sábado, 14 de agosto de 2010

"Love In The Afternoon" (Sannio)


Antes das grandes descobertas. Das infinitas bebedeiras. E das mentiras inocentes. Já perdendo a inocência... Houve um tempo em que eu era relativamente feliz.
Feliz com as pequenas descobertas. Que hoje, me são tão grandes.
Tinha mudado a pouco de colégio.
E vários dos rostos pré-adolescentes conhecidos, também, migraram comigo.
Mas havia também novos rostos.
Centenas de vulcões hormonais desconhecidos.
Novos, frescos (no bom sentido), esperançosos e sonhadores.
Centenas. Talvez milhares!
E eu era só aquele cara que sentava no fundo da sala. Rabiscando sob as classes.
O estereótipo do menino introspectivo.
Que em um belo dia de sol decide atirar em metade da turma.
Mas esse texto, não é sobre mim (pasmem).
Pouco a pouco, meu senso de humor ácido e debochado vinha me soltando para o convívio social “civilizado” (nem tanto).
(Alguém quer lembrar a esse cara, que esse texto não é sobre ele?!)
Mas mesmo eu sendo uma das últimas opções em uma “reunião dançante” (o quê???).
Você me notou.
Confesso que eu não me lembro do seu nome (típico).
Nem do ano exato que se passa essa história (conveniente)
Mas eu me lembro do seu nariz arrebitado, da sua palidez quase “vampírica”. Dos seus cabelos “castanhos Coca-Cola”. Não muito compridos (que eu achava “modernoso” para a época).
E me lembro muito bem dos seus lindos olhos “agateados”.
Na época, sua personalidade do tipo Tom Sawyer ou Bart Simpson em versão “female”, não me parecia tão interessante (é por que eu sou uma besta).
Poucas foram às vezes que nos falamos.
Hmmm... Não foram tão poucas.
Você sempre dava um jeito de chamar minha atenção.
Me chamava à atenção no refeitório. Falando alto e gesticulando. Me deixando mais vermelho que um dia de jogo com estádio lotado no Beira-rio.
Me chamava à atenção na aula de educação física.
Me olhando como se eu fosse uma lata de atum e você uma gata de rua em um beco escuro.
Me chamava à atenção nos corredores. Na frente dos meus colegas. Só para eu ser “zoado” o resto da aula por eles (era o que pensava na época).
Me chamava à atenção na biblioteca. Quando eu tentava, com algum sucesso, fazer um trabalho idiota de uma matéria qualquer.
Lembro de uma tarde em especial: eu havia comprado folhas azuis com linhas. Para tentar deixar a minha letra mais agradável aos olhos.
Você até elogiou a minha letra. Mas vindo de você não era surpresa. E era até um pouco suspeito...
E você estava tão lindinha aquela tarde.
Pela primeira vez, desde que a conheci havia sido difícil me fazer de difícil com você (e com qualquer outra).
A gente quase se beijou uma vez.
Você sempre tão esperta. Deu um jeito de nos trancar em uma das salas de aula da escola.
Mas invadiram a sala. Antes que eu tivesse tido a coragem de ti beijar (que puxa!...).
Algum tempo depois fiquei sabendo por amigos que você havia ido à praia. Escondida de seus pais.
Você deveria gostar de ir até onde “dava pé”. No limite.
Infelizmente, os limites a natureza são bem maiores que os nossos.
E você jamais voltou.
Você foi à primeira garota que gostou de mim. E se você pudesse espiar meu coração com a mesma maestria que espiava meus passos, saberia que não estava só!

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo e triste como uma garrafa de Heineken estilhaçada.

ah?Pergunte a areia da praia de Tapes e ela sussurrura seu nome...
Tommy Wine Beer.