sábado, 27 de julho de 2013

A Flor de Lindas Pernas (por Felipe Mutley)


Enquanto eu te beijo

O beija-flor beija a flor

Tranqüilo e sem desejo

Ah, beija-flor, eu te invejo

Tu vens quando quer

Ela sempre te espera

Mas minha flor não tem raízes

Tem lindas pernas

Mas oh, de que adianta?

Se está sempre com pressa...


Entre pútridas putas

Portadoras de beleza profana

Estamos nós

Presos à correnteza da cama

Os mesmos nós

Que nos levam à franqueza

São aqueles da fraqueza

Que acabrunha a nossa vontade

Corramos inúteis!

Antes que seja tarde

E a pedra despenque

Do branco de rosas fúteis

Exaladoras de odor anestésico

Desta vez sem segredo

Da miséria do inevitável, fujo

Mecânico e com medo

Atiro-me ao antro do amor sujo


Fiz um buraco na transparência da minh’alma

Deixei que saísse aquele vácuo coagulado

Mas na audiência com meus monstros

Cheguei dez minutos atrasado

Veredito: culpado

Não perdi a calma e acatei a pena

Prendo para sempre os monstros em minha alma

E nunca mais vou deixá-los fazer cena