone e pediu a atenção do público:

“Pessoal, um minuto de sua atenção, por favor! Esse cara parece que vai ler alguma coisa, ou melhor, parece que ele vai declamar uns versos de memória em homenagem ao seu camarada e colega de blog, o senhor Tomas".

GELEI! Meu corpo tremia por inteiro. O que aquele filho-da-puta iria dizer?

“Boa-noite pessoal... bem, meu nome é Paul e quero dizer umas palavras sobre o grande, o grande CYBER-PUNHETEIRO que não fode ninguém, o Tomas, aquele cara lá, perto do banheiro, lá ó, perto daquelas sapatonas ali. Esse cara tem uma garota que mora em Angola, e eles ficam se masturbando na webcam! Que coisa doentia!...”

As pessoas começaram a me olhar. Grande parte começou a rir. Descalcei meu sapato número 43 e lancei-o na intenção de acertar o filho-da-puta do boca de sacola. Errei feio. E o sapato atingiu em cheio os babacas que tinham me abordado por causa de uma dúvida sobre crase, e naquele momento estavam no maior amasso. E o Paulinho continuava dizendo tudo quanto é porra contra mim. Corri até a mesa do DJ.

“Cala boca cara!” Disse pra ele. Ele nem ligou. Seguiu dizendo que eu não dava uma trepada à quase um ano. Então eu puxei o microfone da mão dele e disse:

“A piroca desse meu amigo aqui tem um apelido carinhoso dado pela nossa anfitriã da festa, a Mary Bandini, ou Fante, sei lá, enfim, o que interessa é que eu tava passando pq eu comi um cachorro-quente do Élio e precisava um lugar tranquilo pra cagar, e fui ao quarto dessa puta e fiquei no banheiro escondido, e ouvi-a chamar a piroquinha do cara de twitter... hehehe... micro-pau!... hehehe”.

“Ah então foi tu que limpou a bunda na minha colcha e nem sequer deu a descarga!” Enquanto ela gritava e tinha um chilique, eu me distraí e o Paulinho me desferiu um puta soco no queixo. Nocaute!

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