domingo, 17 de fevereiro de 2013

Cidade Grande (Sannio Carta)



Cuspia a franja dos lábios, enquanto o meu primo ligava o rádio do carro.
E nos preparávamos para dar mais uma volta inútil. Pelas ruas semi-desertas de Tapes.
 “I 'm creep..."
- Deixa nessa!... 
- Tapes é foda!
- Não tem porra nenhuma pra fazer!
- Tô louco pra sair daqui!
Vai dizer Sannio?
"Uuuuhhhuuulll...”
- O que tu disse Patrício?
- Nada! Pff...
Coço a cabeça raspada a zero.
E  desvio dos lábios, os longos fios loiros que a fumaça da carrocinha atrás de nós, joga para cima.
"Ela" assiste em silêncio o show da "bandinha" na rua principal de Tapes.
Enquanto eu penso se devo lhe abraçar ou não.
Ainda desacostumado a não estar só.
Em seu íntimo, ela anseia pela cidade grande. 
Eu, por uma música menos insuportável.
E assisto a minha própria arrogância escorrer pelos meus ouvidos.
Penso em escrever algo memorável, e escrevo isto.
Lamentável, que apenas a melancolia me inspire. Que a falta de sofrimento me torne um escritor medíocre, como a maioria dos jornalistas que escrevem para o "grande jornal circular do estado".
E sinceramente, eu não pretendo chupar o pau do "G. Lima", só para me tornar respeitável.
Fodam-se!
Vou buscar um latão de cerveja e esquecer o quanto eu sou feliz.
Fim do texto.
Fim das noites vazias.
Balbucio "Shiver" do Coldplay e me preparo para buscar refrigerante, enquanto ela dorme em sua cama king sise, quadras daqui.
Fedendo a tempero, Patrício cozinha algum churrasco paulista em outra capital.
Fim!

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